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Sellmer destacou os segredos de fotografar

Torres del Paine  comentado por Sellmer como um dos mais belos locais do mundo. (foto: Arquivo Bruno Sellmer / Techimage)
Torres del Paine comentado por Sellmer como um dos mais belos locais do mundo. (foto: Arquivo Bruno Sellmer / Techimage)

Bruno Sellmer encerrou em grande estilo o segundo ano do Circuito Webventure de Palestras na noite de ontem, em São Paulo (SP). Mesmo com a chuva que outra vez trouxe o caos para a cidade, o auditório da academia Competition lotou. O público-recorde do circuito foi atraído pelo tema “Fotografia de Natureza”.

Experiente em aventura e natureza como espeleólogo, Sellmer foi integrante de grupos de descobriram belíssimas paisagens do Petar, que ele diz conhecer “como a palma da mão” e professor de fotografia, ele deu algumas preciosas dicas para se conseguir fotos mais bonitas. Para ilustrar cada uma, dezenas de fotos produzidas ao longo da carreira em locais como o próprio Petar, Pantanal, o parque Torres del Paine (Chile) e a Antártica.

Qual equipamento? – Muitas dessas dicas eram bastante simples e tinham um tema básico: composição. “Aliás, todo mundo pensa que para fazer fotos belíssimas precisa de um superequipamento. A maioria das fotos que eu fiz poderiam ser feitas com as máquinas mais simples”, diz Sellmer.

Falando em equipamentos, ele lembrou que as digitais não têm só facilidades como não precisar de centenas de filmes. “Elas exigem mais conhecimento. Agora, além de entender de fotografia, você precisa conhecer resolução, o que é pixel, filtros eletrônicos, etc.”

Com bom humor, Sellmer lembrou uma situação comum. Passado o feriadão ou as férias, todo mundo traz suas fotos para mostrar aos amigos. “E aparece aquela série de fotos do melhor amigo posando. A pessoa só chega ao fim do álbum por questão de educação e não por estar gostando das fotos”.

Alvo no centro? – O segredo para fotografar aquela viagem é mesclar imagens de paisagens e movimento de pessoas, sem esquecer de detalhes como texturas diferentes. Para isso, ele lembrou princípios como: “Tire o motivo da sua foto do centro; aquela bolinha no centro da câmera serve para fotometria, não é uma mira para que você coloque o motivo no centro e dispare”. E ainda: “evite as fotos posadas. Procure movimentos expontâneos.”

Para quem já tem conhecimentos mais avançados e quer investir em equipamentos, Sellmer destacou a lente grande angular como um recurso interessante. “Se quiser destacar um objeto sem perder a paisagem de fundo, ela lhe dá profundidade de campo. Você chega perto e mantém o fundo em foco. Eu digo que ela traz o motivo da minha foto para o contexto”.

O excesso de cuidado com a máquina, segundo Bruno Sellmer, faz qualquer dica ser vã. “Máquina muito guardada não faz foto. Eu dou à minha máquina o mesmo conforto que dou ao meu corpo. Se eu tiver que me ralar no meio de um trekking ou numa caverna, o equipamento vai ralar também. É lógico que eu não vou deixar isso acontecer de bobeira”.

E emendou: “Se você acha que as fotos são feitas da estrada, sem sair do caminho, pode ter certeza que está enganado. Muitas vezes é preciso sair de onde estamos para conseguir uma boa imagem. Saia da zona de conforto para fazer fotos mais bonitas e inusitadas.”

“Causos” – E foram mais de duas horas de dicas e dúvidas solucionadas, recheadas com as situações curiosas vividas pelo fotógrafo como o jacaré que nadou em sua direção no Pantanal ou a foca presa à sua barraca, na Antártica.

Mesmo depois da palestra, Sellmer atendeu muita gente querendo saber mais. E só depois calçou de novo as botas. Isso mesmo: ele prefere dar aulas e palestras apenas de meias. “Eu gosto de ficar assim, mas não achava legal fazer isso quando estava com alunos ou expectadores; até que um dia assisti a uma palestra do Amyr e ele estava de meias. Então, relaxei. Assim me sinto melhor”.

Em ação – O trio Sandra, Marcos Siviero e Ana Paula Malavazi saiu da palestra disposto a aplicar as dicas de Sellmer no dia seguinte. “Vamos viajar para Lambari, local de muitas cachoeiras. Achei que várias dicas foram importantes para que está começando, como eu. Mas alguns nomes e termos eu ainda não entendo”, diz Ana Paula.

Encerrada com Sellmer, a edição 2002 do Circuito Webventure de Palestras, com apoio da Competition, contou ainda com as palestras de Luciano Pires (O Meu Everest), Sérgio Zolino (Corrida de Aventura) e Leonardo Arantes (Cicloturismo). Todos os agasalhos doados pelos participantes serão entregues à UNIBES. Até o próximo ano!

Confira algumas outras dicas de Bruno Sellmer na palestra.

Céu
“Se o chão não tem nada de especial naquilo que você está fotografando, dê espaço para o céu. Além de ser mais agradável, não há problema se, como fundo na foto, ele sair desfocado: as nuvens só vão parecer mais felpudas.”

Flor
“Todo mundo gosta de fotografar flor. Mas não se deve fotografar de qualquer jeito. Flor, para as pessoas em geral, é um arranjo que se põe na mesa, na sala. Então, na hora de fotografar, devemos arranjar, procurar compôr a foto. Para conseguir bons resultados, sempre encha o mais possível o quadro com as flores.”

Raios
“Todo mundo acha difícil fotografar raio, porque acontece muito rápido. Mas se você vir os raios caindo num mesmo lugar pode posicionar o tripé e a câmera e, quando cair o próximo, faça a foto. Os raios ficam tempo suficiente para que a foto seja feita.”

Macrofotografia
“Coloque uma objetiva tele com cerca de 200mm ou mais na máquina. Se for zoom, não tem problema, basta que ela esteja ajustada em 200mm. Coloque-a na menor abertura possível. Pegue aquela objetiva 50mm que você tinha guardada. Com auxílio de uma fita isolante, prenda uma objetiva na outra, sendo que a objetiva 50mm ficará invertida na frente da objetiva principal e deve estar na maior abertura. Coloque o conjunto num tripé bem firme e boas fotos.”

Este texto foi escrito por: Webventure

Last modified: novembro 29, 2002

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Redação Webventure
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