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Brasil tem maior índice de desmatamento do planeta, registra Guinness Book

Redação Webventure/ Aventura brasil

O livro dos recordes, Guinness Book, edição de 2005, será publicado em novembro com um dado nada digno de orgulho para o Brasil: o maior índice de desmatamento do planeta. Florestas que ocupavam área do tamanho do estado de Sergipe desapareceram anualmente do território entre 1900 e 2000, segundo registra a publicação. A média de perda de florestas foi de 22.264 mil quilômetros quadrados no período.

Pesquisadores brasileiros confirmam a informação. A Amazônia perdeu 17% de cobertura florestal, principalmente nos últimos 50 anos. Juntos, os biomas Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado e a formação florestal Araucária perderam 3,6 milhões de quilômetros quadrados. O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Carlos Nobre, admite que o Brasil tem a maior área desmatada em função do tamanho do país.

Nobre reconhece que os dados do Guinness não são dignos de comemoração, mas lembra que o desenvolvimento de países como os Estados Unidos e as nações de toda a Europa se deu às custas da devastação ambiental de suas áreas. Os EUA têm muito pouco de sua cobertura vegetal original, muito desmatada no século 19 para dar lugar às plantações agrícolas e, mais tarde, às indústrias. A Europa perdeu suas florestas desde a Idade Média, devido ao crescimento populacional.

Fatores de desmatamento – O coordenador do programa Monitoramento do Desmatamento em Formações Florestais na Amazônia Legal (Prodes) do Inpe, Dalton Valeriano, que acompanha o desmatamento na Amazônia, conta que o destino mais comum das terras desflorestadas na região é a pecuária. Em segundo lugar, vem a agricultura.

Nobre e Valeriano ressaltam que, apesar de os dados refletirem um ritmo preocupante no processo de desmatamento, o Brasil pode figurar em outra lista de recordes. É praticamente o único país que monitora áreas desmatadas anualmente por imagem de satélite. “O monitoramento começou a ser feito no Inpe em 1977, na escala de 1:500.000. Em 88, ampliamos a escala para 1:250.000”, conta o coordenador.

O ritmo de desmatamento na Amazônia registrou escala sempre crescente nos últimos cinco anos. As estatísticas são computadas de outubro a outubro, por isso os dados se referem ao monitoramento de dois anos correntes. Em 2002/2003, por exemplo, a taxa de desflorestamento na região foi de 23.750 quilômetros quadrados.

A avaliação de 77 a 88 não foi anual, daí o motivo de o Inpe apresentar o índice de desmatamento do conjunto dos 12 anos, que foi de 21.050 quilômetros quadrados. Ou seja, a pressão pelo uso da terra de uma forma não-florestal tem aumentado a cada ano, tanto que o patamar de desmatamento atual, por ano, é superior ao registrado em toda uma década.

Os dados do Prodes revelam que de 89 a 94 os índices se mantiveram numa média de 14.242 quilômetros quadrados. Curiosamente, a taxa de deflorestamento de 94/95 foi de 29.059 quilômetros quadrados. Como fruto de mera especulação, sem comprovação científica, o salto é tido por especialistas como reflexo do Plano Real, que capitalizou agropecuaristas e a sociedade como um todo.

Os dois próximos registros (95/96 e 96/97) caem, respectivamente, para 18.161 quilômetros quadrados e 13.227 quilômetros quadrados, para, na seqüência, apenas subir até chegar ao índice de 23.750, registrado em 2002/2003.

A Amazônia Legal tem hoje 615 mil quilômetros quadrados desmatados. Sua área original era de 4,9 milhões de quilômetros quadrados e, agora, é de 4 milhões de quilômetros quadrados. A diferença entre o tamanho atual e o que foi desmatado é que a Amazônia Legal é também constituída de cerrado, campos inundáveis e espelhos d’água. (Agência Brasil)

Este texto foi escrito por: Webventure

Last modified: outubro 13, 2004

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