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Saiba tudo o que aconteceu no Rally dos Sertões 2010

Redação Webventure/ Sertoes

Pilotos de moto são os que mais sofrem acidentes (foto: Theo Ribeiro)
Pilotos de moto são os que mais sofrem acidentes (foto: Theo Ribeiro)

O Rally dos Sertões completou a maioridade, e aos 18 anos, muitas novidades e muitas primeiras vezes aconteceram nesta edição. Nos 4.486 quilômetros de prova e seis Estados visitados, os competidores estrearam, venceram pela primeira vez, competiram com um veículo novo e também levaram para casa títulos mundiais e o reconhecimento da segunda maior prova off-road do mundo.

Entre as motos, a primeira vez foi uma constante durante os dez dias de disputas e o destaque fica para Felipe Zanol, debutante na competição e maior vencedor de especiais contando com o Prólogo no Sertões: cinco no total. E logo em sua primeira vez, a segunda colocação na classificação geral e o título da categoria FIM Production, deixando para trás renomados pilotos nacionais e internacionais.

Marc Coma, conhecido no mundo todo, três títulos mundiais e duas vitórias em Dakares na bagagem. Já havia participado duas vezes do Sertões em 2006 (não copletou) e em 2009 (4º lugar), mas 2010 foi diferente para o espanhol, que completou a prova pela primeira vez e, de quebra, levou o título do Sertões e o quarto título mundial.

Nos quadriciclos, a hegemonia brasileira foi quebrada por um polonês, engajado em desenvolver o off-road em seu país. Rafal Sonik conquistou dois títulos importantes em sua carreira em uma competição: o Rally dos Sertões e seu primeiro título mundial.

Novidades nacionais – Outra estréia importante, tanto para a prova, quanto para a sustentabilidade, foi a vitória da dupla Guilherme Spinelli/ Youssef Haddad a bordo da Mitsubishi Triton movida a etanol. Este foi o primeiro veiculo movido a combustível alternativo vencedor do Sertões. Além do carro de Guiga, foi criada a categoria Pró-etanol, da qual Klever Kolberg foi o vencedor.

Nos caminhões, o vencedor Marcos Cassol dirigiu pela primeira vez um caminhão há cerca de 3 meses, quando Edu Piano o convidou para fazer parte do projeto. O piloto, em sua estréia na categoria, também levou seu primeiro título importante na carreira.

Dos quatro campeões gerais da competição, somente o espanhol Marc Coma garantiu o título sem nenhuma penalização. Rafal Sonik, nos quadris; Guilherme Spinelli/ Youssef Haddad, nos carros e Marcos Cassol/ Rodrigo Mello/ Davi Fonseca levaram punições no Rally dos Sertões.

Nas motos, Marc Coma venceu três etapas das dez disputadas no Sertões, e teve sua liderança vigiada e ameaçada de perto por Felipe Zanol. A diferença entre ambos foi de aproximadamente 15 minutos. O espanhol levou o título de seu primeiro Sertões e também garantiu a quarta vitória no Mundial da modalidade, na categoria acima de 450cm³ de cilindradas . “Disputar o Sertões valendo o título Mundial é extremamente importante porque, ao mesmo tempo que conta pontos, ele também prepara para o Dakar. As outras etapas que temos são muito curtas, equivalente a uma especial do rali brasileiro. E, se quiser ir bem no Mundial, tem que ir bem nos dez dias de prova”, explicou o piloto. David Casteu também faturou o título mundial na categoria 450 cc.

Rafal Sonik, pela primeira vez no Brasil, voltará para casa com o título do Sertões para casa. O polonês liderou a prova após a 5ª etapa e, antes disso, rondou a segunda e terceira posição geral. Impressionado com o país, o piloto comemorou bastante seu primeiro título na prova nacional e também não poderá mais ser alcançado no Mundial. Sonik é o primeiro estrangeiro a vencer a prova. “O rali foi muito difícil, foi um grande desafio para mim. A etapa maratona foi um grande desafio para mim, mas venci e estou muito feliz com o título e de poder estar no Brasil”, disse.

Carros e caminhões – Nos carros, a disputa foi acirrada até a última etapa, como há tempos não se via no Rally dos Sertões. Para apimentar o último dia, uma penalização nos líderes diminuiu pela metade a diferença de Guilherme Spinelli/ Youssef Haddad para Klever Kolberg e Riamburgo Ximenes, que brigavam pela ponta.

Mas Guiga conseguiu administrar bem a última etapa e, mesmo chegando em quinto na última etapa, sagrou-se tricampeão do Sertões ao lado de seu novov navegador, Youssef Haddad. “É uma emoção ainda maior que eu podia esperar. Tivemos a coragem de vir com esse carro no Sertões com pouquíssimos quilômetros rodados antes do rali. Youssef sempre foi nosso engenheiro, mas como navegador fez um trabalho fantástico e superou qualquer expectativa que eu poderia ter. Não cometemos erros e acho que o resultado prova isso. O tricampeonato na geral de carros do Sertões ficou com esse pacote todo novato no rali”, afirmou Spinelli ao cruzar a linha de chegada.

