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Os bastidores do Pan-Americano de escalada

Redação Webventure/ Montanhismo

A partir da esq: Paloma  Rosita  Flávio e Ana. Embaixo  André (foto: Rosita Belinky)
A partir da esq: Paloma Rosita Flávio e Ana. Embaixo André (foto: Rosita Belinky)

Foram quatro dias de muita bagunça, desorganização e diversão. Era a última chance de se realizar um campeonato Pan-Americano em 99, que a
UPAME (Unión Panamericana de Montañismo y Escalada) agarrou a todo custo. Realmente, na cidade de Riobamba, Equador, não há estrutura nem
conhecimento para se realizar um torneio desse porte, mas mesmo assim os dirigentes da FEDAN (Federación Ecuatoriana de Andinismo) se atreveram. E convocaram todas as delegações latinoamericanas para o chamado Campeonato Continental de Escalada. Muita coragem.

Após muito problema com nosso vôo da Vasp, que foi cancelado, mudado,
transferido e desviado à exaustão, conseguimos chegar a Quito, via Buenos Aires – tem cabimento? Éramos uma enxuta delegação de cinco competidores: Ana Luisa Makino (90 graus), na categoria juvenil, Paloma Cardoso (Casa de Pedra e BY) e Rosita Belinky (Raina, BY, Casa de Pedra e HR Turismo), na categoria feminina, e André Berezoski (BY e Pé na Trilha) e Flávio Cantelli (Snake e Campo Base), no masculino.

Chegamos exaustos no aeroporto e já havia uma van da federação à nossa espera, que nos levou a um hotelzinho para tomar café com os mexicanos e colombianos, a um curto passeio pela Quito colonial e logo para a rodoviária, para nos colocar num ônibus para Riobamba. Da janela do ônibus dava para ver o Guaguapichincha, um vulcão que há três
meses solta baforadas de cinza constantemente.

Chegamos a Riobamba, cidadezinha pequena e com o ar infestado de cinza
vulcânica, que entrava no nariz, olhos, boca, roupa e tornava difícil a respiração. Por sorte, o vento virou nos dias seguintes , soprando as cinzas para outro lado e nos deixando apenas com aquela linda visão do vulcão em pré-erupção.

Os dias que se seguiram foram um exemplo de como não se deve fazer um
campeonato: não tínhamos um route-setter profissional nem estrutura adequada para a área de concentração e aquecimento que se
resumia a uma salinha ainda em construção, cheia de pó de cimento, banheiro sem porta e um muro de aquecimento muito menor do que o mínimo necessário, sem contar na falta de água para tomar e frutinhas para comer.

Toda essa desorganização gerou horas e horas de espera para os competidores e para o público, enquanto os route-setters tratavam de produzir vias de última hora. As vias terminaram por classificar decentemente os competidores, sem muitos empates e a necessidade de se fazer uma superfinal. Ainda bem! Voltei do Equador convencida de que é melhor ficar um ano sem nenhum torneio do que fazer um de última hora e desorganizado como esse.

Relax – Depois do campeonato ainda tivemos uns dias de diversão, com direito a escalar um vulcão (Cotopaxi, 5897m sobre o nível do mar). Este prazer foi conferido ao André e ao Flávio, porque eu sofro de mal de montanha e passei muito mal, não conseguindo nem levantar do sleeping na hora do ataque ao cume. Também pudemos escalar um pouco nas rochas equatorianas com nossos guias locais, o Alejandro Lazzati e o Jaime Durán.

Por sorte, sempre que se reúne um monte de latinos há grande
diversão e muita festa. Novos amigos aparecem e os antigos ficam mais
queridos ainda!

Este texto foi escrito por: Rosita Belinky

Last modified: novembro 26, 1999

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