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Chapada dos Veadeiros acaba com a obrigação da contratação de guia

Redação Webventure/ Destino Aventura

Turistas estrangeiros na Chapada dos Veadeiros (foto: Alexandre Cappi)
Turistas estrangeiros na Chapada dos Veadeiros (foto: Alexandre Cappi)

O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, primeira unidade de conservação que criou a obrigatoriedade de o turista ter um guia o acompanhando durante a visitação, e uma das últimas que matinha tal exigência, acaba com a regra a partir deste ano, segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

O regulamento foi criado em 1991 pela primeira gestora do parque, e acabou virando modelo para outras unidades de conservação. Naquela época, existiam muitos garimpeiros que estavam sem emprego por conta da criação da unidade, além de o parque ter uma equipe reduzida para a quantidade de turistas. Para solucionar os dois problemas, a regra foi então criada, e os antigos garimpeiros treinados para atuarem como guias.

“Anos depois, em uma reunião em Brasília, a própria gestora reconheceu que havia ‘criado um monstro’, em suas palavras, e que a administração do parque havia se tornado refém de uma verdadeira máfia [dos guias]”, disse ao Webventure uma fonte próxima ao ICMBio, que pediu para não ser identificada.

Já em 2008, o próprio instituto emitiu uma portaria que estabelece como princípio que, exceto em casos de excepcional fragilidade do ecossistema, a contratação de condutores não deveria ser por imposição, mas apenas uma recomendação. O plano de manejo do parque, de 2009, também estabelece que o serviço fosse apenas uma indicação.

Agora, a Veadeiros passa por um processo de adequação às mudanças. Uma das necessidades é colocar sinalização nas trilhas e em locais que ofereçam perigo, principalmente. “Primeiro vamos abrir [sem guias] a Trilha dos Saltos do Rio Preto e, depois, a dos Cânions. A primeira deve ficar pronta ainda neste ano”, diz Leonardi Schumm, gestor da reserva.

O fim da obrigatoriedade de guia é um desejo antigo da maioria dos praticantes de atividades ao ar livre. “A contratação de um monitor, local ou não, significa a morte da possibilidade da prática amadora de esportes de aventura nas unidades de conservação onde foi implantada”, diz André Ilha, do Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro.

Ele conta que nos Estados Unidos e na Europa “qualquer pessoa é livre para entrar em um parque e praticar livremente o seu esporte predileto, respeitadas, evidentemente, as normas gerais da unidade e, eventualmente, certas restrições específicas e justificadas. Isso é o correto”.

“Hoje temos convicção de que a obrigatoriedade afeta negativamente a experiência de muitos visitantes e provoca a redução deles”, diz Ernesto de Castro, Coordenador de Uso Público do ICMBio e a pessoa que deu a boa notícia no último dia 8 de abril. “Mas, o instituto valoriza o trabalho dos condutores e recomenda sua contratação. O que queremos é atender também aos visitantes que buscam outras experiências e não desejam contratá-los”.

Ernesto afirma que em algumas unidades a contratação ainda é obrigatória, “mas o ICMBio vem trabalhando para limitar esta obrigatoriedade a ambientes de baixíssima resiliência, onde um eventual impacto levaria muito tempo para se recuperar, como em cavernas com espeleotemas ou recifes de corais”.

Este texto foi escrito por: Pedro Sibahi

Last modified: abril 13, 2012

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