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Santiago de Compostela para aventureiros

Redação Webventure/ Aventura brasil

Vontade e alegria: ingredientes fundamentais para Ranimiro (foto: Arquivo pessoal)
Vontade e alegria: ingredientes fundamentais para Ranimiro (foto: Arquivo pessoal)

Vales, montanhas, castelos medievais, pessoas do mundo inteiro em busca de uma verdade, uma salvação, uma luz. O Caminho de Santiago de Compostella, na Espanha, uma das rotas de peregrinação dos cristãos da antigüidade, também é um território perfeito para quem procura outro ingrediente: aventura.

Durante todos os anos, aventureiros de todo o mundo aceitam o desafio deste caminho sagrado. Parte, não só para uma jornada espiritual, como para um ato de superação, bem ao gosto de quem optou por sentir emoções fortes, em contato com uma paisagem fantástica e com a possibilidade de conhecer os mais variados tipos de pessoas.

“Quando cheguei no final, não fui até a catedral de Santiago de Compostela . Acho que , mais do que a busca espiritual, a minha alegria era por Ter conseguido vencer os meus limites”, conta Ranimiro Lotufo. Ranimiro perdeu uma das pernas em um acidente com um parapente há seis anos. Ele completou a rota em 16 dias, mesclando parapente e bike.

Assim como ele, um grupo de aventureiros, apaixonados por bike, se reuniu para fazer o caminho em abril deste ano, conquistando, mais do que uma uma nova aventura, uma experiência bela e gratificante. Bela também foi a experiência de Fátima Moraes, maratonista que descobriu que é possível aliar aventura e crescimento pessoal.

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Hoje, o Caminho de Santiago de compostela transformou-se em uma opção para aventureiros em busca de adrenalina. Não foi por esta mesma busca, porém, que milhões de cristãos passaram a percorrê-lo desde o século II. A história deste caminho, considerado sagrado por muitos, é uma mistura de fé, magia e beleza.

O apóstolo cirstão Tiago (ou Jacobo, o maior, Santiago, Saint Jacques em francês, Saint James em inglês, em hebraico Yacob – Jacó), após a crucificação de Jesus, pregou o evangelho na Galícia, região que hoje pertence à Espanha. De volta a Jerusalém, foi decapitado pelo Rei Herodes. Seus restos mortais, foram levados de volta à Espanha, e enterrados na Galícia. Por volta do ano 990, um camponês chamado Pelayo, guiado por muitas estrelas, encontrou em um grande campo, a sepultura do apóstolo.

A notícia correu o mundo, lançando uma legião de cristãos a peregrinar até Santiago de Compostela, cidade que se formou na região. A palavra Compostela, provém de campo de estrelas.

A fé fez o caminho – A partir da descoberta dos restos mortais do apóstolo Tiago, e da formação da cidade de Santiago de compostela, onde foi contruída uma grande catedral, a região passou a ser visitada por um número cada vez maior de pessoas. “Este é um caminho diferente porque não foi criado com fins comerciais. As pessoas simplemente foram abrindo caminho para chegar à cidade de Santiago”, explica José Roberto Almeida, vice-presidente da Associação Brasileira dos Amigos de Santiago de Compostela .

A peregrinação teve seu auge na Idade Média , quando até reis e rainhas atravessaram o caminho. Os últimos anos também têm marcado uma época de muitos peregrinos. “Hoje em dia, o Caminho deixou de ser uma rota religiosa. Há também quem a percorra pela cultura que se adquire ou pela beleza e desafios, perfeitos para aventureiros”, afirma José Roberto.

Onde começa o caminho? – Segundo José Roberto, o caminho não conta com um começo demarcado. “O Caminho de Santiago não tem início. Na Idade Média, os peregrinos partiam de todas as partes do mundo rumo à Santiago de Compostela“, explica.

