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Na Rota do Rally Paris-Dakar 2001: Gostinho de Poeira

Redação Webventure/ Parceiros

Chegamos a Goulimine, já no sul do Marrocos. Com seis etapas percorridas, liderando a categoria Carros T2 Diesel, podemos notar que este será um rali bastante difícil. Afinal, estamos cansados e a organização insiste em afirmar que o pior ainda está por vir.
Esta sexta etapa teve um gostinho especial para mim, um gostinho de poeira. Foram 608 quilômetros no total, mas o que conta é a especial, contra o relógio, que teve 305 com milhares de toneladas de pedras.

O percurso foi percorrido 100% numa zona desértica de muitas pedras, subindo e descendo montanhas, cheias de pedras, atravessando inúmeros leitos de rios secos, cheios de pedras, cruzando inúmeras ondulações e valetas cheias de pedras, e sempre por uma trilha muito estreita, cercada de mais pedras.

Os pneus são os que mais sofrem. O incrível é eles sobreviverem a tamanho teste. E ainda bem que não falam, pois caso contrário, a reclamação com a Pirelli por uso indevido seria grande.

O gostinho de poeira veio como castigo da etapa anterior, quando furamos um pneu e atolamos uma vez nas dunas, o que deve ter nos custado no mínimo 15 minutos. Para um rali tão grande isso não é problema, mas o caminhão Kamaz fez um tempo 15 segundos menor do que o nosso e, portanto, nesta sexta etapa largou na nossa frente.

Foi um pesadelo, já que o local tem um pó fino, que forma uma imensa cortina de poeira quando um “monstro” de quatro rodas passa. Fiquei nada mais nada menos do que os 305 quilômetros atrás dele, tentando a ultrapassagem. Várias vezes chegamos perto dos russos, que nos ignoravam e seguiam em frente, sem dar passagem e jogando aquela chuva de pedras para trás.

Para piorar a situação, lá pelo km 100, a minha janela desceu e não quis mais subir, tornando o cockpit do meu Mitsubishi Pajero Full uma verdadeira câmara de poeira. Quando olhava para o lado, quase me assustava com meu navegador, que mais parecia uma múmia empoeirada.

Foi duro, tivemos de ter muita paciência para não fazer besteira e tentar na marra ultrapassar os russos, lembrando de nossa boa classificação e imaginando que dias melhores virão. Ou serão ainda piores? Lembra do aviso da organização?…

André Azevedo, 41, e Klever Kolberg, 38, são pilotos da Equipe Petrobras Lubrax e participam do rali Paris-Dakar há 13 anos.

Este texto foi escrito por: André Azevedo e Klever Kolberg, da Equipe Petrobras Lubrax

Last modified: janeiro 6, 2001

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