Foto: Pixabay

Equipe AGG Webventure em preparação para a EMA

Corrida Eco Aventura

A partir de hoje vamos mostrar uma seqüência de reportagens mostrando como é a preparação de uma equipe para a EMA. Os textos são escritos pelo atleta Guilherme Cavallari e mostram como surgiu a equipe AGG formada por ele, pela mountain-biker Adriana Nascimento e por Giorgio Zoffoli. A equipe conta com o apoio oficial da Webventure que vai estar acompanhando de perto os treinamentos e o dia a dia da AGG durante a EMA 99

Corridas de Aventura, ovos de Páscoa e exageros

Quando eu tinha 6 ou 7 anos – isso já faz tempo -, comi sozinho um ovo de Páscoa de 2 quilos. Comi tudo sem piscar, bombons e tudo, lambendo até o celofane da embalagem. Passei muito mal, óbvio. Depois fiquei um bom tempo sem poder nem ver desenho do Pernalonga, ou qualquer outra coisa que me lembrasse Páscoa e chocolate. Sem arrependimentos. Mas a história serviu para mostrar um certa faceta do meu caráter: sou exagerado, principalmente quando se trata de coisas que gosto muito.

Com o tempo fui trocando o chocolate por esportes – mountain bike, canoagem, caminhadas longas, maratonas rústicas, escalada em rocha e outras modalidades de esporte de contato com a natureza. Mas continuei exagerado. Sou to tipo que compra um tênis de corrida e já pensa em fazer uma maratona; aprende a nadar e pensa loga na travessia do Canal da Mancha. Quando descobri recentemente que havia uma modalidade esportiva que unia diversos esportes ao ar livre, orientação por bússola e trabalho em equipe – as corridas de aventura -, disse para mim mesmo:

– Se dois quilos de chocolate não me mataram, um pouquinho de esporte vai ser refresco!

Assim, no ano passado, corri a Expedição Mata Atlântica. Foi uma experiência única e imediatamente fui contaminado pelo vírus. A adrenalina da prova começa no momento que se decide corrê-la e não pára nem depois da linha de chegada. Numa prova como a EMA – que a cada ano se aproxima mais do ECO-CHALLENGE e de outras grandes corridas de aventura internacionais – todo detalhe importa.

Para ser sincero, não sei dizer o que exatamente é mais instigante nela, se competir ou toda a preparação. Tudo é um grande desafio.

Primeiro passo: material humano

A logística de uma prova como a EMA começa muito antes da largada. A escolha dos companheiros de aventura deve ser criteriosa. Os atletas têm que ter a personalidade adequada, serem persistentes, calmos, decididos e principalmente amigos. Quem não começa a corrida entre amigos, com certeza termina entre inimigos. Quatro ou cinco noites praticamente sem dormir, comendo mal, se esforçando além dos limites e sob a pressão de uma competição destrói qualquer relacionamento mal construído.

Um aspecto interessante de provas como essa é que não basta treinar regularmente, estar em excelente forma física e ser habilidoso em diversos esportes, é essencial saber conviver com a dor e conhecer a fundo seus próprios limites. Há quem diga que é preciso ser um pouco masoquista, mas isso é intriga da oposição.

Depois de vencida a dificuldade de encontrar os companheiros ideais para a prova, é preciso encontrar os apoios perfeitos. Toda equipe na EMA tem que ter pelo menos um e no máximo dois apoios, que são responsáveis pelo transporte do equipamento, preparo das refeições nas Áreas de Transição – onde as equipes trocam de modalidade esportiva – e pela conexão com o resto do mundo. Um bom apoio é como meu amigo Bill, que no ano passado atendeu o celular e respondeu à minha mulher, que acompanhava a corrida pela Webventure e não conseguia notícias da minha equipe:

– Eles estão sumidos há vinte horas na represa de Paraibuna. Ninguém sabe deles ainda, mas está tudo bem, você não precisa se preocupar!

Felizmente a Adriana não conseguiu alugar um helicóptero a tempo, eu apareci antes.

Sabe quando duas crianças estão brincando e uma pergunta para a outra: “Se você fosse mandado para uma ilha deserta e pudesse levar apenas duas pessoas contigo, quem você levaria?” – é assim que devemos pensar na hora de montar uma equipe para uma corrida de aventura.

A Equipe AGG-BRASIL é basicamente composta de amigos:

Guilherme Cavallari, capitão da equipe e autor desta texto; Adriana Nascimento, atleta; Giorgio Zoffoli, atleta; Fernando Zara, apoio; Rodrigo Abrantes, apoio; Bill Presada, apoio e Reginaldo Costa, apoio.

Aguarde a seqüência desta matéria: O Equipamento

Este texto foi escrito por: Guilherme Cavallari

Last modified: setembro 6, 1999

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Redação Webventure
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