Foto: Pixabay

A fotografia com luz e sombra natural

Redação Webventure/ Destino Aventura

São Paulo - Klabin (1) (foto: Jurandir Lima / Trilhas  Trilhas )
São Paulo – Klabin (1) (foto: Jurandir Lima / Trilhas Trilhas )

Muitas vezes você produz uma foto e, ao mostrar para um amigo, ele diz: “Nossa, que céu azul, tão perfeito! Você conseguiu isso no photoshop?”. Realmente, em tempos da era digital e novas tecnologias que surgem a cada dia, tornou-se cada vez mais fácil manipular imagens em computador e conseguir resultados que agradam até o “papa”, mas não devemos esquecer de que a fotografia sempre foi, e continuará sendo, uma grande arte embora muitos não a considerem arte independente do equipamento que se utilize, seja com película (filme) ou digital.

Segundo a definição, a palavra fotografia vem do grego: fós = luz e grafis = pincel, que significa “desenhar ou pintar com luz”. Para ilustrar esta definição, fiz uma sequência de cliques registrando o movimento das nuvens, que, por sua vez, demonstram um dos principais elementos da fotografia: as luzes e sombras naturais. Diante do conceito, para registrar essa “virtude” da natureza, é fundamental que o artista da fotografia (entenda-se: o fotógrafo), deva ter alguns atributos que vão lhe proporcionar resultados de caráter artístico. Um destes atributos é a paciência.

As imagens foram capturadas no primeiro dia de outono/2010, no bairro Klabin, em São Paulo. O intervalo entre uma e outra foi de aproximadamente oito minutos. Na primeira delas, o céu possuía uma nuvem que causava sombra nos prédios. Já na segunda imagem, algumas edificações ficaram irradiadas enquanto outras permaneceram sombreadas. Na terceira composição fotográfica, a nuvem moveu-se completamente permitindo que o sol atingisse todos os prédios. É interessante observar que entre a primeira e a terceira fotografia o céu mudou totalmente de figura. A última delas apresentava pequenas nuvens, que coincidiam com o topo de cada prédio, dando a impressão de chaminés com a fumaça saindo.

Se quiser explorar melhor esse princípio, também é recomendável fotografar em distintas épocas do ano para notar as diferenças que o céu apresenta em cada estação. Por exemplo, no verão costuma ficar mais carregado de nuvens, sobretudo nos dias mais quentes quando ocorre uma grande evaporação e, às tardes, acontecem as “temidas” pancadas de chuva. Veja as imagens 04 e 05.

Exercício de paciência – Da mesma forma, comparativamente, o mesmo ocorre quando se registra um local que não tenha interferência antrópica (modificada pela ação do homem). Nesse ambiente, às vezes, é necessário não apenas alguns minutos para capturar o tão esperado momento, mas sim esperar horas ou até mesmo dias. Uma experiência aconteceu no Parque Nacional Itatiaia, localizado na Serra da Mantiqueira, entre São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Por ser uma região montanhosa, lá existe um fenômeno conhecido como micro-clima e, naturalmente, a situação do céu poder variar a qualquer instante. Isso resulta, principalmente, em função dos ventos e das massas de ar, que, hora vem do oceano, hora vem do continente.

O motivo fotografado foi o Pico das Agulhas, com 2.792 metros de altitude (o quinto mais alto do Brasil). As três imagens foram registradas em momentos distintos: a primeira na primavera (novembro/2009); a segunda e a terceira foram no verão (fevereiro/2010), com um intervalo de dois dias entre ambas.

Percebe-se, nitidamente, na primeira imagem que o céu encoberto não foi nada favorável. Nas demais, consegui uma condição de iluminação que é considerada rara no Itatiaia, isto é, praticamente sem nuvens “tocando na grande montanha”. Posso dizer que, entre as 45 vezes em que estive neste Parque Nacional, a terceira composição fotográfica foi a melhor delas, até então. Naquele momento, quando já estava próximo do por-do-sol, formou-se uma imensa nuvem ao redor, deixando evidenciado apenas os contrafortes do Agulhas Negras. Assim, a natureza mostra toda a sua magia!

Para finalizar, recrio um trecho escrito por Carlos Drummond, que ilustra o quão arte é a fotografia: “Mas é inevitável que de cada procedimento técnico, exercido com amor e rigor, se desprenda uma poesia específica. Mais ainda no caso da fotografia, cujo vocabulário já participa da magia poética a gelatina, a imagem latente, o pancromático e cujas operações se assimilam naturalmente às da criação poética a sensibilização pela luz, o banho revelador, o mistério da claridade implícita no opaco, da sombra representada pelo translúcido ó Mallarmé”.

Portanto, nos próximos cliques, em vez de ficar horas e horas na frente do computador manipulando o photoshop, que tal investir seu tempo – com um pouco de paciência, é claro! e registrar os fenômenos da natureza como “Deus” os criou? Garanto que poderá ter boas surpresas!

Nota 1: Nas imagens urbanas, utilizei uma câmera digital Nikon D60, com objetiva Nikon AF-S 18-55mm f/3.5-5,6 VR. O white balance foi ajustado na posição nublado e ISO 100.

Nota 2: Nas imagens da natureza, utilizei uma câmera digital Nikon D300, com objetiva Nikon AF-S 17-35mm f/2.8. O white balance foi ajustado na posição nublado e ISO 200.

Nota 3: Para não haver interferência na captura das imagens, foi usado apenas o filtro UV, que serviu para proteção das objetivas.

Jurandir Lima engenheiro ambiental, fotógrafo da natureza e diretor da Trilhas & Trilhas Ecoturismo, que realiza expedições fotográficas e passeios ecológicos por todo o Brasil. Visite: www.trilhasetrilhas.tur.br

Este texto foi escrito por: Jurandir Lima, especial para o Portal Webventure

Last modified: abril 4, 2010

[fbcomments]
Redação Webventure
Redação Webventure