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Atletas contam histórias de amor e agonia na Chapada dos Veadeiros

Redação Webventure/ Corrida de aventura

Larissa e Luis garantiram sozinhos o apoio da Papaventuras (foto: Pedro Sibahi)
Larissa e Luis garantiram sozinhos o apoio da Papaventuras (foto: Pedro Sibahi)

Tudo que envolve relações humanas traz em si algum tipo de contradição. No Ecomotion/Pro, a maior prova de corrida de aventura da América Latina, isso não é diferente. Em meio a competição acirrada e um verdadeiro teste de sobrevivência, ocorrem ao mesmo tempo dramas e alegrias que marcam a vida de seus personagens.

O pedido. Entre as equipes que se aproximavam da linha de chegada na noite de sexta (18), houve uma que criou expectativa extra, apesar de estar longe das primeiras colocações.

Era a Eu Vou Adventure Team, formada por cariocas e paulistas. A maioria dos que aguardavam já sabiam do segredo: o atleta Francisco Spignardi iria pedir sua namorada Mariana Malufe em casamento.

Ela era uma das únicas pessoas que não sabia da surpresa. Também corredora de aventura, Mariana não pode participar da prova e tinha acabado de chegar em Alto Paraíso para assistir a chegada de seu amado. Quando a equipe completou o percurso, aconteceu toda a comemoração de costume, mas dava para sentir uma expectativa a mais no ar.

Todos se aglomeraram em torno de Francisco, que foi puxado por uma repórter para contar o que sentia. Em seguida Mariana se aproximou e, entre soluços e lágrimas, ele disse: “Quer casar comigo?”

Os amigos e familiares que estavam em volta gritavam de alegria pelo casal, que é um exemplo da união proporcionada por esse esporte. “Depois de uma prova nossa relação fica muito mais forte”, afirma Francisco. “Nosso relacionamento é muito natural. Eu tenho orgulho da força de vontade, do otimismo e da capacidade de fazer as coisas que ele tem”, completou a noiva.

Apesar do cenário ser belíssimo, nem tudo são flores no percurso. Para a equipe Olhando Aventura Vidativa, o principal desafio do Ecomotion se multiplicou por três. Eles se perderam por aproximadamente 60 horas no segundo trekking de orientação, ficaram sem comida, água e comunicação.

“Estávamos na Serra do Paranã, que tem vários topos, e é um local de captação de água, parece um charque”, explicou Daniel Romero. “Lá o capim é igual dos dois lados da montanha. Depois que chegamos no PC 8 [no topo da serra], não achamos o caminho e perdemos muito tempo”, completou.

A equipe precisou racionar 300 mililitros de água por quase um dia. Eles ainda tentaram usar o rádio para pedir resgate, mas apenas conseguiam ouvir as conversas da organização. No final, decidiram retornar para o posto de controle anterior e acabaram cortando parte do percurso de carro para terminar a prova.

“No terceiro dia me perguntaram pra onde ir e eu falei: ruma pra cidade e vamos direto. O que demoravam 10 horas pra fazer, nós fizemos em três. Aí vimos que o caminho não era tão difícil, o lance era ir pela parede da serra, sem encontrar ninguém pelo caminho”, contou Daniel. Para ele, a prova de aventura se trata de pegar um problema, gerenciá-lo, procurar soluções, tudo em um pequeno espaço de tempo.

Segundo Arnaldo Maciel, companheiro de grupo, essa provação mostrou que a competição entrou em um novo patamar. “A capacidade técnica que a prova exigiu, estabelece também uma mudança de perfil de quem faz Ecomotion”, avaliou. Para ele, a prova era um modelo expedicionário aberto para todos os níveis de atletas, e agora se tornou profissional. “Mas se é o que a Shubi quer, está certíssima”, completou.

Umas das estrelas do Ecomotion não estava na corrida, mas seu desempenho e perseverança receberam até uma homenagem especial durante a premiação.

A pequena Larissa Schneider, 12 anos, fez todo o apoio para a equipe Papaventuras, onde correram seus pais Valmir e Rose. No final, a equipe ficou em quinto lugar na classificação final.

Junto com o amigo Luis Carlos, de 27 anos, Larissa preparava comida, arrumava os equipamentos e até levou bicicletas para um ponto de transição, depois que a Kombi onde andavam atolou na lama. “Eu acho tudo divertido, dá para conhecer muita gente e coisas novas”, contou a menina, que estava no Ecomotion pela primeira vez.

Apesar da idade, Larissa já corre provas menores no Rio Grande do Sul, como o Circuito Tchê, de 25 a 50 quilômetros. “Na última vez que participei de uma prova, ela correu com o pai e terminou uma hora antes de mim”, conta Luis.

Determinada ela deve despontar como um dos novos rostos no esporte. “Assim que eu fizer 16 anos, vou para o Ecomotion com meu pai e minha mãe”, disse a jovem.

Este texto foi escrito por: Pedro Sibahi

Last modified: maio 21, 2012

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Redação Webventure
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