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História das medições náuticas

Redação Webventure/ Vela

Ubirajara Proença (em pé) nas Tertulhas Marinheiras (foto: Daniel Costa/ www.webventure.com.br)
Ubirajara Proença (em pé) nas Tertulhas Marinheiras (foto: Daniel Costa/ www.webventure.com.br)

Quem faz o primeiro contato com o mundo da navegação acaba ouvindo alguns termos no mínimo curiosos. Um esporte em que a velocidade é media em nós, a distância em milhas, e que o primeiro a chegar nas competições recebe uma medalha de fita azul é, no mínimo, intrigante.

Existem enciclopédias que citam a história de cada um desses termos, mas para os mais curiosos, a comunidade da vela vai ensinando aos poucos cada peculiaridade da arte de navegar.

A primeira técnica para medir a velocidade que se tem registro é chamada de Barca Holandesa . Um tripulante largava uma barquinha na proa (frente) do barco e outro marcava o tempo até ela chegar na popa (traseira). Sabendo-se o comprimento do barco, era calculada a velocidade em que ele estava navegando. O problema é que nem sempre essa medida era precisa, já que o tempo era medido por uma ampulheta. “Se a barquinha chegasse na popa do barco com a ampulheta ainda na metade, era impossível saber o tempo exato”, conta José Ubirajara, no Núcleo Pró Vela.

Evolução A solução encontrada foi estabelecer um tempo fixo e tentar medir a distância de alguma forma. Foi inventado um aparelho flutuante que é arremessado no mar e ligado ao barco por uma corda com nós. A distância entre esses nós é calculada para medir quantos passaram em um determinado tempo. O resultado será a velocidade do barco, em nós, que correspondem às milhas por hora.

Uma milha tem aproximadamente 1.825 metros. Para não carregar quilômetros de cabo nos barcos, os marinheiros foram diminuindo essa metragem e o tempo pela metade, até chegar ao número de um nó a cada 15 segundos, que é utilizado hoje em dia. Fazendo uma conta básica de multiplicação, é possível saber a quantos nós por hora está o barco.

“O mais interessante é que isso tem mais um século de existência e ainda não evoluiu muito. A marinha, por exemplo, espalha pela costa brasileira as chamadas ‘milhas medidas’, duas estacas no mar com a distância de uma milha entre elas para os barcos compararem com a regulagem dos aparelhos eletrônicos”, conta Ubirajara.

O sistema de medição da navegação é baseado na regra inglesa. Ubirajara explica que essa forma de medição foi pensada para ser prática. “Tudo que eles precisavam para medir estava no corpo. Polegadas são a medida de um polegar, os pés e as braças seguem a mesma idéia”, diz Ubirajara.

Para medir um cabo, por exemplo, era mensurada a distância entre os braços esticados da pessoa. A medida em braças corresponde a quantas vezes o cabo passou pelos braços esticados até chegar no fim.

Já a milha náutica dependeu exclusivamente de um aparelho astronômico, o sextante. Baseado em algum ponto cardeal como uma estrela ou o sol , em comparação com a linha do horizonte, era possível saber quanto o barco se deslocou, sempre em relação à mesma medição do dia anterior.

O resultado era dado em grau, pois se relacionava com a curvatura da terra. Uma milha náutica, então, corresponde a um minuto da curvatura da terra, ou seja, aproximadamente 1.825 metros.

Fita Azul Nas regatas disputadas por vários barcos de diferentes classes e tamanhos, o resultado final depende de um fator chamado rating o tempo corrigido. É levado em consideração o tamanho e peso do barco, em comparação com o tempo do percurso.

Mesmo assim, o primeiro barco a cruzar a linha de chegada recebe a Fita Azul. “Ela é quase um prêmio para o barco, por ser o mais veloz, mas não significa que quem está pilotando é o melhor, já que os barcos são diferentes”, conclui Ubirajara.

Este texto foi escrito por: Webventure

Last modified: abril 18, 2005

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