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Cela relata as tribulações do Brasil no Latino

Redação Webventure/ Rafting e canoagem

“Passamos dez horas presos – literalmente – numa sala do aeroporto de Dallas; chegamos ao hotel na Costa Rica à 1h do dia da prova; cada vez que caíamos na água era um teste.” O rafteiro Fernando Cela, da equipe catarinense Ativa Rafting, pode ficar horas contanto as tribulações do Brasil no Latino-Americano, encerrado no último domingo. A falta de verba levou a uma participação conturbada que, por pouco, não foi desastrosa: o Brasil ficou em terceiro, mas está fora do Mundial de 2.000. Em entrevista à Webventure, Cela assume: “Se a Canoar e a Ativa tivessem ido completas, seríamos primeiro e segundo colocados no campeonato.”

Webventure – Parece que vocês fizeram milagre para chegar ao terceiro lugar diante de tantos problemas. O que tanto deu errado no Latino?

Fernando Cela – Tudo dizia que não era para irmos. Primeiro, a falta de dinheiro fez a gente juntar em cima da hora duas equipes de estilos bem diferentes, a Canoar e a Ativa. Nunca tínhamos remado juntos.

Webventure – Até para chegar a Costa Rica houve prolemas…

Fernando Cela – Em São Paulo, a Polícia Federal estava no aeroporto e um colega resolveu registrar a câmera fotográfica em cima da hora. Perdemos o vôo para Miami. Fomos parar em Dallas e ficamos 30 horas presos – literalmente – numa sala do aeroporto, com guardas, porque não tínhamos visto. Então embarcamos para a Costa Rica. Só chegamos ao hotel à 1h local, 5h no Brasil, que era o nosso horário. A prova começaria horas depois…

Webventure – Como foi o desempenho em cada prova?

Cela –
A primeira foi a Velocidade, com 15km. Ficamos em terceiro lugar no geral, depois de repetir a prova por erro dos juízes. Depois veio o Sprint e outro terceiro lugar. Foi um milagre, porque cada descida nossa era um teste. Cada um hora ocupava um lugar no bote. Por isso achamos que iríamos muito mal no segundo dia, que era o Slalom, a prova que exige mais conjunto. Tínhamos direito a uma descida de reconhecimento e fomos péssimos, esbarramos em quatro portas. O (José Roberto) Pupo ficou louco da vida. Então respiramos fundo e zeramos nas duas descidas que valiam. Ficamos em segundo, atrás da Costa Rica.

Webventure – Isso garantiria a vaga.

Cela – Pois é. Bastava ir bem no último dia, no Down River (descida de 14km). A tática era ir atrás do México ou da Costa Rica, que conheciam bem o rio. Tudo normal, até que apareceu a primeira ilhota. O México foi para a direita e a Costa Rica, para a esquerda. Fizemos a segunda opção e nos demos bem, ultrapassando o México. Acontece que foi 1h06 remando sem parar, num rio com altas curvas, altos remansos. Chegou uma hora em que acabou o gás e os mexicanos nos passaram. Terminamos 30 segundos atrás deles e um minuto depois dos costa-riquenhos.

Webventure – No fim das contas, como você avalia a participação?

Cela – Foi um resultado muito justo, porque o México e a Costa Rica treinaram muito. Ficar em terceiro valeu porque agora vão perceber que com um pouquinho mais de apoio podíamos estar no Mundial.

Webventure – Não tem outro meio de ir ao Mundial?

Cela – Só se houver alguma manobra devido ao excelente sétimo lugar da Canoar Master no Mundial deste ano. Este critério é engraçado porque os EUA e o Canadá já têm duas vagas garantidas, sem competir, e a América Latina toda briga também por duas vagas. Esperamos que algo mude nas regras internacionais.

Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira

Last modified: novembro 3, 1999

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