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Saiba como escolher um caiaque

Redação Webventure/ Corrida de aventura, Rafting e canoagem

Estabilidades (foto: Arquivo/ Christian Fuchs)
Estabilidades (foto: Arquivo/ Christian Fuchs)

Desde que comecei a remar, olhava sites gringos, via vários tipos diferentes de caiaques e ficava imaginando como seria remar neles.

Ainda hoje, a falta de informações técnicas adequadas e principalmente a falta de oportunidade de se testar caiaques diferentes ainda faz com que esse tema seja obscuro, na hora de se comprar um caiaque.

Para tentar ajudar o remador nessa difícil hora da escolha do barco ideal e não cair no papo do primeiro vendedor, que vai querer empurrar o que ele tem pra vender e não o que seria melhor pra você. Vamos tentar esclarecer as principais características dos cascos de caiaques (que é o que “funciona” no caiaque), e suas aplicações.

  • Estabilidade
  • Antes de partirmos pros cascos, precisamos entender os dois tipos de estabilidade de embarcações (Veja a foto 1 ao lado):

    Primária É a estabilidade que sentimos quando sentamos num caiaque em águas calmas. Um casco plano tem maior estabilidade primária, já um casco redondo ou em V tem menor.
    Secundária É a estabilidade que sentimos quando o mar começa a ficar agitado ou a capacidade do caiaque retornar à posição inicial, após uma inclinação lateral (adernamento). Nesse caso os cascos redondos e em V levam vantagem.

  • Características principais
  • Comprimento Quanto mais comprido o caiaque (na verdade maior linha d´água), mais rápido ele fica e mais ele mantém a linha (tracking) . Quanto mais curto, mais lento e manobrável ele é.
    Largura, ou boca máxima quanto mais largo, maior estabilidade primária, mas mais lento. Quanto mais estreito, mais instável e rápido ele se torna. (Veja a foto 2 ao lado)

  • Tipos de Casco
  • Olhando um pouco mais em detalhes, vamos analisar a secção transversal e a longitudinal do casco.Cortando o caiaque perpendicular ao seu comprimento, existem basicamente três formatos de casco: planos, redondos ou em “V”.

    Casco plano: Tem alta estabilidade primária, mas baixa velocidade. Ideal para pescaria, fotografia, recreação em águas tranqüilas, etc. Sua estabilidade secundária é baixa, isto é, quando o mar está agitado, ele acompanha toda a agitação do mar.
    Casco redondo: Estabilidade primária baixa, mas alta secundária, tem maior velocidade.
    Casco em V: Estabilidade primária média, alta secundária e boa velocidade.

    Tanto os cascos em V quanto os redondos proporcionam maior velocidade e têm maior estabilidade secundária, isto é, absorvem melhor o balanço do mar. Remadores mais experientes, que desejem velocidade e dominam técnicas de apoio e pretendem encarar condições de mar mais agitado, geralmente preferem cascos com essas características. Ou na verdade, uma mistura entre eles, dependendo da característica desejada. Um casco de caiaque oceânico geralmente tem a popa e a proa em V, com uma transição redonda até uma parte mais plana no centro.

  • Curvatura
  • Olhando agora o caiaque de lado, a curvatura da popa para a proa (frente para trás), se chama rocker ou curva de casco. Quanto mais rocker (mais curvo), mais o caiaque manobra e menos ele anda. É o caso de caiaques para descida de rios (águas brancas), que são feitos para manobrar entre pedras (Foto 3).
    Quanto mais plano, mais rápido ele é, melhor mantém o tracking (menos manobrável). Caso dos caiaques oceânicos para travessias (Foto 4).

    Exemplos: Se eu quero um caiaque para pescar, ele teria que ser aberto (maior mobilidade), bastante estável em águas paradas (fundo chato e largo, uns 70 cm) e curto (por volta de 3 m) para fácil transporte, já que a minha prioridade é estabilidade e transportabilidade e não desempenho.

    Se eu quero um caiaque pra longas travessias, provavelmente eu precise um caiaque mais rápido (com comprimento acima de 4,3m), mas não tão estreito para se tornar instável (de 56 a 62 cm), que tenha bom tracking (rocker plano) pra andar reto.

    Se um vendedor disser que o caiaque dele é rápido, muito estável, manobra bem e é ótimo pra longas travessias, desconfie! Ninguém faz milagres!

    Este texto foi escrito por: Christian Fuchs

    Last modified: abril 23, 2011

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    Redação Webventure
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