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Minha Aventura: Nossa primeira Corrida de Aventura

Redação Webventure/ Corrida de aventura

Praça em Tibagi (foto: Arquivo pessoal)
Praça em Tibagi (foto: Arquivo pessoal)

Como sempre, estávamos trocando e-mails sobre assuntos diversos quando alguém disse: Vamos fazer uma corrida de aventura? Vai rolar uma no dia 08/04/06”.

Imediatamente corri para o site pra verificar as informações sobre inscrição. Descobri então que as inscrições se encerrariam no dia 31 e, por isso, teríamos muito pouco tempo para juntar todos os documentos necessários.

Corremos com os documentos numa euforia desenfreada e conseguimos juntar tudo que era necessário. Éramos um quarteto misto. Eu, o Carlos o Andrey e o Romarinho. Nossa equipe chamava-se Cutbacks na Pr(e)ssão.

Nenhum de nós tinha qualquer experiência em corridas de aventura ou se quer éramos praticantes das modalidades nas quais competíramos. E, como se não bastasse, nos inscrevemos na categoria PRO, pois acreditávamos que se era pra participarmos de uma prova onde nossos limites físicos seriam testados, deveríamos fazer a mais difícil.

Pra nós não era só uma corrida de aventura, era um “teste” de final de semana e esperávamos descobrir até onde poderíamos ir.

Loucos por adrenalina nossa equipe não via a hora de iniciar a prova e por isso passamos a semana discutindo estratégias, lendo sobre o assunto na internet, trocando e-mails e preparando-nos para a tão sonhada corrida de aventura.

Como todo iniciante, acabamos comprando bicicletas, camelbacks, mochilas, barras energéticas, capacetes e todos os outros equipamentos obrigatórios exigidos pela organização da prova.

Na noite de quinta pra sexta eu nem dormi direito, alguns pequenos detalhes haviam ficado para a última hora e eu era a responsável por eles. Então, matei o trabalho e fui resolver tudo pela manhã para que pudéssemos cumprir o combinado, que era partir pra Tibagi, local da corrida, às 16h. Tudo deu certo. Antes de partir uma última passada no Luiz pra regular as bikes e pegar as últimas dicas. Pé na estrada!

Chegamos na cidade por volta das 19h e como não tínhamos feito reservas, precisávamos procurar um lugar pra dormir. Encontramos então uma pousada bem legal no centro, o Solar das Figueiras, onde conseguimos pechinchar as diárias com a dona Marguerita. Uma coroa muito bacana que fez questão de nos mostrar toda a pousada.

Resolvemos ficar todos no mesmo quarto pra ficar mais em conta. Estávamos cansados, mas sem sono e resolvemos dar uma última conferida nos equipamentos e no mapa. E só depois disso resolvemos dormir, já que precisávamos descansar para poder acordar cedo no dia seguinte.

O Grande dia – Começamos meio atrapalhados e, na correria, esquecemos as caramanholas das bikes na pousada. Isso significava que, além de termos que voltar pra buscar, pois não poderíamos correr sem água, carregaríamos o peso extra delas por não termos deixado-as junto às bikes no PC.

No ônibus a caminho da largada, cada equipe tentava se manter calma do seu modo, uns cantavam, outros falavam sobre corridas anteriores e tinham aqueles que ficavam tentando se achar no mapa. Eram visíveis o nervosismo e a ansiedade de todos. Pela minha cabeça só passava uma coisa “Nossa, esse lugar não chega nunca, preciso muito ir ao banheiro”.

Tudo pronto, a adrenalina a mil e aquele terrível frio na barriga que insiste em aparecer nessas horas. Soa a buzina, a largada é dada e todos saem correndo na mesma direção.

Nossa equipe foi lentamente ficando pra trás graças a minha extrema falta de afinidade com a corrida. Eu já sabia que de todas as modalidades essa seria a mais complicada pra mim. Eu sempre odiei correr e por isso nunca fui boa corredora. O Carlos, como sempre, não saiu de perto de mim e correu do meu lado, no meu ritmo, diga-se de passagem, “devagar quase parando”.

