Foto: Pixabay

Sua aventura deixa más recordações à natureza?

Percorrer uma trilha, caminhando, pedalando, acelerando… nada melhor! Mas já olhou para trás? Cada um vai deixando suas pegadas, marcas de pneus, enfim, seu impacto sobre a natureza. E não é só: imagine quando as lembranças deixadas incluem embalagens vazias, restos de comida, equipamentos abandonados… Pense só nisso: a sua ‘herança’ no local da aventura é o que vai ficar para tantas outras pessoas que virão depois de você. Quem já chegou num belo lugar e encontrou sujeira, destruição, sabe o que significa não conservar.

Nesta quarta matéria especial da Semana do Meio Ambiente, o Webventure explica os impactos de determinados esportes de aventura na natureza. Mas a regra para prevenir é basicamente dividida em três: não deixe lixo, não tire nada do lugar, não destrua o que está lá.

No ano passado, uma atitude de uma empresa que promove o rapel no complexo do Baú, um dos maiores points de escalada do Brasil (localizado no interior de SP), causou reboliço entre montanhistas porque perfurou uma rocha para a colocação de pinos (spits), que dão segurança à técnica de descida da montanha (leia matéria completa). A discussão chamou a atenção para o limite entre a atuação do homem para conseguir seu lazer e o respeito que se deve ter com a natureza.

Na “briga” entre as duas forças, nem sempre o homem vence o próprio montanhismo já perdeu grandes nomes, como recentemente o norte-americano Alex Lowe, em avalanches que não se pode prever e muito menos deter. Sendo assim, o maior conselho é: não acredite que só porque você pretende realizar sua aventura nada poderá impedí-lo, nem equipamentos mal-conservados, falta de conhecimento ou a ação da natureza.

“Por outro lado, penso que não devemos ser radicais. Se dissermos aqui que não se pode fazer nada ao ar livre porque prejudica o meio ambiente, então teremos que ficar em casa assistindo TV”, diz Cláudia Vieitas, especialista em meio ambiente e educação da editora Horizonte Geográfico. Ela, que por 10 anos trabalhou no projeto TAMAR e já teve sua própria agência de ecoturismo, a Biotrip, foi a consultora do Webventure para indicar os impactos que as modalidades mais conhecidas podem produzir.

Um dos aspectos destacados por Cláudia foi a ação de abrir novas trilhas e atalhos em locais que já possuem um caminho determinado. “Quando você vai ver, tem dez trilhas abertas sem a menor necessidade.” Isto vale para trekking, montanhismo e até mesmo para o rafting, pois é preciso ter uma saída e uma entrada para os rios por onde se carrega o bote. “E não é um caminho estreitinho, pois é preciso mais espaço para passar com este equipamento”, lembra ela.

É preciso prestar atenção para não destruir a vegetação que fica às margens dos rios, pois ela serve para proteção do mesmo contra enxurradas, por exemplo, e para a sobrevivência da fauna e flora locais.

Outro incidente mais freqüente são árvores e pedras arrancadas ou derrubadas em ancoragens para práticas como o rapel e o canionismo. “Antes de tudo é uma questão de segurança: não amarre nada em árvores fracas, velhas ou apodrecidas, ou rochas meio soltas”, alerta. Nada de arrancar flores ou plantas pelo caminho para levar como souvenir ou facilitar a passagem.

Olhe por onde nada – Na água, cuidado redobrado. Mergulhadores devem ser cautelosos para não esbarrar as nadadeiras em corais ou paredes, arriscando levar dali uma alga ou ouriço. Também não é bom bater os pés no fundo, pois isto levanta areia e torna a água escura. “Você agride os animais que ali vivem se aquele for um local de água clara”, destaca Cláudia.

Atenção com objetos levados consigo em barcos e nos botes de rafting: amarre tudo muito bem para que não caia ao acaso dentro do rio ou do mar. “Agora, dizer que só porque a pessoa caiu na água ela já está poluindo, acho radical demais”, diz a consultora.

Em resumo: “a prática de esportes de aventura e o ecoturismo é de baixo impacto quando realizada em pequenos grupos pequenos e que observam o ambiente sem maiores danos”.

Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira

Last modified: junho 8, 2001

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