Ravelli perdeu a paciência. O ‘rei’ do mountain bike brasileiro não se conforma com o impasse criado pela Confederação Brasileira de ciclismo às vésperas do Mundial e se diz cansado da desorganização da modalidade no país. “Não é possível, quem dirige a confederação não pode ser gente do ciclismo, não está interessada no esporte”, dispara, na entrevista exclusiva para a Webventure que você acompanha abaixo.
Webventure – Alguns atletas estão dizendo que ninguém vai ao Mundial da Suécia, a CBC diz que talvez leve os melhores, como você. Afinal, você vai para o Mundial ou não?
Márcio Ravelli – Não sei ainda e isto está me chateando bastante. Acho uma vergonha a confederação dizer que não tem dinheiro a essa altura do campeonato. Já era para eu estar treinando forte, mas fico aqui sem saber o que vai ser. Só garanto que se for para eu ou o meu patrocinador pagar, eu não vou.
Webventure – Há quanto tempo você deveria estar se preparando para o Mundial?
Ravelli – Na verdade, estou em boa forma, só deveria estar intensificando o treino. O problema é que você fica psicologicamente abalado com esse vai-não-vai. Mas se me ligarem amanhã dizendo que eu vou, a cabeça vai ser outra.
Webventure – Somando os maus resultados no Pan da Colômbia e nos Jogos de Winnipeg com essa falta de apoio para o Mundial, esta é sua pior temporada na seleção?
Ravelli – Acho que sim. Isso desanima muito e não vejo outra solução senão uma medalha. A situação só vai mudar se alguém trouxer uma medalha olímpica. Mas como chegar lá sem apoio? Enquanto esse pessoal estiver na confederação não vai mudar nada. Eles não podem ser do ciclismo, não se interessam pelo esporte. Eu gostaria de mudar isso.
Webventure – Você pensa em ter um cargo de dirigente no futuro?
Ravelli – Pretendo. Quero fundar uma associação de ciclismo, já que as entidades mais fortes não ajudam o atleta.
Webventure – E você pretende correr em outro país, como alguns colegas já estão fazendo?
Ravelli – No ano que vem, vou participar de algumas etapas do campeonato norte-americano (NORBA), numa espécie de intercâmbio. Eu vou e alguns atletas deles podem vir pra cá.
Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira
Last modified: setembro 2, 1999
