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Mauricio Tonto comenta o 7º Festival Internacional de Montanha no Rio

Redação Webventure/ Montanhismo

Paulo Marim levou dois prêmios (foto: Mauricio Tonto)
Paulo Marim levou dois prêmios (foto: Mauricio Tonto)

Como sempre, para quem vem de fora para o festival de filmes de montanha é sempre uma super correria, afinal você tem muitos afazeres: escalar, encontrar os amigos, comer, e ainda ver um monte de filme de montanha no dia.

Dia 19, o segundo dia do festival, também houve duas sessões. Na primeira sessão, da mostra competitiva de filmes nacionais, rolaram quatro filmes.

O primeiro foi “Itatiaia visto por dentro”, um filme com uma abordagem poética e que retratou em imagens, sons e música a Natureza do Parque Nacional do Itatiaia. O filme seguinte, “Travessia Lapinha Tabuleiro”, foi sobre uma repórter que faz com um grupo esta travessia de três dias de caminhada em Minas Gerais.

“Vulcão Pissis” retratou a expedição de brasileiros que escalaram este vulcão (6882m) na Argentina, que depois do Aconcágua, é o segundo mais alto das Américas. O último filme da sessão nacional foi “Aconcágua sin mulas”, onde o personagem do filme narra sua própria saga de encarar o Aconcágua sem o uso de mulas para transportar seu material até Plaza de Mulas. E com muito bom humor mostra sua empreitada de levar uma mochila de mais de 50 quilos por todo caminho e depois escalar a montanha.

Mais filmes – A segunda sessão da noite foi de filmes do World Tour, de um dos principais festivais de montanha do mundo, o Banff Mountain Film Festival, no Canadá. “2nd BASE” foi o primeiro filme e apresentou saltos de Base Jump de vários lugares e de vários “jeitos” diferentes.

O segundo filme estrangeiro foi “Tyrol – Land In the Mountains”, um filme com conceito semelhante ao Itatiaia visto por dentro, uma abordagem poética, de imagens e música, só que neste caso com lindas imagens de montanhas nos Alpes. O filme seguinte foi Aweber, onde dois escaladores de gelo se propõe a escalar icebergs no mar, algo bastante assustador.

O quarto filme retrata uma dupla que realizou pela primeira vez a travessia completa do Campo de Hielo Sur, na Patagônia chilena. Foi uma grande aventura, com caiaque, trenó, esqui, escalada… e 52 dias de aventura. O penúltimo filme na noite “First Ascent: The Tombstone” retrata o esforço para escalar em livre pela primeira vez uma famosa fenda no deserto de Utah, com vários “vôos” do escalador Dean Potter. O último filme “Kids who Rip” apresentou algumas crianças, entre 6 e 15 anos que simplesmente barbarizam no surf, skate e snow board. Muito legal, e inspirador.

O sábado (20) foi o último dos três dias do 7º Festival Internacional de Filmes de Montanha no Rio. A primeira sessão foi novamente da produção nacional, na Mostra Competitiva. O primeiro filme “Mc Kinley, a montanha mais fria do mundo”, documentou a expedição de três brasileiros ao Mc Kinley, também chamado de Denali, no Alaska, a montanha mais alta da América do Norte e sabidamente dura principalmente pela sua localização de latitude praticamente polar.

“100Km de Cerrado” foi o segundo filme, uma reportagem sobre essa prova de mountain bike de 100km na região de Brasília. O terceiro filme “Travessia Petrópolis-Teresópolis” é sobre uma repórter que faz esta que é uma das mais famosas e tradicionais travessias de trekking do Brasil, com visual alucinante da Serra dos Órgãos. O último filme nacional “Roberta Nunes: e se você não existisse” foi uma homenagem a escaladora e montanhista brasileira Roberta Nunes, infelizmente falecida em 2006, depois de um acidente de carro. O filme mostra fotos e vídeos da família de Roberta, de seus amigos e parceiros de escalada e a trajetória como montanhista de um dos ícones da escalada feminina do mundo.

A última sessão do sábado foi novamente com filmes selecionados do Banff Mountain Film Festival. O primeiro, “Roam”, é de mountain bike nas florestas do Canadá, com imagens incríveis tanto em aparatos de madeira rústica montados na floresta, como barbarizado no aparato urbano de Praga, na República Tcheca.

“DistURBAN behavior” é sobre alguns escaladores que descobrem e exploram as possibilidades de escalada dentro do ambiente urbano, em prédios, monumentos, pontes, etc. O terceiro filme da sessão do Banff foi de BASE Jump, de uma expedição de duas garotas que vão para Mali, na África, tentar um salto de um dos monolitos de pedra do Fatima´s Hand (“Mãos de Fátima”).

Reflexões e novas técnicas – O filme seguinte foi “First Ascent: Didier Vs. The Cobra”, sobre o processo de um escalador, o Didier (suiço), de tentar ser o primeiro a escalar encadenando a fenda considerada a mais difícil do Canadá: The Cobra Crack, em Squamish. Ele não consegue ser o primeiro e suas reflexões sobre o que estava sendo a sua motivação para ser O primeiro, são bem interessantes.

O penúltimo filme da noite foi “Yes to the No”, que documenta o surgimento e algumas imagens alucinantes de descidas com essa novidade, o No Board um snowboard sem o binding (equipamento que prende o pé da pessoa à prancha). Assim, é um snowboard com características do surf, onde o pé do surfista também não vai preso à prancha. Por fim, o último da noite e do festival foi outro da série “First Ascent: Thailand”, onde três jovens expoentes da escalada esportiva vão para tentar novas rotas em pináculos de calcáreo no mar da Tailândia. Assim, as escaladas têm a aproximação de barco… e sem corda, se cai diretamente na água, muitas vezes com direito a longos vôos.

E assim acabam as projeções da 7ª edição do festival, e passamos para a premiação da mostra competitiva nacional. Neste ano o júri do Festival decidiu por uma menção honrosa ao filme “Itatiaia visto por dentro”. O Troféu Corcovado para melhor fotografia, também escolhido pelo júri, foi “Karma”, que acabou levando também o prêmio de melhor diretor. O melhor filme, pela escolha do júri foi “Aconcágua sin mulas”, que depois foi ratificado pelo voto popular, que também deu a ele o troféu Corcovado pelo melhor filme, escolha popular. Assim Paulo Marim Júnior, além de escalar o Aconcágua sem mulas, saiu do festival com dois prêmios.

Este texto foi escrito por: Mauricio Clauzet

Last modified: outubro 30, 2007

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