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A ex-biker profissional Jaqueline Mourão treina bikers adolescentes

Redação Webventure/ Biking, Outros

A atleta Raiza Goulão Henrique (foto: Divulgação atleta)
A atleta Raiza Goulão Henrique (foto: Divulgação atleta)

Passar os seus conhecimentos de atleta para jovens talentos. Este foi o principal objetivo da ex-biker profissional Jaqueline Mourão ao lançar, em 2009, o projeto MTeenB. “Ele nasceu de uma necessidade minha de passar a jovens atletas o que eu aprendi sozinha, compartilhando o que deu certo e o que deu errado”, contou ao Webventure a tetracampeã brasileira de cross-country e a primeira brasileira a se classificar para uma Olimpíada na categoria mountain bike, em 2004.

Hoje a mineira de 35 anos mora no Canadá, onde treina e compete no biatlo (combinação de esqui cross-country e tiro ao alvo). Atualmente, Jaque está treinando para as Olimpíadas de Inverno de 2014, na Rússia, e divide a sua rotina entre os treinos para os jogos, as aulas que ministra via internet como treinadora de ciclismo e as atividades do MTeenB.

As aventuras do primeiro intercâmbio
Jaqueline conta que no primeiro ano do MTeenB, em 2009, poucas meninas se interessaram pela clínica chamada Under my Wing (debaixo de minha asa), que aconteceu no Brasil, como a primeira parte do projeto, até então focado nas mulheres (a parte dois seria um intercâmbio internacional, que não rolou nesta edição). Apenas 30 ciclistas de 16 a 21 anos se candidataram para as 30 vagas. “Foi um fim de semana inteiro comigo, no qual elas puderam aprender técnica, fisiologia do esporte, fisioterapia, prevenção de lesão, dentre outras informações”.

Já em 2010, mais de 50 meninas preencheram um questionário qualificatório e 24 foram selecionadas. Desta vez, a faixa etária foi mais ampla, entrando bikers de 13 a 21 anos. “Percebemos que para formar um atleta, precisamos pegá-la na base”, explica Jaqueline.

Dentre essas 50 jovens, quatro foram escolhidas (mais dois garotos selecionados por meio de resultados de provas) para um intercâmbio no Canadá. “A viagem durou um mês e meio e os jovens competiram em etapas de provas regionais, além de assistirem ao campeonato mundial, uma oportunidade única de estarem em contato com os melhores atletas do mundo”, relembra Jaqueline.

Mesmo com o apoio da Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC), que bancou a ida do pessoal para o Canadá, e da Scott Bicicletas, o intercâmbio recebeu outros tipos de “apoios” “Foi uma coisa estilo homemade”, conta Jaque. “Eles ficaram hospedados na minha casa e eu ainda estava grávida na época. Mas contamos com a ajuda de amigos e vizinhos: um deu os uniformes, outro emprestou a carreta para transportar as bicicletas, outro as camas”, diz.

Já a terceira edição do projeto começou em abril deste ano, com uma clínica durante a Copa Internacional de MTB, em Araxá (MG). “Desta vez, eu analisei o desempenho das candidatas durante a própria prova”, conta. E as meninas mandaram bem: praticamente todas que subiram ao pódio na categoria amador sub23 eram do projeto.

Jaqueline selecionou então três atletas para o segundo intercâmbio (Raiza Goulão Henrique, Bruna Rafaela de Moura e Nicolas Sessler), que seguiram no começo deste mês de julho para a quarta etapa da copa do mundo de cross-country, que rolou em Quebec, no Canadá (o trio ainda está lá).

Raiza terminou a prova em 15º lugar na categoria sub23, conseguindo finalizar o percurso na mesma volta da bicampeã mundial francesa Pauline Prevot. Já Bruna finalizou em sétimo na júnior feminina e Nicolas na 12º posição da júnior masculina, chegando a revezar a frente do pelotão com o eslovaco Frantisek Lami.

Os resultados foram mais do que excelentes, se comparadas as condições. “Uma das diferenças é o terreno. Aqui no Canadá, a exigência técnica é muito alta”, explica Jaque. Outra distinção, segundo Jaqueline, é que as atletas canadenses começam a competir aos 11, 12 anos de idade, já nesses circuitos supertécnicos. “Além disso, eles competem e crescem juntos, com a performance aumentando a longo prazo, junto com a idade. Isso gera atletas mais completos e uma competitividade que não tem aí no Brasil.” Mas com a ajuda de pessoas como Jaqueline, as nossas garotas chegam lá!

Este texto foi escrito por: Amanda Nero

Last modified: julho 15, 2011

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