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Velejador com 20 anos de Semana de Vela analisa esta edição

Redação Webventure/ Vela

O Orson  de vento em popa (foto: Arquivo pessoal)
O Orson de vento em popa (foto: Arquivo pessoal)

Carlos Alberto Souza, de 65 anos, começou a velejar aos 14 anos de idade, o que lhe dá pouco mais de meio século de experiência no mar. Só de Semana de Vela de Ilhabela (que está na 38° edição) são quase 20 anos. A seguir, o tarimbado Kalu (como é conhecido) conta o que está achando da prova deste ano, que chega ao final neste sábado (9). E diz por que os argentinos são bons de vela: “brasileiro gosta de lancha, argentino gosta de veleiro”.

Qual foi a primeira Semana de Vela que você participou?
Foi em 1982. Velejei no barco de um amigo da classe IOR, de 34 pés, que seria a classe anterior da que eu velejo agora, a ORC. O primeiro barco próprio eu trouxe em 1995. Eu corria na RGS, para iniciantes. Depois, comprei um modelo Delta 32. Esse fez várias Semanas de Vela. E agora o Orson, de 40 pés.

O que você está achando dessa edição?
Fria pra burro [risos]!. E este ano ainda não teve nenhuma regata na raia de leste [trecho fora do canal, onde se navega com vento vindo do mar], que é o vento mais comum e o melhor. Como veio essa frente fria, deu vento sul a semana inteira. O problema dele é que temos de velejar no canal do lado de São Sebastião, que é raso e com correnteza. Em geral, nos anos anteriores, tem uma ou duas regatas na raia do sul e o resto na leste.

Antigamente não havia o limite de 150 barcos para a semana em Ilhabela. Era melhor ou pior ter mais de 200 barcos?
É legal ter mais barcos na sua classe. Mas o problema é que o clube não suporta. Na Semana de Vela de Punta del Leste, por exemplo, a marina onde acontece a prova é pública. O evento é um negócio da cidade. Então as pessoas se espalham por ela. Aqui, o clube é pequeno e tudo acontece dentro dele.

Tem alguma edição da semana de Ilhabela que você destacaria?
Não sei, cada uma tem a sua emoção. De 2007 para cá, temos ido com o Orson também para a semana de Punta. E onde tem prova no Brasil, a gente vai. Mas Ilhabela é o maior campeonato no Brasil. Os melhores barcos e os mais bem tripulados estão aqui. Todo mundo treina para ganhar a Semana, assim como a semana de Punta é a maior da região do Rio de Prata.

Punta é maior que a semana de Ilhabela?
É menor, mas o nível técnico é mais alto. Os argentinos velejam há muito mais anos que os brasileiros por isso há menos barcos competitivos em Ilhabela. Brasileiro gosta de lancha, argentino gosta de veleiro. Mas o rio onde eles velejam é feio, tem água barrenta. Aqui é lindo. Eles vêm para cá para tomar sol e não passar frio. Mas, este ano não deu certo. [risos]

Tem muitos veleiros na classe que você corre agora, a ORC?
Hoje a RGS é a classe que mais tem veleiro. A ORC está em crise no Brasil. Diminuíram muito os números de barcos, que são caros. Há dificuldades na parte técnica, com o GPH [fator de correção baseado na velocidade, para que barcos de diferentes tamanhos possam competir numa mesma classe]. Então muita gente que deveria ter passado da RGS para a ORC, está feliz na RGS.

E como foi o dia de hoje (sexta) para vocês?
Foi ruim, nós estamos velejando mal [risos]. No primeiro dia de bala-sota [regata com boias) fomos bem. Depois, foi só piorando [risos]. A gente gosta de ganhar, mas no fundo o divertido é velejar. [O Orson está em 18° lugar, de 34 barcos]

Este texto foi escrito por: Marilin Novak, direto de Ilhabela (SP)

Last modified: julho 8, 2011

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