Foto: Pixabay

Paulo Afonso

Se existem lugares onde se pode dizer que foram abençoados por Deus e bonitos por natureza, um destes lugares certamente será Paulo Afonso. A cidade, que é formada por uma ilha artificial, apresenta sol o ano todo e foi contemplada com a beleza cênica do segundo maior cânion do mundo em extensão: o cânion do Rio São Francisco.

Paulo Afonso já é conhecida como a “Nova Zelândia brasileira” por ser ideal na prática de esportes de aventura, como: bung jump, rappel, tiroleza, cascading e escalada em rocha além de proporcionar belos passeios de bote. Também favorece a prática do trekking e off-road em vários roteiros.

Localizada no Norte da Bahia, é considerada a mais bem estruturada para o turismo, principalmente o eco-turismo, tão em evidência ultimamente. “A Terra da Energia”, como também é conhecida, apresenta paisagens belíssimas. Suas formações rochosas, os cânions do Velho Chico e a bela visão das cachoeiras formam um cenário único, mesmo sem ser época de cheias.

Além das belezas naturais Paulo Afonso oferece vida noturna, eventos náuticos, festas típicas e uma localização estratégica, fazendo divisa com os estados de Pernambuco, Alagoas e Sergipe, aumentando ainda mais as peculiaridades da região, favorecida por uma mistura de culturas nordestinas.

Conhecida como a mais inóspita região do semi-árido brasileiro, localiza-se no nordeste da Bahia entre os municípios de Paulo Afonso, Jeremoabo, Macururé e Canudos. Serviu como palco, no fim do século 19, de uma guerra sangrenta, documentada por Euclides da Cunha com precisão poética em “Os Sertões”, uma das maiores narrativas da moderna literatura brasileira.

Era nesse fundão, Raso da Catarina, açoitado pelo azar que Virgulino Ferreira, o cangaceiro Lampião, se embrenhava nas vezes sem conta em que as volantes policiais fechavam o cerco sobre seu bando. Por dez anos, até 1938 quando tombou morto na grota de Angico, na margem sergipana do Rio São Francisco, Lampião foi o rei do Raso. Sua base era quase sempre o alto dos paredões das baixas, de onde podia avistar a aproximação de seus perseguidores.

O ecossistema predominante no Raso da Catarina é a caatinga. Caracteriza-se genericamente pela baixa pluviosidade, pelo solo arenoso e cascalhento, pela vegetação adaptada (sobretudo cactos e bromélias) e pelas altas temperaturas. “Do ponto de vista fisiográfico, ecológico e social, é a mais homogênea de todas as regiões áridas da América do Sul” avaliou o geógrafo Aziz Ab`Saber. A temperatura viaja aos 430 C nos dias mais quentes, mas o solo não retém calor e, por isso, à noite o termômetro pode descer a 140 C. A média das chuvas beira míseros 400 milímetros anuais.

Chuvas na região, quando existem, só ocorrem entre abril e maio no chamado “Inverno”. Nessa época, alguma água é represada nos caldeirões, buracos abertos em pedras. Quando a sede aperta seus habitantes apelam para o líquido que fica armazenado no bulbo de uma bromélia, o Croatá. Desta forma retiram a água para beber e fazer suas refeições.

O Raso, enfim, é a quintessência da caatinga um inferno de areias, espinhos e solidão. Só não é mais ermo porque as poucas pessoas que nele vivem insistem em integrar-se ao cenário hostil. Transpiram paixão pela terra, exalam calor humano. Seus habitantes vivem num dueto com a lei soberana do sertão: acima de tudo, é preciso ser forte. Resistir à terra seca, sua vegetação, seus bichos.

Nenhum animal simboliza melhor essa luta pela vida do que a magnífica Arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari). Apenas 200 delas, aproximadamente, alimentam-se e nidificam ao redor de duas pequenas serras na região de Canudos. E só a ave não voa em nenhum outro canto do Brasil e do mundo.

