Rio de Janeiro – A conquista da via “Quarta Dimensão”, na face sul do Corcovado, no
Rio, entra em sua fase final e mais difícil. Os escaladores Hildson Santana e Alexandre
Fitaroni preferem não mais fazer planos para a chegada à estátua do Cristo Redentor, no
topo da montanha. A dupla entrou ontem (06/04) em um trecho de rocha dura, com um
grau de dificuldade bem acima do esperado. Hildson, que guiava a escalada, passou todo
o dia conquistando um trecho de diedro difícil. “Ele levou mais de uma hora para fincar
um só grampo”, contou Alexandre, ontem à noite, da base montada ao pé da via.
As dificuldades só devem aumentar. Logo acima do diedro encontra-se um trecho em
negativo que os escaladores devem encarar ainda hoje. É o último da via. Depois são
apenas alguns metros até a mureta que cerca a estátua do Cristo Redentor. “Tudo vai
depender do tempo que vamos levar para colocar os grampos na rocha dura”, explicou
Alexandre. A furadeira tem sido reservada apenas para os furos de cliff – os grampos
estão todos sendo fixados a mão.
Sobre a qualidade da nova via de escalada, Alexandre é bem taxativo: “Estamos fazendo
uma via de grande dificuldade técnica, basicamente de furo de cliff com alguns lances em
livre. Ainda não temos certeza, mas a impressão é de que esta vai ser a mais longa de
todas as vias da face sul do Corcovado.”
Ambos optaram por não pernoitar no portaledge que permanece armado em um pequeno
platô, bem no meio da parede. Nos últimos dias, o cotidiano da dupla tem sido acordar
cedo, por volta de cinco horas, tomar um reforçado café da manhã e subir até o final do
trecho conquistado. Até o momento todas as guiadas têm sido feitas por Hildson,
escalador com maior experiência em big-wall. Mas, a partir de hoje, Alexandre deve guiar
a parte final da via.
Poluição – Mesmo concentrados na escalada, os alpinistas não deixam de criticar o
descaso com a sujeira que vem se acumulando na encosta do Corcovado. “A base da
parede está imunda! Cheia de flashes descartáveis, latas de bebidas, sacos plásticos…
um horror!”, desabafou Alexandre. Os detritos são o acúmulo de anos de lixo atirado
pelos turistas e também pelos restaurantes do Cristo Redentor. “É muito triste escalar
uma parede maravilhosa como a face Sul e encontrar em plena via latinhas de refrigerante
que devem estar a mais de 10 anos ali.”
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Este texto foi escrito por: Gustavo Mansur
Last modified: abril 7, 1999