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Ecomotion gera polêmica e vira prova para convidados

Redação Webventure/ Corrida de aventura

Said Aiach Neto  diretor da prova  antes da largada; querem me derrubar... (foto: André Pascowitch)
Said Aiach Neto diretor da prova antes da largada; querem me derrubar… (foto: André Pascowitch)

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O que era para ser apenas a etapa final de um circuito de corridas de aventura tornou-se o estopim de uma importante discussão. Atletas afirmam que houve falta de segurança na terceira etapa do Reebok Ecomotion Circuit, encerrada no fim de semana passado, no Parque Nacional do Maciço de Itatiaia.

Além das tradicionais reclamações de erros de PC’s (Postos de Controle) plotados no mapa, dessa vez a má qualidade na ancoragem do rapel e a falta de segurança na subida das Prateleiras foram as principais indignações dos atletas.

“Foi em toda parte de técnica vertical, tanto na escalada como no rapel. É complicado chegar lá com uma corda nacional roída travada no meio de uma fenda, entalada com um nó. Isso é apenas um exemplo. Faltava um PC para orientar na saída para a trilha das Prateleiras e a via de subida deveria ter uma corda fixa de segurança”, listou Luis Makoto, experiente montanhista e capitão da Guiça.

“Mas acho que em qualquer prova de aventura, em qualquer trecho, mesmo em um downhill, em maior ou menor grau, o risco existe. Não é passeio no parque. Ninguém é ingênuo de achar que em um determinado trecho da prova você terá 100% de segurança garantida”, completou.

Para o organizador do circuito, Said Aiach Neto, em nenhum momento atletas sofreram risco de vida. “Ninguém fez o rapel não por falta de segurança na ancoragem mas por causa da escalada que era noturna e iria encavalar muita gente. As equipes inexperientes teriam mais dificuldades para passar, então eu resolvi cortar”.

Erich Feldberg, capitão da Rosa dos Ventos, não se resguardou somente nas técnicas verticais e criticou a prova inteira. “Do início ao fim, foi um desrespeito com o atleta. O briefing já começou atrasado, a entrega dos mapas foi bagunçada e quem pegou primeiro teve vantagem. Foi extremamente relaxada no que diz respeito à segurança e organização. Foi até engraçado, meu irmão no PC antes das Prateleiras chegou para uma fiscal e perguntou o que ela faria caso alguma equipe acionasse um sinalizador lá em cima. Ela não soube responder. As pessoas contratadas não tinham o mínimo preparo e instrução para estarem lá”.

Consultado pelo Webventure, Alexandre Freitas, percursor das corridas de aventura no Brasil e organizador da Expedição Mata Atlântica, a principal prova da América do Sul, diz não poder comentar sobre os problemas da prova mas dá a receita para uma maior preocupação com a segurança. “É muito difícil dar uma opinião. Eu não estava lá e são os atletas que estão comentando. Acidentes sempre vão acontecer, são inerentes às corridas de aventura. É preciso saber a diferença de risco de segurança e o risco inerente de uma prova, isso não cabe à organização. Risco de segurança é nas etapas de cordas e águas brancas (duck e rafting)”.

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Em entrevista exclusiva, Said voltou a questionar em que parte da prova haveria tido risco para os competidores. “Onde? Em nenhum ponto houve falta de segurança em minha prova. Isto é articulação de pessoas contra uma prova de sucesso. Querem me derrubar porque tenho um patrocínio”, desabafou.

Segundo ele, as equipes já sabiam das dificuldades e deveriam estar preparadas. “Essa prova foi feita para maiores de 18 anos, todos assinam um termo de responsabilidade dizendo que você está apto para todas as modalidades. Não tenho obrigação de checar equipamentos de ninguém a cada três minutos. Os equipamentos foram checados na verificação”.

Said já adiantou que o circuito não mais existirá, porém haverá provas de curta duração e uma maior, só para convidados. “O Reebok Ecomotion não vai mais existir. Estou fazendo uma prova grande, de quatro dias, e irá se chamar Ecomotion Pro. Já está finalizada. Serão 20 equipes internacionais e dez brasileiras convidadas. E outras de seis horas para duplas, que se chamará Short Adventure”.

Satisfação – Para outros atletas, o balanço final do Ecomotion é positivo. Em email cedido pela organização, Fabrizio Giovannini, integrante da Coolmax, segunda colocada, fala da impossibilidade de agradar a todos. “Só quem também é empresário consegue entender como é difícil organizar e viabilizar um empreendimento como o que você montou. Uma coisa é montar provas e circuitos bancando os custos. Outra é viabilizar um empreendimento auto-sustentado. Parabéns! Você fez até demais para tentar agradar todo mundo”.

No email assinado pela equipe Cipó, um dos integrantes deixa o recado: “Said, quero lhe dizer que estamos muitos satisfeitos com tudo que aconteceu. Achamos que esporte de aventura é isso. São as variáveis, as dificuldades e os imprevistos. Você pode ter pensado em tudo, mas sempre tem algo a mais. Acreditamos na organização da prova. Sabemos que, independente da força, do dinheiro e da importância da equipe adversária, somos todos iguais no trecho… É lá que se resolve…Obrigado e estaremos de novo agarrados. Valeu”.

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Este texto foi escrito por: André Pascowitch

Last modified: maio 4, 2001

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