Foto: Pixabay

Estrada Real no Caminho dos Diamantes: Diamantina e Ouro Preto

Redação Webventure/ Destino Aventura

Passeio de trem entre Ouro Preto e Mariana (foto: Arquivo pessoal/ Maurício Marengoni)
Passeio de trem entre Ouro Preto e Mariana (foto: Arquivo pessoal/ Maurício Marengoni)

Um dia, passando por uma livraria em São Paulo, encontrei o guia e roteiro ecoturístico Estrada Real de Minas do SENAC de Minas Gerais, cobrindo o trecho entre Ouro Preto e Diamantina. Comprei o guia e depois de estudá-lo com algum detalhe, resolvi percorrer a Estrada Real no sentido contrário, fazendo o Caminho dos Diamantes original, isto é, indo de Diamantina para Ouro Preto.

O Guia do SENAC possui planilhas bem detalhadas do percurso e, mesmo percorrendo no sentido contrário, foi fácil encontrar as referências e percorrer os 360 Km deste trecho da Estrada Real. O trecho foi feito entre os dias 28 de Julho de 2008 e 30 de Julho de 2008 e no dia 31 de Julho fiquei em Ouro Preto.

Algumas partes da Estrada Real estavam sendo pavimentadas e acredito que estas obras já tenham sido concluídas, mas mesmo as estradas de terra que percorri eram de excelente qualidade e poderiam ser percorridas por qualquer tipo de veículo, pelo menos na estação de seca. Note que as planilhas do guia SENAC são baseadas em “landmarks” da estrada e as planilhas existentes no site da Estrada Real (www.estradareal.org.br) são baseadas nos marcos da Estrada Real e devem estar mais atualizadas.

Seguindo marcos – Na parte da manhã do segundo dia eu acabei pegando informações erradas e não acompanhei a planilha do guia, fui seguindo por um trecho da Estrada Real, seguindo os marcos da ER.

Do pouco que estudei sobre a Estrada Real e de conversas com pessoas na secretaria de turismo de Serro, existem diversos caminhos que interligam as cidades da região e que fazem parte da estrutura da Estrada Real, nesta região, portanto, é possível percorrer percursos diferentes e ainda assim percorrer a Estrada Real.

A viagem em 3 dias é possível, porém, um pouco corrida. Para passar por todas estas cidades, conhecer um pouco de cada lugar e de seus arredores é prec iso se planejar bem. Se eu fosse repetir este trecho planejaria percorrê-lo em cinco ou seis dias. A seguir vou comentar cada dia da viagem.

Destino AventuraConheça mais sobre Ouro Preto

Após uma longa viagem de São José dos Campos até Diamantina no dia 27 de Julho, acordamos cedo e fomos caminhar por Diamantina. Planejamento ruim, a cidade tem inúmeros pontos turísticos só em sua região central e não foi possível conhecer a cidade como ela merece. Diamantina é um local para se ficar pelo menos um dia inteiro, se for visitar as cachoeiras e arredores da cidade pode por mais um ou dois dias. Tem muitas igrejas e locais históricos, mas não deixe de conhecer a Casa da Gloria e o Mercado Municipal.

Após o almoço seguimos viagem de Diamantina para Serro, onde passamos por Vau, São Gonçalo do Rio das Pedras, Milho Verde, Três Barras e Serro. O trecho até São Gonçalo do Rio das Pedras é de 33 km.

Encontramos o primeiro marco da Estrada Real logo na saída de Diamantina e seguimos por uma estrada de terra em ótimas condições, larga e de trânsito bem fácil para qualquer tipo de veículo. As vistas da Serra do Espinhaço ao longo do trecho e do vale do rio Jequitinhonha antes de chegar a São Gonçalo do Rio das Pedras são muito bonitas. São Gonçalo do Rio das Pedras é um vilarejo bem pitoresco, paramos em um bar para beber uma água, mas não havia um banheiro no local, porém, conversamos com uma senhora que estava “vendo o movimento” e ela permitiu o uso do banheiro de sua casa.

Estrada fácil – O trecho entre São Gonçalo do Rio das Pedras e Milho Verde tem pouco mais de 7 km, a estrada continuou bem fácil de ser percorrida e o visual continuou com a mesma qualidade. Milho Verde é uma cidade bem pequena, logo na saída da cidade, do lado direito, é possível chegar até a cachoeira do Carijó, que é bonita e convida para um mergulho.

O trecho entre Milho Verde e Serro é um pouco mais longo e passa pelo povoado de Três Barras, no total são 23 km de estrada em boas condições. A vista da Serra do Condado e da Serra das Três Barras marca o percurso ao longo deste trecho. Chegamos em Serro já era noite, mas não foi difícil encontrar uma pousada (Serrana) no centro da cidade e um local para uma boa refeição mineira (Restaurante Itacolomi).

Pela manhã demos uma volta pela cidade de Serro. A cidade é conhecida como a terra do queijo Minas, se é verdade ou apenas conversa de mineiro eu não sei, mas sei que é possível encontrar queijo em quase todos os estabelecimentos, inclusive na farmácia. Outro produto que se encontra em abundância na região é a cachaça, alias, ao longo da viagem é possível encontrar diversas cachaças, pelo menos uns três rótulos por cidade. Se for um amante da “marvada” se prepare, um porta-malas pode ser pouco. Não deixe de visitar a capela de Santa Rita, o visual da cidade de Serro lá de cima é muito bonito.