Os meninos entenderam minha limitação e resolveram mudar a estratégia de orientação. Iniciamos então os “vara mato”, cortando caminho por onde dava. Assim, conseguimos alcançar as equipes que nos haviam deixado pra traz. Chegando ao PC1 após 9 km de trekking, descobrimos que não éramos os últimos, pois algumas equipes ainda não haviam passado por lá.

Ficamos excitadíssimos e corremos em direção ao PC2. Nesse ponto eu já estava um bagaço, minhas perninhas estavam latejando, mas eu não queria desanimar e a equipe e fazia cara de “ta tudo bem”. Mais 5 km e estávamos no PC2.

Pegamos os ducks e seguimos rio a baixo. Eu e o Carlos em um duck e o Andrey e o Romarinho no outro. Foi a nossa melhor modalidade. Conseguimos passar duas equipes da nossa categoria e aquilo pra nós era o máximo.

O Cansaço – Colocamos uma boa distância e então resolvemos aproveitar pra comer algo. Foi quando percebemos que os sanduíches haviam ficado na pousada. E tudo que queríamos era comer uma coisinha salgada…. Mas tudo bem, isso não ia nos abater! Comemos barras energéticas mesmo e seguimos em frente.

Depois de 18 km de remadas avistamos o PC3. Finalmente alívio para os meus braços. Descemos numa lama danada com os ducks na cabeça e corremos até o PC4. Lá as bikes novinhas e brilhando esperavam para entrar em cena. Resolvemos trocar as meias molhadas por outras secas. Foi quando eu vi as bolhas que estavam nos meus pés. Antes eu não tivesse visto porque até então elas não estavam incomodando.

Partimos de bike. O sol estava muito forte e a subida que avistávamos logo na saída do PC matava nossos ânimos. A essa altura nossa equipe já estava muito cansada e alguns já falavam em desistir, inclusive eu. Foi quando uma equipe de homens passou por nós para pegar as bikes deles e um dos rapazes disse “Meus amigos que mulher guerreira essa aí hein!!!” Nossa, era o empurrão que eu precisava!! Busquei forças não sei de onde e seguimos em direção ao PC 5.

O Andrey e o Romarinho colocaram alguma distancia de nós (Eu e o Carlos) e em dado momento, troquei erradamente a marcha da minha bike, o que acabou soltando a corrente.

Eu não sabia consertar e o Carlos me deu a bike dele e ficou com a minha pra tentar arrumar. Então avistei de longe que uma equipe adversária estava na nossa cola e apertei as pedaladas. Foi aí a minha desgraça. Forcei bastante em uma subida e senti uma fisgada na minha virilha.

Era tudo que não podia acontecer. Fiquei furiosa e, ao mesmo tempo, triste e cheguei a chorar. Meu corpo já não agüentava mais tanto esforço, mas minha cabeça e coração não queriam entender isso e eu não queria desistir de forma alguma. Então desci da bike e fui empurrando a magrela, mas não parei. Fomos ultrapassados pela equipe adversária.

Ao chegar à estrada, alcançamos o Andrey e ele disse que o Romarinho, que estava mais a frente, estava péssimo e que não agüentava mais continuar. Ele havia caído no rio enquanto fazíamos os duks e bateu fortemente a cintura contra uma pedra e já não suportava mais a dor que sentia desde então.

Todos nós entendemos que nossa equipe tinha chegado ao limite. Todos nós estávamos exaustos. Deste ponto em diante resolvemos que seria melhor eu voltar com o Romarinho pra pousada e o Andrey e o Carlos tentariam chegar ao PC 5 que ficava a 1,5 Km dali.

No fim fomos desclassificados e voltamos pra pousada mancando, arranhados e distendidos, mas muito felizes. Vivemos momentos muito divertidos e nos apaixonamos por competir em corridas de aventura. A próxima etapa será em junho e não vejo a hora de fazer tudo novamente. Agora treinando, é claro!

Este texto foi escrito por: Flávia Simões

Last modified: maio 5, 2006

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