Porque visitar a Patagônia chilena?

Redação Webventure/ Aventura

Quem vive na correria de uma grande cidade sabe a falta que faz encarar aventuras em meio à natureza. Em 2018 tive uma experiência que me marcou muito e que nunca imaginei viver. Hoje vou contar um pouquinho de como eu, uma pessoa que gosta de novos desafios, mas que não tem tanto preparo para isso, enfrentou uma verdadeira aventura em um dos lugares mais bonitos do planeta.

Há alguns anos visitei o Chile pela primeira vez, mas como toda boa turista fiquei apenas fazendo programas clichês em Santiago. A viagem foi maravilhosa, mas senti que não consegui explorar tudo o que o grandioso Chile pode oferecer. Foi então que em 2018 meu namorado e eu pesquisamos sobre a Patagônia e decidimos que era hora de vivermos essa aventura.

A Patagônia localiza-se na Argentina e no Chile. Seus limites mais ao norte começam no Chile na região de Puerto Montt, e na Argentina na mesma latitude, na região de Bariloche (Nos Andes) até a Península Valdés, no Atlântico. Com tamanha extensão, ela pode ser dividida em três grandes áreas: Patagônia Atlântica, Andina e Austral. 

A minha viagem começou muito antes de chegar lá, preparando roteiros e comprando alguns itens que eu sabia que seriam essenciais para fazer as famosas trilhas no Parque Nacional Torres del Paine, como bota e roupas adequadas para (muito) frio.

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Com malas, roteiro prontos e muita ansiedade partimos de São Paulo para a nossa primeira parada: Santiago, sim a forma mais fácil e talvez a única para chegar na Patagônia chilena é indo antes para Santiago. Depois disso, em uma viagem de 3 horas em um avião pequeno, chegamos em Punta Arenas, uma cidadezinha portuária nas proximidades do Estreito de Magalhães.

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Águas geladas em Punta Arenas, um dos acessos naturais entre o Oceano Pacífico e o Atlântico.

Lá em plena primavera já pudemos sentir todo o frio que enfrentaríamos nos dias seguintes (chegamos a pegar -2ºC com sensações bem abaixo disso), depois de algumas horas explorando Punta Arenas fomos em direção ao nosso “quase” destino final em Puerto Natales, a mais ou menos 240 km a noroeste de onde estávamos. Essa cidade parece ter saído de um filme antigo e é o principal ponto de entrada para os visitantes do Parque Nacional Torres del Paine, o nosso destino final.

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No nosso primeiro dia em Puerto Natales pudemos explorar uma cidade que não chega nem a 20 mil habitantes e logo percebemos que a cidade praticamente não funciona durante o dia, pois todos os turistas estão dentro do parque fazendo trilhas, acampando ou visitando as geleiras. Quando a tarde começa a cair a cidade começa a viver, restaurantes abrem e o lugar frio começa a ganhar calor humano.

No dia seguinte partimos para o famoso e um pouco distante Parque Nacional Torres del Paine. Pegamos o carro e dirigimos por mais ou menos 2 horas para chegar na entrada do parque e conseguir pagar pela entrada para os próximos dias. O parque é enorme, tem uma área aproximada de 242 mil hectares, por isso você pode facilmente se perder lá dentro e sinais de GPS e celular são inexistentes, por isso mapas são muito importantes. Além das Torres del Paine, algumas das principais trilhas e passeios que fizemos durante os três dias foram:

  • Passeio de barco pelo Lago Glaciar Grey

O passeio acontece num catamarã que sai todos os dias das margens do lago Glaciar Grey e vai até as geleiras, com duração de mais ou menos 3 horas. Depois da vista o mais legal é que no meio do caminho é possível ver bem de pertinho pedaços enormes de gelo que desprendem da geleira.

Glaciar Grey

Glaciar Grey

  • Trilha pelo Lago Pehoé e Salto Grande

É possível ver uma cachoeira com água de degelo que separa o Lago Nordernskjöld do Lago Pehoé.

Salto Grande Cachoeria

Salto Grande Mirador

  • Mirador Cuernos

Essa caminhada é linda e bem fácil de fazer, leva em torno de 1 hora para chegar ao destino final. No meio do caminho você verá uma prainha com areia preta e vale a pena parar para admirar a paisagem. Ao final da trilha a vista é simplesmente maravilhosa, talvez o melhor ângulo para ver os Cuernos del Paine.