Porém, seu trecho mais conhecido, e o mais percorrido, é chamado de Caminho Francês. Como o nome diz, ele vem da França, atravessa a cordilheira dos Pirineus e penetra na Espanha pela região da Navarra (País Basco Espanhol) e continua em direção oeste até a Galícia, onde se situa a cidade de Santiago de Compostela, sua capital. Um roteiro, realmente, de tirar o fôlego.

“Eu não fiquei um tempão planejando fazer o caminho e nem fui motivada, como a grande maioria das pessoas, por uma busca espiritual. A idéia surgiu com o convite da minha amiga Valquíria . Eu mudei as minhas férias e acabei tendo apenas um mês para acertar tudo”. Assim começou a aventura de Fátima Moraes Souza, 37 anos. Ultramaratonista e campeã brasileira da prova 48 horas, Fátima viu no caminho uma maneira de aliar o seu preparo físico e espírito de aventura a um local belo e cheio de histórias.

“Uma das coisas que mais me chamou a atenção durante o caminho foram as paisagens que encontramos. É realmente fantástico. Eu conheço muitos lugares no Brasil, mas não há nada parecido. É um tipo de beleza diferente”, explica Fátima, que levou trinta dias para completar os mais de 800 km de percurso. “Eu acho que é possível fazer em bem menos tempo, mas, em princípio, é preciso respeitar o ritmo e conhecer o lugar.”

Por sua experiência como atleta, Fátima acabou sofrendo menos do que a maioria dos peregrinos e aventureiros no caminho “Eu consegui chegar a Santiago sem bolhas, sem dores insuportáveis ou problemas de tendinite. Vi muitas pessoas com esses problemas pelo caminho.” Para chegar “inteira”, muito cuidado com os pés, sempre secos, aquecimento adequado e alimentação reforçada. “Eu comia muito, tudo o que podia. Tanto que cheguei a engordar quatro quilos”, conta.

. Apesar disso, a atleta deixa avisado para os trekkers que têm vontade de se aventurar no Caminho sagrado: “Não é fácil como muitos pensam. O percurso é muito grande e nele você encontra vários tipos de terreno, de pedras soltas até grama. Há muitas subidas e descidas íngremes, o que acaba exigindo resistência. Ainda mais com as mochilas, que pesam geralmente uns 6 km cada”, explica.

Sem fronteiras – Não foram apenas as belas paisagens encontradas durante todo o caminho que deixaram Fátima encantada. A relação entre os peregrinos e a facilidade de comunicação com pessoas do mundo inteiro também a tocaram. “Eu não falo inglês mas isso não me impediu de fazer amigos de vários lugares do planeta. A comunicação acontecia, de alguma forma. Todos sempre estavam preocupados em ajudar, dividir”.

Com essas experiências, a aventura acabou servindo também como uma pequena lição, algo transformador e belo. “Embora meu objetivo inicial não fosse esse, posso dizer que percorrer o Caminho de Santiago de Compostela foi algo realmente transformador, espiritualmente. Passei a dar um valor diferente para as coisas e pessoas e percebi que tudo na vida tem um ritmo que precisa ser respeitado.”

E o ritmo de Fátima parece ser, mesmo, mais acelerado. “Tenho vontade de voltar , mas para fazer o mesmo percurso correndo. Senti que era possível fazer mais. É um projeto que tenho para o próximo ano e que não pretendo abandonar.” Mais uma vez, o sagrado e a aventura se unem, gerando novos sonhos e desafios.

Percorrer o caminho de Santiago de Compostela voando e pedalando. Esta foi a opção de Ranimiro Lotufo, Personalidade Webventure e um apaixonado por adrenalina e por novos desafios. O ex-modelo perdeu uma das pernas durante um vôo de parapente, há seis anos. Isso, porém, não o impediu de continuar se aventurando e a idéia de fazer o Caminho de Santiago de parapente e bike pareceu perfeita.

