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Na Rota do Rally Paris-Dakar 2001: O Abandono – parte 3 – A Salvação

Redação Webventure/ Parceiros

Lutar por 10 horas contra um adversário gigantesco e ficar preso na última duna, a 15 metros do objetivo, sem conseguir a derradeira ajuda necessária, é mais do que morrer na praia. É uma batalha física, emocional e motivacional. Quando a cinta que ligava nosso Mitsubishi Pajero Full ao caminhão de apoio da equipe de fábrica da Mitsubishi rompeu, e o caminhão seguiu em frente sem voltar para nos ajudar, foi difícil acreditar que ainda teríamos sorte.

A posição era crítica, já que vários concorrentes, nos vendo parados, imediatamente mudavam de rota, confusos com a nossa presença. Pedi para meu navegador ficar num ponto mais alto, tentando acenar para algum caminhão e pedir estes cinco minutos. Mas as horas foram passando e ele não conseguiu nada. Do meu lado, eu continuava cavando e tentando fazer o carro andar, mas era inútil.

Passaram-se quatro horas e já estava escuro, mas com a luz forte da lua cheia, percebemos a chegada de um caminhão. Ele parecia disposto a ajudar e veio na nossa direção. Quando estava a trinta metros atolou, quase capotando. Foi um susto e a partir daquele momento ele passava a ser o centro das atenções. Vários caminhões, talvez pela irmandade da categoria, pararam para ajudar, mas frustrados pelo insucesso ou descontrolados pelo “mal das dunas”, decidiam seguir em frente sem tentar nos ajudar.

Mais quatro horas. Já estávamos a oito horas no mesmo buraco. O fato de estarmos acompanhados não consolava muito. Mas um caminhão da mesma equipe deste que estava atolado chegou decidido e tranqüilo, retirando seu companheiro e nos ajudando naqueles 15 metros finais.

Em cinco minutos estávamos fora daquele martírio, só que tarde demais para tentar chegar ao acampamento por um caminho alternativo. Mesmo assim tentamos, até o último instante, mas foi impossível continuar na prova. Salvamos nosso carro e nos restava torcer pelo Juca, pelos outros brasileiros e suportar o martelo que começava a bater na nossa cabeça (e que não irá parar tão cedo!): o de abandonar o Dakar.

Mande uma mensagem de incentivo para Equipe Petrobras Lubrax acessando o site oficial www.parisdakar.com.br. Envie também perguntas, dúvidas e nos ajude a escrever a próxima coluna. Participe conosco dessa grande aventura. Até a próxima!

André Azevedo, 41, e Klever Kolberg, 38, são pilotos da Equipe Petrobras Lubrax e participam do rali Paris-Dakar há 13 anos.

Este texto foi escrito por: André Azevedo e Klever Kolberg, da Equipe Petrobras Lubrax

Last modified: janeiro 10, 2001

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