Mirador Cuernos

Mirador Cuernos

Só de entrar no parque e ver as montanhas de longe já vale a pena, mas tire um tempinho para pesquisar quais passeios você quer fazer e o mais importante pesquise os níveis de dificuldade de cada um.

Torres del Paine

Chegou o grande dia! Estávamos muito ansiosos e confesso que com um pouco de medo do dia em que faríamos a trilha para ver as Torres del Paine, mesmo fazendo o percurso considerado moderado o desafio foi grande e cansativo. As torres ficam a 20 km da base da montanha, então são algumas horas para subir até lá e mais algumas para descer. Algumas pessoas preferem fazer a metade e acampar para continuar no dia seguinte, mas como boa teimosa que sou, quis fazer tudo no mesmo dia.

Chegamos na base da montanha por volta das 9 da manhã equipados com água, refrigerante, chocolates para dar energia e algumas latas de atum para almoçar. Não espere encontrar lojinhas de conveniência no trajeto, a única forma de usar banheiro e conseguir comprar alguma coisa é na metade do caminho, num camping, então esteja preparado para não passar nenhum perrengue. Ah e lembre-se, todo o lixo que você produz tem que voltar com você, então leve apenas o que for consumir ou ficará com peso à toa.

Eu divido o percurso em 3 partes que apelidei carinhosamente de:

  1. Subida das rochas
  2. Caminho para apreciar as montanhas
  3. Pirambeira das pedras com neve

São nomes carinhosos e engraçados que me ajudaram nos momentos que pensei em desistir e voltar correndo para o carro. Na primeira parte você percorre mais ou menos 3 km entre se apoiar em pedras e tropeçar em raízes. Essa parte pareceu uma eternidade e quando acabou eu fiquei tão aliviada que precisei parar um pouco para apreciar a vista. Na segunda parte o caminho era mais tranquilo sem muitas subidas, e é aí que tem o camping que você pode usar para comer e pagar para usar o banheiro. Essa parada é essencial para recarregar a energia já que o “pior trecho” está por vir.

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Camping no meio do caminho para as Torres del Paine

A terceira e pior parte foi um desafio mental, depois de 3 horas caminhando com poucas paradas começamos a subir pedras enormes que pareciam não ter mais fim. Este trecho tem mais ou menos 2 km, mas eu jurei que fiz uma meia maratona só de subida.

Ao fim das pedras já começamos a enxergar o cume da montanha, cheio de neve e esperando por nós. Foi muita emoção e neste momento eu soube que quando chegasse lá em cima, todo esforço teria valido a pena. 

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Quase lá

E foi assim, 5 horas subindo, escorregando e xingando para chegar a uma das vistas mais impressionante da minha vida. Tão impressionante que eu perdi o ar, fiquei arrepiada e senti toda a força da natureza. Lá em cima, sem sinal de celular, só você e aquela montanha é suficiente para fazer você acreditar que a natureza é perfeita.

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Finalmente nas Torres del Paine

Finalmente nas Torres del Paine

A descida? Bom, a descida foi tão intensa quanto a subida, mas o sentimento de objetivo alcançado supera qualquer dor no pé, cansaço físico, mental e frio. Com certeza a melhor experiência que já vivi, agora já sei que viagens em busca de aventura são na verdade histórias para a vida e com certeza farei mais desse tipo.

Curiosidades

Animais – Vimos muitos animais diferentes em todos os lugares e claro tentei registrar todos que eu consegui.

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Guanacos

Clima – Quando chegamos no parque pela primeira vez estava nevando e o clima é bem louco na primavera, mas a máxima não passou de 9ºC durante o dia e a mínima foi -2ºC com muita (exageradamente) ventania.

Incêndio – Em 2011 teve um grande incêndio por lá. Foram 11.500 hectares de vegetação queimados e o estrago é visível até hoje. É muito triste saber que o erro foi humano e que por um descuido de um turista o fogo se espalhou causando danos irreparáveis.

* Este texto foi escrito por Gabriela Donatello

Last modified: junho 5, 2019

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