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Parques Nacionais fazem aniversário

Redação Webventure/ Aventura brasil

Na Serra da Bocaina: preservação  beleza e exuberância no meio da Mata Atlântica (foto: Jurandir Rosa Lima)
Na Serra da Bocaina: preservação beleza e exuberância no meio da Mata Atlântica (foto: Jurandir Rosa Lima)

Eles completam 40 anos em 2001. Misturam beleza, diversidade de flora e fauna e ajudam a preservar áreas naturais em vários estados brasileiros. Embora sejam diferentes entre si, esses nove Parques Nacionais sintetizam muito da preocupação com os problemas e resultados obtidos nas últimas quatro décadas.

Hoje o Brasil conta com um total de 40 Parques Nacionais, destinados a preservar, integralmente, áreas naturais consideradas importantes por suas características ecológicas, científicas e culturais. Problemas com o manejo (utilização para turismo e cuidados em geral) dessas àreas trouxe à tona, na última semana, uma grande discussão que agitou ecologistas, praticantes de esportes de aventura, autoridades e público em geral. A terceirização de alguns serviços prestados ao público nesses parques para empresas privadas poderia prejudicar a sua preservação.

No meio de tanta polêmica, nove dessas áreas ganham, este ano, o título de “quarentonas”: Emas, Chapada dos Veadeiros, Serra da Bocaina, Caparaó, Sete Cidades, São Joaquim, Tijuca, Parque de Brasília e Monte Pascoal. Conheça mais sobre esses Parques Nacionais, sua beleza e importância, veja quais são os problemas, reflita sobre possíveis soluções. E, mais do que tudo isso, sinta a adrenalina de se surpreender com a magia desses parques a partir de agora no Aventura Brasil.

Ano de 1961. O Brasil passa por uma série de transformações. O presidente eleito Jânio Quadros renuncia após apenas oito meses de governo. Assume João Goulart e o Parlamentarismo é implantado. Tancredo Neves é nomeado Primeiro Ministro. Os Beatles animam as festas, assim como o som de Roberto Carlos e João Gilberto.

Neste ano de intensa mudança, nasceram nove Parques Nacionais no Brasil. Em nenhum outro ano foram criadas tantas áreas de preservação como estas, de uma só vez.

O nascimento de cada um desses locais atende às peculiaridades e necessidades de cada região. O Parque Nacional das Emas (GO), por exemplo, foi criado com o objetivo de preservar um dos ecossistemas mais frágeis do Brasil e também proteger a ema, a maior ave brasileira que chega a alcançar 1,5 m de altura.

Parques como os da Chapada dos Veadeiros (GO), Tijuca (o único no meio de uma grande cidade, no Rio de Janeiro), Serra da Bocaina*(SP/RJ), e São Joaquim (SC) têm como principal intuito preservar a flora e fauna ricas e exuberantes. Já o Parque Nacional de Brasília, tem como objetivo específico proteger os mananciais da cidade.

O importante é perceber que todos esses esforços, na criação de áreas como esses parques, só têm validade se a preservação é efetiva. Nas últimas quatro décadas, porém, todos eles enfrentaram dificuldades para atender aos objetivos pelos quais foram criados. Porém, o nascer de Parques com tanta beleza, predestinados a manter suas características, teve importância no processo de preservação ecológica no país.

*O Parque Nacional da Serra da Bocaina teve sua área modificada no ano de 1971.

Fazer 40 anos, para muitas pessoas, é sinônimo de reflexão. Pode marcar uma nova fase da vida ou apenas um momento para fazer um balanço de toda uma história. Ao realizarmos esse mesmo balanço com os Parques Nacionais que completam quatro décadas em 2001, é possível perceber que, apesar de continuarem na batalha pela preservação, precisarão de mais tempo para cumprir esta tarefa de maneira plena.

“É necessário muito cuidado, muito planejamento. Eu, por exemplo, tenho de pensar em formas de conservar um dos Parques Nacionais mais visitados do país. Recebemos mais de dois milhões de visitantes por ano e estamos em uma cidade de mais de cinco milhões de habitantes”, explica Luiz Otávio Teixeira Langlois, gerente do Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro.

Assim, como ele, responsáveis por outros parques no país têm de atentar para maneiras de não fazer do turismo uma porta para a devastação de locais destinados à preservação. Esta questão ganhou força na última semana, com o anúncio do Governo de iniciar um processo de terceirização de alguns serviços dos Parques Nacionais. Assim, empresas particulares também poderão atuar nessas áreas.

“Acho que, desde que essa ação seja cuidadosa, não há problemas. Basta saber priorizar o que deve estar em primeiro lugar: a natureza”, explica Langlois. O Parque da Tijuca, porém, não sofrerá mudanças com a decisão do Governo, já que é administrado em parceria com a prefeitura do Rio.

Conflitos – Não é só a preocupação com o turismo desordenado ou a pequena quantidade de funcionários que fazem parte da vida dos responsáveis por Parques Nacionais no país.

No sul da Bahia, os índios Pataxó estão ocupando o Parque Nacional Monte Pascoal. Não há nenhum funcionário do IBAMA na região e o clima de conflito é permanente.