Após parar na secretaria de turismo de Serro para pegar algumas informações sobre como seguir na Estrada Real, o atendente me direcionou para o caminho com os marcos que segue na direção de Alvorada de Minas, que é um caminho diferente do sugerido no guia do SENAC. Acabamos seguindo para Alvorada de Minas. O trecho estava sendo asfaltado e com obras em diversos locais. Seguimos pelos marcos e não tivemos dificuldade para chegar em Alvorada de Minas, passamos e seguimos em direção a Conceição do Mato Dentro. Existem várias placas e não foi difícil seguir por este caminho, passamos por São Sebastião do Bom Sucesso e chegamos em Conceição do Mato Dentro para o almoço.

Conceição do Mato Dentro – Passamos pela secretaria de turismo da prefeitura para pegar algumas informações do local, e resolvemos voltar um pouco para conhecer o salão de pedras, uma região com várias rochas em uma formação interessante com um visual muito bonito da serra. Na região existe ainda a cachoeira do Tabuleiro que é a maior de Minas, mas não houve tempo de conhecê-la. O mercado municipal de Conceição do Mato Dentro é uma construção antiga e bem conservada.

A partir de Conceição do Mato Dentro seguimos pelas planilhas do guia do SENAC novamente e fomos na direção de Morro do Pilar, que fica a 25 km de distância. O trecho é bem sinalizado e fácil de ser percorrido, a vista que acompanha o percurso é de serra quase que constante, tem a serra do Cangueiro, serra do Paiol e serra Santo Antônio. Para chegar em Morro do Pilar é preciso sair da principal e seguir para a cidade.

Paramos para um sorvete na praça da matriz e de lá seguimos viagem. A princípio foi meio complicado retomar o caminho, mas depois de algumas idas e vindas encontramos o marco de saída e tocamos na direção de Santo Antonio do Itambé. A distância que separa estas duas cidades é de 35 km e já estava anoitecendo, então resolvemos apressar o passo um pouco. Neste trecho existem algumas pontes cujos riachos são próprios para banho, mas como estávamos com um pouco de pressa, passamos batido.

Chegamos a Santo Antonio do Itambé já era noite. Acabamos ficando em uma pousada (Pousada das Orquídeas), que na verdade é uma casa de família que aluga quartos, sem café da manhã. Mas bem próximo à pousada há uma outra casa que vende refeições, uma comidinha mineira feita no fogão a lenha com um precinho bem camarada e cerveja bem gelada.

Tomamos o café da manhã em uma padaria na cidade e demos uma rápida volta para tirar algumas fotos e seguimos na direção de Senhora do Carmo, que fica 16 km de Santo Antonio do Itambé. De novo a estrada é fácil de ser percorrida e qualquer veículo pode fazer este trecho. Chegamos a Senhora do Carmo e resolvemos conhecer a cachoeira Boa Vista que fica a 12 km do centro por estrada de fácil acesso.

Passamos uma hora por lá e retomamos a viagem de Senhora do Carmo a Ipoema (16 km de distância). Paramos em Ipoema somente para algumas fotos na praça da matriz e seguimos para Bom Jesus do Amparo que está a 14 km de distância.

Paramos para almoçar em Bom Jesus, existem boas opções na cidade. De Bom Jesus do Amparo seguimos em direção a Cocais, iniciamos o trecho pela Estrada Real, mas, por não ter as informações adequadas, acabamos entrando, no meio do trecho, na rodovia MG 436 e fomos parar em Barão de Cocais. Passamos rapidamente por Barão de Cocais e seguimos na direção de Mariana, preocupados com o horário, pois já estava anoitecendo. Passamos por Mariana sem parar (voltamos lá no dia seguinte) e tocamos para Ouro Preto, onde chegamos as 21 horas do dia 30 de Julho.

Ficamos em uma ótima pousada (Hotel Pousada Casa Grande) com estacionamento, um ótimo café da manhã e um chá no final da tarde. Existem diversas opções de lazer em Ouro Preto e muito local para visitar. A cidade é uma aula de história e da cultura brasileira. Nós ficamos mais um dia em Ouro Preto o que é pouco, a cidade merece pelo menos uns três dias e, se for visitar os arredores, podem acrescentar mais um ou dois dias.

A viagem é belíssima, o visual das serras acompanha quase que toda a viagem. Os custos de hospedagem e alimentação são muito razoáveis e o custo maior acaba sendo de combustível.

Os trechos percorridos podem ser feitos por um veículo comum sem problema e não foi necessário fazer reservas com antecedência. Nesta época, parece, não há grande procura.

Como eu disse no inicio, se fosse fazer esta viagem novamente faria em cinco ou seis dias, três foi muito corrido, um dia ainda quero fazer este trecho de bicicleta, quem sabe.

Se quiser alguma dica mais específica ou quiser tirar alguma dúvida, entre em contato comigo, meu nome é Maurício Marengoni (mmarengoni@hotmail.com) e sou professor universitário. A viagem foi feita com uma Pajero TR4, que não utilizou seus recursos 4×4. Acompanhou-me nesta viagem, como sempre, a Karla.

Destino AventuraConheça mais sobre Ouro Preto

Este texto foi escrito por: Maurício Marengoni, especial para o Webventure

Last modified: março 11, 2010

[fbcomments]
Redação Webventure
Redação Webventure