Aventura 1
Praticar o off-road neste local totalmente inóspito não é tarefa para qualquer aventureiro. As trilhas não constam em nenhum mapa, devendo ser totalmente demarcada e seguida através de um GPS.

Chegando na Baixa do Chico o aventureiro poderá passear, a pé, pelo cânion que tem 12 quilômetros de extensão e ter a sensação do inóspito numa mata de caatinga fechada.

Aventura 2
Outra boa aventura é a realização do curso de sobrevivência na caatinga. O aventureiro poderá sentir, na pele, os desafios enfrentados pelos cangaceiros do bando de Lampião.

Esta atividade exige muita preparação física e controle emocional do aventureiro. Poderá ser praticada com o auxílio de um GPS ou bússola. A mais emocionante é aquela em que ocorre o pernoite na caatinga.

Furna do Morcego
Chegando na entrada da Furna do Morcego, o aventureiro pode sentir a imponência dos paredões do cânion e da caverna, que ao mesmo tempo em que atrai, mete medo. Existe a história de que Lampião usou este local como esconderijo, um coito como se dizia naquela época.

Aventura: Descer o rappel neste local, passando pela embocadura da caverna, que geralmente é repleta de marimbondos. A descida tem aproximadamente 60 metros.

Ao final, o aventureiro tem ao seu dispor um relaxante banho nas águas calmas do Rio São Francisco, entre paredões de um cânion com 80 metros de altura.

Ponte Metálica
Fazer rappel na Ponte Dom Pedro II, ou ponte metálica como é conhecida, é um verdadeiro desafio para qualquer aventureiro. Esta ponte foi construída em 1958 pelo então Presidente Juscelino Kubitschek, ligando os estados da Bahia e Alagoas. Com 96 metros de altura impõe respeito, mas recompensa os corajosos que a desafiam com a bela paisagem do cânion do Rio São Francisco.

Aventura: Descer o rappel desta ponte é uma aventura singular, já que o visitante terá o prazer de praticar esta atividade na ponte metálica mais alta do Brasil.

Após o rappel o aventureiro terá de enfrentar o desafio maior de subir os 340 degraus de retorno.

Serra do Umbuzeiro
Localizada no povoado Riacho, é cenário para uma boa caminhada ao ponto mais alto de Paulo Afonso. O aventureiro terá contato com a vegetação típica do semi-árido, belas formações rochosas em arenito, grutas, pequenas cavernas e pinturas rupestres.

Aventura: Fazer um trekking neste local é ter um visão privilegiada de 360º no município de Paulo Afonso. A caminhada em si não exige muito esforço para se chegar ao topo dos seus 507 metros, mas o sol forte cobra o seu tributo exigindo do aventureiro roupa adequada, chapéu e muita água.

O aventureiro poderá realizar a descida num rappel de tirar o fôlego, até a base da Serra. Certamente irá se encantar com a imensidão da paisagem de caatinga que se estende no horizonte.

Tiroleza no Angiquinho
A visita ao Angiquinho é, por si só, uma viagem ao passado onde o aventureiro irá verifcar a ousadia de Delmiro Gouveia para a época em que viveu. Delmiro Gouveia construiu a primeira hidrelétrica do nordeste, em 1911, gerando 1.500 HP. È deste ponto que sai a tiroleza mais emocionante do sertão baiano. As belezas deste lugar já foram tema de um poema de Castro Alves. “A Cachoeira de Paulo Afonso”.

Aventura: O aventureiro sentirá a emoção de realizar uma tiroleza em pleno cânion do Velho Chico a uma altura de 40 metros, com 130 metros de extensão.

Para completar a aventura, irá tomar um delicioso banho no lago que era fundo dos colossais paredões de rocha da tão famosa cachoeira.

Este texto foi escrito por: Jurandir Lima (arquivo)

Last modified: dezembro 18, 2007

[fbcomments]
Redação Webventure
Redação Webventure