Foto: Pixabay

Jovem faz viagem pelo Brasil e prova que é possível viver com pouco

Arquivo/ Outros

Vinte e poucos anos, uma mochila nas costas, um tempo sabático e o Brasil todo para explorar. Esse é o sonho de muitos jovens e adultos nos dias de hoje. A mudança de valores, que vem acontecendo nos últimos anos, tem transformado a rotina de diversos jovens nascidos nos anos 90, que decidem largar a vida corporativa e partir em busca de aprendizados em viagens.

Esse foi o caso de Rafael Albanese, ele se formou em administração em 2016 e se viu “preso” neste modelo de vida. “Eu percebi que isso não era para mim. Posso até trabalhar em um escritório, mas tenho que ser o responsável pelo meu futuro e dono do meu amanhã”, diz. “Decidi arriscar em um sonho que sempre tive e escutar o meu espírito aventureiro”.

Em seu 5º mês de viagem, ele conta como está a rotina e quais os aprendizados até agora.

Foto: Arquivo pessoal Foto: Arquivo pessoal

Planejamento

“A ideia de fazer a viagem já estava dentro de mim há muito tempo, mas tomei a iniciativa apenas depois de me formar. Terminei a faculdade e estava desempregado, assim comecei a ir atrás dessa possibilidade de viajar. Primeiro comecei a pesquisar histórias de pessoas que fazem isso, o quanto precisava ter de dinheiro e aí percebi que era possível.

Tracei o mapa do Brasil e fui vendo os lugares exóticos que gostaria de passar. Busquei a rota mais viável financeiramente e, depois disso, pesquisei em cada uma das cidades o que mais tinha de interessante para fazer e o que gostaria de visitar.

Sai com pouco dinheiro de São Paulo, tinha uma parte guardada e meus pais me deram uma pequena ajuda. Desses 5 meses de viagem parei e trabalhei durante três, assim gerei uma renda e calculei um valor fixo para gastar por dia na viagem. Já paguei algumas passagens e isso gera uma tranquilidade, afinal preciso delas para me locomover aqui”.

Inscreva-se para o Desafio 28 Praias. Clique aqui!

Foto: Arquivo pessoal Foto: Arquivo pessoal

Rotina de viajante

“Planejei que a viagem durasse de 10 meses a um ano e antes de chegar em determinado lugar, busco falar com pessoas no couchsurfing, um site em que locais hospedam viajantes em suas casas, mas também já fiquei em campings ou até hostel, dependendo do valor.

Procuro me comunicar antes de chegar lá, mas nem sempre dá certo. Muitas vezes as pessoas não têm disponibilidade, assim acabo tento que resolver tudo na hora que chego na cidade.”

Lugar favorito (até agora)

“É difícil escolher um favorito. O que costumo falar é que a beleza do local depende muito do dia, por exemplo, posso passar por uma praia em um dia lindo e com tempo perfeito, mas se eu mesmo não estiver feliz e com a energia do lugar, ele pode não ser tão bonito. Mas na minha experiência o meu lugar favorito, até agora, foi Ilha Grande, lá as praias são incríveis e é possível caminhar por trilhas para chegar até as praias, algo que adoro”.

Foto: Arquivo pessoal Foto: Arquivo pessoal

Perrengues

“O maior perrengue até hoje aconteceu logo no primeiro dia de viagem. Um animal que não sei qual é, talvez um javali ou um veado do mato, atacou minha barraca durante a madrugada. Eu estava dormindo e sozinho na montanha. Ele rasgou a barraca e eu fiquei com bastante medo, mas no fim não me machuquei.

As pessoas costumam achar que é tudo perfeito, mas só publico fotos legais. Elas não sabem que como miojo e pão com mortadela quase todos os dias, são consequências dessa minha escolha”.

Aprendizados

“Percebi mudanças nas coisas que julgava necessário, como de quanto preciso para viver e me alimentar. Antes julgava necessário uma grande quantidade coisas, já hoje preciso de bem menos e sou feliz. Além disso, o aprendizado que vem da troca, do relacionamento com as pessoas é algo incrível e que nos muda. Conhecer, conviver, com novas pessoas e culturas, está entre os melhores momentos da viagem”.

Foto: Arquivo pessoal Foto: Arquivo pessoal

Família

“Meus pais já esperavam que eu fosse tomar essa decisão um dia. De qualquer forma, a confiança em mim é muito grande e eles sabem que fiz isso não para fugir de alguma responsabilidade, mas sim pela necessidade de conhecer outros lugares. Eles me apoiaram muito e nos falamos todos os dias, isso ajuda para matar a saudade, além disso sempre estão me ajudando quando tenho alguma dúvida ou preciso de informações que não encontro facilmente na internet”.

Futuro

“Atualmente meu único plano é continuar a viagem, não faço ideia do que fazer quando ela acabar. Não sei se vou voltar a trabalhar com comércio exterior, que é minha formação, com turismo ou com algo esportivo, minha paixão. De qualquer forma, não quero pensar nisso agora. Quando voltar para São Paulo deixo as conclusões virem”.

Foto: Arquivo pessoal Foto: Arquivo pessoal

Dica

“Quando você se planeja, consegue fazer melhor. Uma coisa que meu avô sempre fala é: a aventura pode ser uma aventura, mas o aventureiro não pode. Gosto de saber onde estou pisando, assim evito surpresas desagradáveis.O que menos importa nesta viagem, como um todo, é o dinheiro. O mais complicado é saber se você está disposto a largar o que tem, pesar na balança e saber que, provavelmente, quando você voltar as coisas não serão mais iguais.

O que me move hoje é o novo. Não importa quanto o lugar é lindo, eu não tenho vontade voltar, mas sim quero ir em busca de lugares desconhecidos e ir para o máximo deles”.

Este texto foi escrito por: Christina Volpe

Last modified: abril 3, 2017

[fbcomments]
Avatar
Arquivo