Depois de fazer o balanço, e verificar o momento presente, é possível perceber que ainda é preciso dar muito mais atenção a esses parques. Trabalhos de educação ambiental, maior número de guarda-parques, estruturas melhor planejadas são os desafios apresentados para os próximos anos. A natureza brasileira agradece boas iniciativas.

Conheça um pouco mais sobre os Parques Nacionais que completam 40 anos em 2001. Faça parte desta comemoração refletindo sobre a importância desses parques. Este tipo de reflexão, traduzida em ações, pode ajudar a preservar esses lugares para, no mínimo, os próximos 40 anos!

Parque Nacional das Emas (GO)

Localizado no extremo sudeste do estado de Goiás, no município de Mineiros, o Parque Nacional das Emas foi criado com o intuito de proteger uma amostra representativa do cerrado, habitat da fauna ameaçada da região. A ema, que dá nome ao parque, é um desses animais. Outra função é conservar as nascentes dos rios Jacuba e Formoso, afluentes do Parnaíba da bacia do Paraná.
Com 133.063 hectares, esta área sofre principalmente com as queimadas propiciadas pelo clima seco e o relevo de sua região.

Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (GO)

Com 60.000 hectares, este é um dos parques mais conhecidos e visitados do país. É considerado uma área natural para o desenvolvimento de uma infinidade de microorganismos e diversas espécies da flora e fauna. O relevo e a as águas da bacia dos rios Maranhão e Paraná formam belas cachoeiras e paisagens surpreendentes no Brasil Central.

Parque Nacional da Serra da Bocaina (SP/RJ)

Preservar o pouco do que resta da Mata Atlântica (Serra do Mar), sua fauna e flora, seus mananciais, enfim, seus ecossistemas, tanto terrestres quanto marinhos. Com esses objetivos foi criado o Parque Nacional Serra da Bocaina. Localizado nos estados de São Paulo nos municípios de São José do Barreiro, Cunha, Ubatuba e Areias, nos municípios cariocas de Paraty e Angra dos Reis, este parque de 100.000 hectares, tem cachoeiras e mata exuberante.

Parque Nacional de Caparaó (MG/ES)

O Parque Nacional do Caparaó está localizado entre os estados do Espírito Santo e Minas Gerais. Possui 26.000 hectares, sendo 75% desta área no estado do Espírito Santo. Entre outros atrativos, no parque encontra-se o Pico da Bandeira com 2.889 m de altitude, o terceiro maior pico do país. A exuberância da vegetação de Mata Atlântica e do clima da região, localizada na Serra do Caparaó, atrai anualmente muitos turistas. A área possui cachoeiras, além de outros picos como o do Cristal e do Calçado.

Parque Nacional de Sete Cidades (PI)

O Parque Nacional de Sete Cidades conserva uma área dominada pelo cerrado, com elemento de caatinga. Sua diversidade ecológica, seus recursos hídricos e as pinturas rupestres encontradas em sua área formam uma herança ecológica, histórica e cultural. O parque conta com 7.700 hectares e está localizado nas cidades de Brasileira e Piracuruca.

Parque Nacional de São Joaquim (SC)

Neve, beleza, flora e fauna variadas. Situado no estado de Santa Catarina, entre os municípios de Urubici, Bom Jardim da Serra, e São Joaquim, o Parque Nacional de São Joaquim possui uma área de 49.300 hectares e foi criado em 1961 para preservar as Florestas de Araucária que estavam ameaçadas devido à extração de madeira.

O Parque está dividido em duas regiões distintas: campos-de-cima-da-serra que se caracteriza por ser uma região muito fria, sujeita à neve, com nascentes de rios muito importantes como o Rio Pelotas e campos-serra-abaixo com abundante vegetação de Mata Atlântica, cânions e belíssimas formações rochosas.

Parque Nacional da Tijuca (RJ)

Localizado em uma das maiores cidades do país, o Parque Nacional da Tijuca (RJ) é um trecho de Mata Atlântica ,com fauna e flora abundantes, cachoeiras, trilhas e picos. O desafio desta área é conseguir manter este ecossistema, mesmo com a grande quantidade de turistas. O Parque guarda algumas das principais atrações turísticas do Rio de Janeiro, como o Corcovado.

Parque Nacional de Brasília (DF)

Evitar ação contra os mamíferos, preservar amostra típica do ecossistema do cerrado do Planalto Central; garantir a preservação dos mananciais hídricos que servem de fonte de abastecimento de água para Brasília e promover a recreação e o lazer dentro das dependência do Parque. Esses são os desafios do Parque Nacional de Brasília, que conta com 30.000 hectares e está localizado à nordeste do Distrito Federal, ficando a 10 km do centro do Plano Piloto.

Monte Pascoal (BA)

Este parque abriga um importante marco histórico brasileiro, o Monte Pascoal, o primeiro ponto de terra avistado pelos portugueses em 1.500, quando descobriram o Brasil. Com variados ecossistemas, possui 22.500 hectares e fica localizado no sul da Bahia, na cidade de Porto Seguro. Atualmente, o parque encontra-se ocupado por representantes da tribo Pataxó que, segundo dados históricos, já habitavam a região desde a época do descobrimento. É uma área de conflito, onde , atualmente, não há nenhum funcionário do IBAMA.

Este texto foi escrito por: Débora de Cássia Pinto

Last modified: fevereiro 9, 2001

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