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Viajando nas Entrelinhas: “Big E” em palavras (parte 1)

Redação Webventure/ Montanhismo

Apesar de sempre ter sido um ícone no imaginário coletivo e o desafio máximo para os montanhistas, o Monte Everest (8.848 m), no Himalaia, ficou tristemente popular a partir da tragédia havida em setembro de 1996 e narrada no best seller No Ar Rarefeito, de Jon Krakauer, já comentado nesta coluna, quando 15 escaladores foram vitimados por uma terrível tempestade.

Agora, “The Big E” volta às manchetes do mundo inteiro com a recente descoberta do corpo de George Leigh Mallory, legendário explorador desaparecido no Everest há 75 anos, merecendo edições especiais de livros e manchetes nas mais renomadas revistas do gênero.

Isto porque, até hoje, um dos maiores mistérios do montanhismo é a dúvida sobre se George Mallory e seu companheiro Andrew Comyn Irvine teriam de fato chegado ao cume do Everest ou teriam desaparecido antes de alcançá-lo. Buscando a resposta desta pergunta, a 1999 Mallory and Irvine Research Expedition subiu ao topo do mundo para encontrar a câmara fotográfica da dupla, na qual possivelmente haveriam imagens do cume caso lá eles tivessem chegado. Comprovado tal fato, Mallory e Irvine teriam realizado uma notável façanha para a sua época (1924) e destronariam Sir Edmund Hillary e Tenzing Norgay como os conquistadores oficiais do gigante de pedra desde 1953.

Assim, quanto às revistas internacionais especializadas que abordaram o tema, destacamos o número 188 (setembro/99) da Climbing – The Everest Issue, trazendo um completíssimo dossiê sobre a montanha e os principais fatos e personagens da sua história, bem como a não menos famosa revista Outside, edição de outubro de 1999, ambas norte-americanas e encontradas no Brasil nas bancas especializadas.

A versão brasileira – Já sobre livros, selecionamos dentre o limitado número de autores nacionais as narrativas de Thomaz Brandolin sobre a pioneira expedição nacional ao Everest (Everest – Viagem à Montanha Abençoada) e aquela escrita por Waldemar Niclevicz (Everest – O Diário de uma Vitória), que com Mozart Catão foi um dos dois primeiros brasileiros a pisar no alto da maior montanha da Terra.

De Niclevicz temos também Everest Sagarmatha Chomolungma, obra bilíngüe em português-inglês e que foi elogiada pela própria Climbing em razão das belíssimas fotografias do Himalaia.

Pelo mundo – E como fonte de excelentes livros sobre o assunto, inevitavelmente precisamos recorrer à literatura estrangeira. Abordando o ocorrido na fatídica temporada de 1996 surgiram diferentes versões publicadas por aqueles que dela sobreviveram. Para quem gostou de No Ar Rarefeito, a dica principal é a luxuosa atualização Into Thin Air: A Personal Account of the Mount Everest Disaster (llustrated Edition), de Jon Krakauer, agora com mais de 400 páginas, 250 fotos e um adendo especial onde o autor responde às críticas de Anatoli Boukreev, guia de alta montanha no Everest e que foram feitas no livro A Escalada, o qual é excelente opção para quem quiser saber o outro lado da história.

Best seller na Dinamarca, terra da autora, indicamos como rara perspectiva feminina sobre o montanhismo o recente livro Climbing High: A Woman´s Account of Surviving the Everest Tragedy, de Lene Gamelgaard, no qual esta cliente da expedição de Scott Fisher reconta os intermináveis momentos passados acima dos 8.000 metros durante a tempestade de 96. E para quem gosta de fotografia, David Breashears, líder do grupo que ajudou no resgate dos montanhistas, revela o resultado da Expedição IMAX no belo livro Everest: A Mountain Without Merci, cuidadosa edição em grande formato da National Geographic e com ótimo preço via internet.

Mudando para escritos mais amenos, também de David Breashears em parceria com Jon Krakauer temos High Exposure: An Enduring Passion for Everest and Unforgiving Places, incluindo reminiscências de 11 expedições ao Everest e incontáveis escaladas pelo mundo. Em The Cristal Horizont: Everest – The First Solo Ascent, Reinhold Messner, um dos maiores montanhistas de todos os tempos, nos conta neste clássico livro como foi o primeiro homem a vencer sozinho e sem oxigênio os 8.848 metros do Everest.

Seleção – Em High: Stories of Survival fom Everest and K2, Steve Jenkins faz uma seleção de emocionantes histórias ocorridas nestas duas montanhas em quase um século de escaladas e, dando espaço para o espanhol, Peter Gillman escolhe textos clássicos e fotografias em Everest da Desnivel Ediciones, especializada em montanhismo e já com representação no Brasil.

Sem deixar de fora o enigma de Mallory e Irvine, de David Breashears (sim, de novo ele!) e Audrey Salked, temos Last Climb: The Legendary Everest Expeditions of George Mallory numa ótima edição pela National Geographic recheada de fotos em grande formato. E finalizamos (ufa!) com os membros da expedição que encontrou Mallory: The Lost Explorer: Finding Mallory on Mt. Everest, de Conrad Anker e David Roberts, Ghosts of Everest – The Search for Mallory and Irvine, de Jochen Hemmleb, Larry A. Johnson e Eric Simonson e Lost on Everest – Search for Mallory and Irvine, de Peter Firstbrook.

Assim, dentre as inúmeras obras disponíveis sobre a maior das montanhas (e antes de ser afetado de forma irremediável pela altitude…) creio ter oferecido aos leitores sugestões suficientes para refrescarem o verão que está chegando…

Veja também:

Especial Everest (parte 2) – serviços

Este texto foi escrito por: João Paulo Lucena

Last modified: fevereiro 21, 2017

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