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Tipos de botas para a montanha

Redação Webventure/ Montanhismo

Há alguns anos atrás, quase todas as botas eram feitas de couro, mas alguns materiais mais modernos trouxeram certas vantagens no desempenho. Botas plásticas e botas de caminhada mais leves juntamente com as clássicas botas de couro são equipamentos comuns para viagens em ambientes selvagens, embora o couro seja ainda a primeira escolha para um montanhismo comum, não especializado.

Botas de couro – Uma bota de montanha comum é um meio termo entre exigências conflitantes. Ela deve ser robusta o suficiente para suportar os arranhões das rochas, rígida e sólida o suficiente para fazer degraus na neve dura e ainda suficientemente confortável para caminhadas de aproximação. Em um dia de escalada, as botas podem enfrentar riachos, lama, troncos derrubados, matagal, cascalho, neve dura e rochas escarpadas.

A bota de couro clássica tem as seguintes características: cano alto para proteger o tornozelo em terreno acidentado; solas de Vibram para tração sobre vegetação escorregadia, lama e neve; sola intermediária para isolamento e absorção de choques; e uma haste semi-rígida.

O comprimento e rigidez da haste de uma bota é um quesito muito debatido. O comprimento ideal depende de como a bota será usada. Para caminhadas, escaladas fáceis na neve e rotas sobre rocha, escolha uma bota semi-rígida, ou seja, com meio comprimento de haste de nylon ou de fibra, o que torna a bota razoavelmente flexível.

Botas usadas basicamente para escaladas técnicas em gelo ou rotas de dificuldade em montanha são vantajosas se forem plásticas ou possuírem uma haste de comprimento total, tornando-as rígidas. As botas plásticas ou rígidas não são boas para caminhar mas reduzem a fadiga nas pernas, quando são usadas as pontas frontais do crampon ou estando em pé sobre pequenas agarras na rocha.

A sola das botas deve ser unida à parte de cima por meio de duráveis métodos de costura, como a vira norueguesa considerado o mais durável. A vira deve ser estreita para evitar que a bota dobre em pequenas agarras. Outras características desejáveis nas botas são as seguintes:

  • O melhor é que a boca seja larga, assim, mesmo que a bota esteja congelada ou molhada, poderemos vesti-la com facilidade;

  • Um mínimo número de costuras, para diminuir os lugares por onde a água pode passar;

  • Uma língua do tipo fole, para evitar que a água entre facilmente na bota;

  • Duas ou três camadas de couro ou tecidos em áreas de alto desgaste (calcanhar e dedos);

  • Contorno dos dedos (biqueira) rígido, construído para proteger o pé, reduzir a pressão causada pelas correias do crampon e facilitar os chutes para progressão em neve dura;

  • Contorno do calcanhar rígido para aumentar a estabilidade e facilitar o afundamento em descidas íngremes sobre encostas nevadas.

    Botas de caminhada (hiking ou trekking) – Progressos na tecnologia de botas têm levado à evolução das botas de caminhada Feitas de couro e nylon, estas botas pesam de um terço até a metade do peso das botas tradicionais. Ainda são robustas o suficiente para caminhadas em três estações sobre terreno moderado. A parte de cima destas botas são coladas ao solado, eliminando a necessidade da vira. Certifique-se que as botas são altas o suficiente para proteger o tornozelo, que um rígido contorno envolva os dedos e calcanhar e que as áreas de abrasão sejam reforçadas.

    Vantagens das leves botas de caminhada incluem o custo reduzido, aumento da ventilação, melhorias no conforto e secagem rápida. Entretanto não são tão duráveis, não podem ser feitas à prova d’água como as botas de couro e carecem de peso e rigidez para progressões em neve firme. Sobre terrenos difíceis e sobre neve, as botas de couro ainda são as preferidas.

    Botas plásticas – As botas plásticas, originalmente desenhadas para escalada técnica sobre o gelo, encontraram um amplo mercado entre os montanhistas comuns interessados em rotas de neve ou escaladas invernais. a capa plástica da bota é impermeável. A bota interior, separada, permanece seca e mantém os pés aquecidos. Este botim interno pode ser removido, auxiliando a secagem e a transpiração.

    As botas plásticas precisam adequar-se bem desde o começo porque a forma rígida não se moldará ao pé com o tempo; em outras palavras, as botas plásticas não amaciam. A rigidez relativa da bota e o auto grau de aquecimento do botim fazem com que ela seja uma péssima escolha para o uso geral em trilhas. Quando experimentar as botas plásticas, tenha certeza de que elas não apertam os pés. Os pés incham em altas cotas e as botas plásticas são normalmente usadas para expedições em alta altitude.

