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Diário do Bravo: depois de sufoco, maré tranquila

Redação Webventure/ Vela

Matias Eli chega em La Reunion (foto: Matias Eli/ Arquivo pessoal)
Matias Eli chega em La Reunion (foto: Matias Eli/ Arquivo pessoal)

Cá estou eu em La Reunion, território francês muito mais perto de Madagascar do que da Espanha. A passagem foi moleza, nem parecia o “encapetado” Oceano Índico que tenho encontrado desde que entrei em suas águas pelo estreito de Torres. 20 horas de um passeio esplendido entre Maurícios e La Reunion. Mas não quero me desviar do que eu queria lhes contar hoje.

Tenho pensado muito na minha família. Em abril desse ano sai do Brasil com destino a Fiji para concertar o que foi o desastre do meu encontro com um recife afiado nas costas de Fiji. Demorei um mês para por o barco na água e mais três meses para chegar na Austrália, quando me dei umas férias de 10 dias e fui visitar minhas “minas de Sampa”. Foi uma visita muito curta, mas valeu a pena, pude matar as saudades das minhas princesas, Marina e Sofia e da minha rainha Carol. Voltei para o barco e desde então só as vejo pelo Skype (com um “delay” de pelo menos 2 segundos, parece pouco, mas é irritante!).

A marina em Le Port era bem ruinzinha, portanto depois de uma regata que corri num barco de Maurícios, me despedi de Le Port e me mandei para Saint Pierre. Assim de fácil, tinha uma semana grátis na marina, portanto foi só tomar a decisão e soltar as amarras. A viagem para Saint Pierre demorou mais do que eu esperava, pois tive que navegar contra o vento e com uma corrente forte que vinha na direção contraria e que ficava cada vez mais forte à medida que a profundidade aumentava e eu me afastava da costa de La Reunion. Lembrou as velejadas em Ilhabela em dias de regata no canal.

Famoso ? – Saint Pierre e bem legal! Ruas estreitas com lojinhas, ótimos restaurantes e gente falando francês nas ruas. Cidade a beira mar com uma onda enorme que quebra na entrada da marina e que leva ao desespero os comandantes das embarcações que tentam entrar e sair do porto, mas que fazem a alegria dos surfistas que entram e saem dos tubos como se estivessem montados em um jet-sky e não numa prancha.

Na marina conheci o Ian que me ajudou a concertar o guincho da âncora que havia parado de funcionar. O Ian é francês, mas mora em La Reunion há 30 anos, deve ter uns 40 anos e tem dois filhos. Mora num barco, mas a mulher dele mora com os filhos em uma casa aqui mesmo em Saint Pierre. Segundo ele, tem um ótimo relacionamento com a mulher e só não mora com ela e com os filhos, pois a vida está boa de mais para arriscar uma mudança. Apesar da gripe, que me assola, aceitei o convite para umas “copas” no barco do francês.

Alias, aqui vale um parêntese, pois em nenhum lugar do mundo o navegador é melhor recebido do que em Maurícios e em La Reunion. Por aqui somos quase heróis e os barcos ficam todos encostados no píer, que fica lotado de gente tirando fotos e querendo entrar no barco para conhecer e tirar mais fotos. As tripulações dos barcos locais também são super prestativas, como o Ian que concertou meu guincho de graça e ainda me deu de beber a noite. A vida anda boa! Como diz o meu novo amigo. Mas por outro lado a saudades das “minas” chega a doer e precisava partir para “La Reunion”.

Este texto foi escrito por: Matias Eli, especial para o Webventure

Last modified: dezembro 13, 2010

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