Os peso-pesados do Sertões, divididos em duas categorias (leves e pesados), teve a vitória do caminhão Ford 4000, com o estreante Marcos Cassol pilotando. Em seu primeiro Sertões na categoria, travou uma batalha dia-a-dia com seu irmão, Vanderlei Cassol. De ponta a ponta, piloto garantiu o título, o primeiro de sua carreira no cross-country. “Estou muito feliz. Fizemos um rali cabeça, de gente grande, e chegamos. Tenho que ressaltar ainda que a felicidade é dobrada, porque é dobradinha da Ford, com meu irmão em segundo, e dobradinha da nossa família. Estão todos de parabéns”.

Além dos quatro vencedores gerais, o Rally dos Sertões tem mais 18 campeões de cada sub-categoria. Confira os competidores:

Motos
– FIM Production: Felipe Zanol
– FIM Production Open: Laurent Roger
– FIM Super Production: David Casteu
– FIM Super Production Open: Marc Coma
– CBM Production: André Luiz Montechiari
– CBM Super Production: Marcos Finato
– CBM Sport: Ramon Sacilotti

Quadris
– FIM Quadris: Rafal Sonik
– CBM Quadri Extreme: Rodolfo Pereira Brito
– CBM Quadri 450cc: Rodrigo Varela

Carros
– T1 Protótipos: Guilherme Spinelli/ Youssef Haddad
– T1 Pró-Etanol: Klever Kolberg/ Flávio Marinho
– T2 Production: Vitor Fischer/ Daniel Queiroz
– Super Production: Luiz Facco/ Silvio Deusdara
– T1 FIA: Palmerinha/ Luiz Palú
– T2 FIA: Sven Fischer/ João Stal

Caminhões
– Leves: Marcos Cassol/ Rodrigo Mello/ Davi Fonseca
– Pesados: Ulysses Marinzeck/ Cesar Loureiro/ Adriano Silva

Assim como em todas as competições de off-road, acidentes podem acontecer e nesta edição do Rally dos Sertões não foi diferente. Apesar disso, nenhum competidor saiu da prova gravemente ferido. Confira alguns pilotos que se acidentaram:

Rosaldo Nogueira Fernandes Praxedes, o Bacana, foi a primeira ‘baixa’ da competição. O piloto da categoria motos sofreu uma queda sozinho após uma lomba, mas caiu em frente a um carro da organização, que logo solicitou o resgate. “Estava bem, não ficou desacordado, mas sofreu um corte extenso no supercílio, onde foi feita a limpeza e o curativo. Também havia uma contusão no punho”, descreveu o Dr. Clemar Correa, que levou o piloto de helicóptero para Caldas Novas (GO).

No dia seguinte, Carlos Ambrósio, na terceira etapa, fraturou a clavícula após se chocar com uma cerca. O piloto solicitou o resgate e o helicóptero o levou imobilizado. “Foi uma fratura da mesma clavícula que fraturou no ano passado e tem uma placa que foi colocada que estava torta”, explicou Dr. Claudio Birolini, que o atendeu. “Ele também sofreu a fratura em uma costela e, aparentemente, uma pequena lesão no pulmão”.

O experiente Juca Bala também abandonou o Sertões mais cedo. Após cair em um buraco na quinta etapa, o piloto teve uma luxação-fratura no úmero e uma fratura no rádio. Juca foi levado para São Paulo para realizar uma cirurgia. No mesmo dia, Eduardo D´Agostini Martins sofreu um trauma na coluna, sem lesão neurológica.

Fim do sonho – Zé Hélio, que buscava o sexto título no Sertões, também abandonou a prova após uma queda. “Eu caí em uma entrada de curva a mais ou menos 120km/h. Estou bem, com escoriações, mas o que mais dói é o pulso direito. Os meus aparelhos de navegação quebraram e vim para Teresina por uma estrada paralela. Vou acompanhar o rali até o fim, mas sem largar”.

Deni do Nascimento foi guerreiro. Estava com uma lesão no pulso, machucou novamente o mesmo, e ainda sofreu uma queda que a moto passou por cima de suas costas. A queda foi no mesmo local que Juca Bala sofreu o acidente.

Nos carros, Klever Kolberg perdeu a barra de direção e acabou batendo em uma árvore, mas nem o piloto e nem o navegador se machucaram. Palmerinha capotou no sexto dia de competição e coube a João Franciosi/ Rafael Capoani resgatar o amigo.

Este texto foi escrito por: Webventure

Last modified: agosto 21, 2010

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