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Mario Roma, organizador da Brasil Ride, fala da RC, sua marca de bikes para alta performance

Redação Webventure/ Biking

Da esq. para a dir.: Rafael  Mateus  Dani  Adriana  Mario e Abraão (foto: Divulgação)
Da esq. para a dir.: Rafael Mateus Dani Adriana Mario e Abraão (foto: Divulgação)

O ex-ultramaratonista e organizador da Brasil Ride Mario Roma se uniu aos empresários e também bikers João Cox e João Paulo Diniz para criar a RC Bikes. Com lançamento previsto para o final do ano, a bicicleta tem desenvolvimento nacional (geometria do quadro, que depois é fabricado em Taiwan) e utiliza componentes brasileiros e importados.

Mario espera que a iniciativa ajude a fomentar o mercado nacional de componentes. “Se no Brasil tem uma Petrobras, que perfura petróleo nas maiores profundidades; se tem a Embraer, que é uma das maiores empresas de aviões; por que não ter uma bicicleta tão boa, que possa ser a melhor do mundo?”, diz o português radicado no Brasil. O Webventure o entrevistou para saber um pouco mais sobre a nova magrela, por enquanto apenas no modelo competição.

Como surgiu a ideia de criar a RC Bikes?
De três pessoas: eu, o João Cox e o João Paulo Diniz. Nós sempre comentávamos o porquê de não ter uma marca de bicicletas de alta performance no Brasil, desenvolvida por atletas brasileiros. Após dois anos de trabalhos, resolvemos por o projeto em prática.

Quais partes são desenvolvidas no Brasil?
São todas geometrias nacionais, desenvolvidas pelos atletas. A escolha dos componentes também. A bike tem componentes nacionais e componentes importados, como todas as bicicletas no mundo inteiro.

Qual foi o critério para juntar a equipe de desenvolvimento?
Chamamos vários atletas referências no Brasil em diferentes modalidades, para testarem a bicicleta. Além de mim, tem o Adauto Belli, atleta do paraciclismo e deficiente visual. Fizemos uma mountain bike tandem [ideal para os bikers cegos]. Também o Rafael Campos, um dos maiores corredores de aventura do Brasil; o Mateus Ferraz, que é da aventura e já passou pelo ciclismo; o Abraão Azevedo, campeão mundial de cross-country já com uma RC. Temos ainda a Adriana Nascimento, nove vezes campeã brasileira de cross-country; e a Daniela Genovesi, que está correndo para ser campeã mundial de endurance com uma bike de estrada [clique no nome da atleta, para saber mais]. Temos um grupo de sete, que vai da aventura, passando pelo tandem, até a estrada. Assim, conseguimos testar as bikes em todas as situações. É uma marca de ciclistas para ciclistas.

Foram os atletas então que desenvolveram as bicicletas?
Essa equipe faz o design e testa. Eu o João Paulo Diniz também pedalamos nela. Ele está indo para o Ironman com uma bicicleta TT [Time Trail, bike própria para o Ironman, de baixa resistência ao vento]. Na RC, todos são envolvidos com o processo. Acreditamos que isso é um diferencial. Uma Quicksilver, por exemplo: lá, desde o dono até os atletas patrocinados surfam. Na nossa empresa, tanto os CEOs quanto os atletas pedalam. O resultado final disso, para o consumidor, terá um diferencial.

Quais partes exatamente são produzidas no Brasil?
Fazemos a montagem aqui. Mas, poucos componentes são fabricados no país (pneu, selim e manoplas). Os quadros de alta performance em carbono são feitos em Taiwan. O [sistema de câmbio] Shimano, que é 70% de uma bicicleta, é feito na Malásia, Japão. Não existe uma bicicleta alemã, suíça ou americana. As bicicletas são montadas conforme os componentes que há no mercado. A montagem é uma coisa importante, porque é uma coisa artesanal, não é um robô que faz. Queremos estimular o desenvolvimento de produtos nacionais. Você precisa ter uma ação para que haja uma reação. De repente, o cara que fabrica manopla não faz um produto melhor porque ele não tem uma bicicleta para isso. Uma coisa é consequência da outra.

Então uma marca nacional vai estimular o desenvolvimento de componentes brasileiros.
A Embraer não começou fabricando os melhores aviões do mundo. Ela começou com aviões agrícolas. Depois, criou uma demanda. Quem sabe podemos fazer uma Embraer brasileira em duas rodas. Se ninguém começar a fazer, nunca saberemos. O desafio é esse. E o poder não é nosso. É de todos fornecedores e empresas brasileiras vinculadas.

Só terá bicicletas para os profissionais?
Vamos desenvolver bicicletas de A a Z. Agora, as bikes já estão rodando em todas as modalidades. O segundo passo serão as bicicletas urbanas e as infantis, que estão em fase de protótipo. Entre as infantis, também haverá o cuidado com o desempenho, para que a criança se sinta segura, pedale com facilidade e tenha freios que funcionem. Na urbana, a mesma coisa.

Quando a marca será apresentada ao público?
Na Bike Expo Brasil [entre os dias 16 e 18 de outubro, no Expo Center Norte, em São Paulo].

Quando elas serão comercializadas?
A partir do Natal o presente de final de ano já pode ser uma RC. São bikes que não devem nada para marcas gringas. Queremos quebrar essa barreira de que só bicicletas de fora do país é que são boas. Tudo isso feito com envolvimento. A paixão nossa pelo esporte dá a ela um resultado totalmente diferente.

Este texto foi escrito por: Pedro Sibahi

Last modified: setembro 28, 2011

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