A mistura dos vôos com as pedaladas, a mescla de emoções diferentes e a beleza das paisagens foram os grandes motivadores de Ranimiro nesta verdadeira jornada. “Era fantástico. Eu pedalava alguns quilômetros até chegar em locais em que a altitude permitisse o vôo. Aí, colocava o parapente e voava mais alguns quilômetros. Quando chegava ao solo, novamente era a vez da bike”. Assim, o aventureiro conseguiu completar 860 km do caminho em 16 dias.

Encontro com a adernalina – Para Ranimiro, estar no local onde peregrinos do mundo inteiro procuram paz e repostas desde a antigüidade, traz vantagens bem práticas. “Acho que uma das coisas mais legais do caminho é a estrutura que há para receber pessoas. Como há peregrinos de todo o planeta indo para lá, há os albergues, onde é possível descansar e comer”, explica.

Além de pousada, os albergues acabam sendo também sendo um ponto de integração “Conheci muitas pessoas , mas, como dormíamos cedo pelo cansaço, era difícil prolongar ou aprofundar qualquer assunto. Mesmo assim, achei fantástico o contato com gente das mais diversas culturas”. Durante o caminho, Ranimiro conheceu um casal de ingleses, que também estavam de bike. “Passamos quatro dias juntos, são pessoas maravilhosas, muito tranqüilas, me deram uma força muito grande”.

O caminho não salva – Sobre as buscas espirituais, motivadoras da maioria dos visitantes da região, Lotufo é categórico: “Eu não acredito que o caminho, em si, seja capaz de salvar alguém. Pode ser importante e transformador. Porém, de nada valerá se a pessoa não tiver também espírito de aventura e disposição para aproveitar a viagem”.

Ao chegar em Santiago de Compostela, depois de vencer desafios como a altitude, o peso (ele carregou uma mala com, pelo menos, 25 kg durante todo o percurso) e o cansaço, Ranimiro Lotufo preferiu não entrar na grande catedral. “Fiquei emocionado, feliz mesmo por ter conseguido terminar. Para mim, entrar naquela igreja não era o mais importante. Acho esse tipo de catedrais meio ‘pesadas’, não me dá vontade de entrar. Preferi ficar do lado de fora, curtindo a minha vitória e a minha alegria. A aventura, patrocinada pela rádio 89 FM, também está no site www.ranimiro.com

Eles estavam acostumados a pedalar por trilhas e pelas ruas da agitada cidade de São Paulo quando resolveram enfrentar um desafio diferente: os mais de 800 km do Caminho de Santiago de Compostela. Um grupo de ciclista do Sampa Bikers , incluindo presidente Paulo de Tarso, partiu para a Espanha em busca de adrenalina e beleza.

Antes da viagem, que teve seu início em 29 de abril de 2000, cuidados especiais com o preparo físico, reuniões para conhecimento do percurso. “O planejamento é algo muito importante neste tipo de aventura”, explica Paulo de Tarso

Pedalando em solo sagrado – Durante o trajeto, algumas quedas, muitas dificuldades e paisagens exuberantes. Além disso, os bikers puderam observar a cultura de um outro país. “As estradas espanholas, que utilizamos em alguns trechos, são fantásticas, bem asfaltadas, muito diferentes das daqui”, aponta o biker Adriano Abrahão.

Mas, como o caminho não é formado por estradas asfaltadas mas por estradinhas de terra, com pedras, descidas e subidas íngremes, os aventureiros precisaram de muito fôlego para chegar à Santiago. elevada, os nove bikers encontraram um sentido sagrado.Atravessando até pequenos riachos, esses aventureiros enfrentaram as próprias superações e venceram a jornada.

A cidade de Santiago estava com um céu azul, e calor de 22º. Hora de manutenção nas bikes e, com terreno bom, clima de alegria e a auto estima elevada, o momento mágico: a entrada na grande catedral de Santiago de Compostela.

Este texto foi escrito por: Webventure

Last modified: dezembro 29, 2000

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