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Mundial de wakeboard em Minas Gerais reuniu os melhores atletas do esporte

Redação Webventure/ Outros

O Biquini Contest  que chamou a atenção dos marmanjos (foto: Carlos Hauck)
O Biquini Contest que chamou a atenção dos marmanjos (foto: Carlos Hauck)

“Uoooow”, “Aaaaaah”, “Noooossa”, “Uuuuuh”… Nos últimos três dias, além de música eletrônica em alto e bom som, o que mais se ouvia na beira da Lagoa dos Ingleses, em Nova Lima (MG), eram as exclamações embasbacadas. Elas vinham de um público fascinado por cada manobra realizada pelos 22 atletas que participavam da 1ª etapa do Wakeboard World Series 2012 ou pelas mineiras que capricham na produção para prestigiar o evento ou participar do concurso de beleza (leia última página).

De 4 a 6 de maio, a cidade recebeu, pelo quarto ano consecutivo, a maior competição de wake do mundo. As outras duas etapas acontecem no Canadá e nos Estados Unidos, mas os gringos que estavam em Minas não esconderam a preferência pelo evento no Brasil.

“É mesmo a etapa que eu mais gosto”, disse o norte-americano Austin Hair, em sua nona visita ao país. “Nós esperamos o ano por essa prova. Não só pelas pessoas e lugar, que são incríveis, mas pela troca de experiências também”, declara Andrew Adkinson, segundo colocado deste ano.

Um clima jovem e descontraído está intrínseco no esporte e nas competições. Dos sete estrangeiros que marcaram presença, o mais velho era o próprio Andrew, com 30 anos. Os outros ficavam na faixa dos vinte e poucos. A turma brasileira varia dos 39 de Mario Manzoli, o Marito, até os 15 de Henrique Daibert, o Ganso, o caçula do campeonato.

No fim, tudo se transforma em uma grande confraternização entre amigos, com direito a música, cerveja, energéticos, caipirinha e, claro, paquera. A média de público nos dias do evento era de oito mulheres para cada homem, a maioria produzidérrima e firme no salto alto, arriscando até afundar na grama do clube.

“O wake é assim. A galera é nova e quer curtir, festar”, explica Marcelo Giardi, o Marreco, a grande estrela brasileira. “Mas eu não acho isso errado. É legal, porque é uma característica do esporte. É uma essência que não pode ser perdida, um estilo.”

MUITO LEGAL

>> As aulas de stand-up paddle oferecidas pela Roxy. Os participantes contaram com as instruções da supista Nicole Pacelli, campeã brasileira de SUP em 2010 e vice em 2011.

>> O Red Bull Surfe na Marola, competição de wakesurfe realizada pela marca de energéticos. A modalidade é uma mistura de surfe com wakeboard, na qual o praticante surfa na marola (onda) provocada pelo motor da lancha. “É o esporte pra quem gosta de surfar, mas não mora perto da praia”, explica Daniel Mendes, o mineiro vencedor da disputa. “Como a onda é estática e dura o tempo que você quiser, dá pra fazer várias manobras e aproveitar bastante.”

Nas provas de wake, uma ponta do cabo fica presa à lancha e a outra, o manete ou handle, fica na mão do atleta, que é puxado. As lanchas devem ser próprias, com um motor central, para garantir a segurança do rider.

O modelo de barco usado no mundial, da Master Craft, atualmente é considerado um dos melhores do mundo para a prática do esporte, porque forma uma marola perfeita.

Nesta edição do mundial, apenas um obstáculo (slider) foi construído na lagoa.

A seguir, a pedido do Webventure, Marito, um dos participantes do mundial e presidente da ABW (Associação Brasileira de Wakeboard), classificou as três melhores manobras na competição:

1º lugar
360º do escocês Adam Errington, nas quartas de final. Ele pulou muito alto e antes de cair na água girou 360º de um lado e depois 180º do outro.

2º lugar
900º de base trocada do canadense Aaron Rathy, na final. Ele deu duas voltas e meia no ar com a prancha ao contrário, ou seja, a ponta atrás e a rabeta na frente. O estilo do atleta é o favorito de Marito no mundial.

3º lugar
360º no slider (corrimão onde os atletas deslizam para fazer manobras) do australiano Dean Smith, na final. Ele subiu o slider e deu um giro de 360º antes de descer a rampa.

Hexacampeão brasileiro e atual campeão paulista, Marreco foi o primeiro atleta do esporte a conseguir patrocínio e viver do esporte. Paulistano, treina ao menos cinco vezes por semana no cable park (local turístico com equipamentos para praticar o esporte) de Bragança Paulista (SP), onde também comanda uma escolinha de wake.

“A molecada vira pra mim e fala: ‘Marreco, quero ser igual a você. Não vou nem fazer faculdade, só vou andar de wake’”, conta. “Mas eu falo pra eles que não é assim tão fácil. Que quem quer viver do esporte tem que ralar muito, ser o melhor”.

Na disputa, a diferença do desempenho dos brasileiros e dos gringos é grande. Dos oito classificados para a semifinal, Marreco foi o único brasileiro. Já a final ficou entre o canadense Aaron Rathy e os norte-americanos Andrew, Austin e Phil Soven, este o grande favorito ao título, campeão pela terceira vez.

“Aqui no Brasil estamos uma geração atrás dos gringos. Nos Estados Unidos, os caras são incentivados desde crianças. A maior parte é filho de esquiador e tem barco pra andar todo dia”, explica Marreco. “Mas agora vejo um futuro muito promissor para o esporte aqui, porque os filhos de wakeboarders estão começando a andar.”

Para Marreco, a molecadinha da nova geração tem tudo para fazer o esporte crescer no Brasil. “O pessoal de 20 e poucos anos, que não teve esse incentivo no começo, enxerga o wake mais como um hobby. O cara trabalha e pratica pra curtir. A gente tem que colocar a molecada na linha, pra que eles se profissionalizem no esporte, assim como eu fiz”.

Isso não quer dizer que os wakeboarders brasileiros façam feio na água. Craques como Luciano Rondi Neto (Deco), Eduardo Birolli (Jovem) e Marcos Amato (Paçoca) dão trabalho para os gringos.

“Este ano foi mais difícil do que os anteriores. Foi bem puxado conquistar o título, porque todos os competidores progrediram bastante”, declara o grande vencedor, Philip Soven. “O nível dos brasileiros cresceu bastante, principalmente do Marreco. É legal ver isso.”

Por incrível que pareça, neste ano faltou a presença das mulheres na água. Nos anos anteriores, o campeonato brasileiro acontecia junto com o mundial. Além da categoria profissional, mais seis eram realizadas, inclusive a feminina.

“Fico furiosa com a inferioridade da mulher no wake”, critica Teca Lobato, bicampeã brasileira. “Não temos o feminino na etapa do mundial aqui no Brasil porque eles não oferecem premiação para essa categoria, só nos Estados Unidos. Então, as gringas não vêm. Se quisermos, podemos competir lá, mas aí depende sempre dos patrocinadores.”

A decisão de separar o brasileiro do mundial foi tomada para que houvesse mais foco no próprio mundial. Para preencher o tempo, outras atrações, como o Baile do Zeh Pretim, famosa festa carioca, e a Ragga Sunset Party, agitaram a galera.

Mas nada fez tanto sucesso como o Bikini Contest, um desfile de biquínis para eleger a musa do mundial. Nessa hora, deu para ouvir mais “Uoooow” e “Uuuuh” do que se ouviu o evento inteiro na beira da lagoa.

Este texto foi escrito por: Ana Ferrareze

Last modified: maio 7, 2012

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