Quando começamos esta série de artigos, comentamos que estávamos em contagem regressiva. Pois bem, agora estamos lutando para esticar o tempo. Com toda esta experiência, o planejamento parece que foi feito para as coisas acontecerem de maneira diferente. Estes poucos dias que antecedem a prova mais parecem um incêndio. E nós somos os bombeiros.
Toda a adrenalina e expectativa para a largada da prova acabam agindo como um combustível nesta fogueira. Afinal, o rali Paris-Dakar é o único evento mundial que acontece todo o ano, mas apenas uma vez. Isto pode querer dizer que toda sua dedicação, todo o desenvolvimento, treinamento, preparação e investimentos podem ir por água a baixo em um instante, ainda no primeiro dia de prova, na França. E uma nova chance, uma revanche, só se você conseguir estar de volta 12 meses depois. É uma situação ingrata.
Pode parecer que estamos falando apenas de hipóteses, mas não é. Já aconteceu conosco, em 1992, após a largada para aquela edição que ligava Paris à Cidade do Cabo. Ainda no primeiro dia, o André levou uma fechada de um carro. Para não bater, saiu no acostamento. A grama estava molhada e ele caiu. O André fraturou um osso no pulso e estava fora do rali.
Isso não foi falta de experiência. Acontece também com os grandes, como a equipe Lada França, que tinha quatro protótipos motor Porsche, pilotados por feras como dois ex-pilotos da Fórmula 1, o francês Patrick Tambay e o belga Jack Ickx. Não lembramos o ano, mas o carro de Tambay estourou o motor no meio do asfalto, em um deslocamento, e o francês ficou na sua terra natal. Então, nestes dias finais, o negócio é pedir um empréstimo, de um segundo anjo da guarda.
André Azevedo, 41, e Klever Kolberg, 38, são pilotos da Equipe Petrobras Lubrax e participam do rali Paris-Dakar há 13 anos.
Este texto foi escrito por: André Azevedo e Klever Kolberg, da Equipe Petrobras Lubrax
Last modified: dezembro 23, 2000