    O tamanho adequado – Se você está procurando botas de couro, plásticas ou leves de caminhada, o tamanho apropriado é decisivo. Tente várias opções e estilos, com meias semelhantes às que você usará em uma escalada. Esteja certo de trazer os dispositivos ortopédicos (palmilhas, tornozeleiras, protetores de calo, etc.) que você planeja usar dentro das botas. Vista a bota na loja por vários minutos para dar às meias tempo de se comprimirem em torno dos seus pés.

    Então, note se as botas possuem alguma costura desconfortável ou rugas e se elas apertam contra o pé ou tendão de Aquiles. Em botas de tamanho devidamente apropriado, você deve sentir seus calcanhares firmemente ancorados no lugar enquanto seus dedos tenham bastante espaço para se movimentarem e não fiquem espremidos contra a biqueira quando você pressioná-los à frente. Botas muito apertadas diminuem a circulação sangüínea, causando esfriamento dos pés e aumentando a susceptibilidade ao congelamento. De outro modo, botas folgadas causam bolhas.

    A maioria das pessoas ficam com os pés inchados com o decorrer do dia, então, para melhor ajuste, considere isto ao comprar botas no período da noite. Escolhendo entre uma bota larga e uma apertada fique com a bota larga. Você pode preencher o espaço com uma meia fina e a maioria das botas pode encolher quase meio número com o tempo (porque o bico da bota tem a tendência de enrolar).

    Cuidados com a bota – Com cuidado apropriado, boas botas podem durar muitos anos. Mantenha a bota sem mofo lavando-a freqüentemente. Depois de lavada, encha de jornal ou coloque dentro uma fôrma e seque-a em uma área aquecida (não muito quente!) e ventilada. O calor pode danificar, na vira, os adesivos usados para colar a sola. Por isso, evite secar ou guardar as botas em temperaturas elevadas.

    As botas secadas em fogueiras poderão descolar a sola ou queimar, além de ressecar o couro. A sola da bota normalmente gasta antes que a parte de cima. Botas de boa qualidade podem ser ressoladas, embora isto possa mudar o tamanho original porque novas solas apertam o tamanho um pouco.

    Durante um passeio, a água pode entrar na bota pela boca e através do couro e costuras. As polainas evitam que a água penetre por cima da bota. Produtos impermeabilizantes aplicados ao couro e às costuras evitam que a água entre na bota.

    Com botas de couro novas, trata-se primeiramente a vira com um produto impermeabilizante desenvolvido para este propósito. Este processo precisa ser repetido periodicamente. As botas precisam estar limpas e secas, com toda a cera removida. Aplique o material diretamente sobre os fios e buracos dos pontos de costura; deixe secar antes de aplicar o produto no resto da bota. Alguns fabricantes usam borracha vedante para vedar a vira, uma característica desejável que simplifica a manutenção da bota e mantém seu pé seco.

    Aplique o impermeabilizante nas botas um dia ou dois antes de viajar para dar ao produto tempo para penetrar no couro. A composição do impermeabilizante usado sobre o couro da parte de cima da bota depende de como o couro foi curtido, então, siga as recomendações do fabricante. O nylon de algumas botas leves de caminhada é difícil de selar completamente, mas você pode deixá-lo mais resistente à água aplicando sprays a base de silicone. Seja o que for que você use sobre suas botas, aplique freqüentemente se você espera manter seus pés secos.

    Após usar botas plásticas remova o botim interno e limpe-os com sabão suave e água. Remova qualquer destroço ou pedaço de material que tenha permanecido dentro da bota plástica para prevenir abrasões e excessivo desgaste entre as botas interna e externa.

    Calçados especiais – Dependendo da viagem, um escalador pode usar um tipo de bota para a marcha de aproximação, outro tipo de calçado para usar no acampamento e ainda um outro tipo para escalar. Se você pode se dar ao luxo de calçados adicionais e está disposto a carregar o peso extra, considere estas opções:

  • Calçados leves, flexíveis para longas caminhadas, cruzar riachos e usar no campo base. Eles têm menos probabilidade de causar bolhas e são mais fáceis de vestir. Entretanto, estes calçados leves podem não proporcionar o suporte necessário ao carregar uma mochila pesada;

  • Calçados de camping podem ser: botinhas de tecido, para dormir aquecido e confortável e tênis ou sandálias, que darão chance das botas secarem;

  • Meias leves de trama e nylon para acampar e cruzar riachos. Elas são bem leves, têm uma sola tipo “waffle” (quadriculada) para tração e secam rapidamente, mas não dão nenhum suporte;

  • Calçados especiais para escalada técnica em rocha;

  • Botas de canela inteira que podem ser usadas com crampons rígidos para escalada no gelo.

    Texto escrito pelo corpo de guias do Clube Paranaense de Montanhismo.

    Este texto foi escrito por: Webventure

    Last modified: setembro 19, 2000

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