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Dicas para comprar um barco

Redação Webventure/ Vela

Atenção com capacidade de tripulantes (foto: Daniel Costa/ www.webventure.com.br)
Atenção com capacidade de tripulantes (foto: Daniel Costa/ www.webventure.com.br)

O consultor da Revista Náutica e experiente velejador Márcio Dottori esteve na São Paulo Boat Show e passou algumas dicas de como comprar um barco e comentou sobre alguns detalhes que devem ser observados antes de se adquirir uma embarcação.

Segundo ele, em primeiro lugar é necessário definir quem vai usar o barco, se será para uso solitário ou em família. Caso seja para uso com os familiares, o ideal é envolvê-los na escolha e compra do barco. “Isso é importante, pois o veleiro pode acabar virando um concorrente na família”, explica Márcio.

No caso do veleiro, por exemplo, ele explica que é importante definir se será um costeiro ou um barco para travessia oceânica. “Os costeiros não precisam ser tão fortes e nem levar grandes quantidades de água e combustível, ao contrário dos oceânicos que também devem ser mais confortáveis para longas viagens”. Caso o barco escolhido seja para longas jornadas, é ideal que seja de metal, pois é muito mais resistente que os de plástico e madeira.

Depois de escolhido o tipo de embarcação, o próximo passo é definir onde comprar. Para os mais entusiastas existe a opção de mandar construir um barco com design único, com características pré-definidas pelo proprietário, ou adquirir uma embarcação pronta. Segundo Márcio, um barco construído em um estaleiro de renome terá menos desvalorização na revenda. “Um barco perde cerca de 20% do valor anualmente ao ser revendido e, para ter uma boa liquidez, é interessante comprar em algum estaleiro já reconhecido no mercado”, diz o especialista.

Detalhes – Uma dica importante e que muitas vezes não é levada em consideração é a profundidade da embarcação, que deve ser correspondente aos locais onde se deseja navegar. Para exemplificar, Márcio comenta sobre o litoral do nordeste brasileiro, que é muito raso. “Um barco que tenha uma profundidade de 1,70m vai entrar em muito mais lugares do que um de 2m, por exemplo”.

Outro detalhe que muitas vezes passa batido na escolha é a avaliação do cockpit, que precisa ser funcional e confortável, pois é onde o velejador passa a maior parte do tempo. Ele deve possuir uma capota na entrada na cabine, lugar para guardar pequenos utensílios e espaço para acomodar os equipamentos de navegação, como radar, GPS e bússola. “Ter plataforma de popa também é interessante, de preferência com chuveirinho de água quente e fria”, ressalta Dottori.

Um bom cokpit precisa ter ainda uma posição de comando na qual seja possível visualizar os dois bordos e a popa, para uma velejada segura. “Muitas vezes a capa da cabine atrapalha a visão, então o interessante é usar um material transparente”, comenta Márcio.

Um bom barco precisa ser acima de tudo seguro, mas nem sempre é possível ter certeza desse fato na hora da compra. Assim, Márcio diz que se possível o cliente deve se informar sobre a estabilidade e sobre a qualidade e instalação das peças.

“O barco precisa ser submetido à uma inclinação de até 140º e voltar à posição original sem tombar, para ser considerado estável”, comenta o experiente velejador. Já sobre as peças ele diz que é importante checar o mastro e os stais de proa, que fazem muita força e podem ser danificados se não forem de boa qualidade. As ferragens também são importantes na estrutura da embarcação e precisam ser resistentes para agüentar fortes ondas. “Ao atracar em locais com ondas, atenção com os cunhos (peça de madeira ou ferro fixa no convés, com duas orelhas para nela se dar volta os cabos) que precisam ser fortes”.

Ele também dá uma dica em relação ao material a ser usado na estrutura da embarcação propriamente dita, que deve ser de espuma de PVC rígido, para evitar infiltrações. “Cheque também o guarda mancebo (corrimão), que nunca pode quebrar para fora do barco e também deve ter balaustres largos”.

Coração do barco – Em relação às partes responsáveis por fazer o barco funcionar, além das velas, Márcio atenta para o fato de o velejador precisar ter conhecimentos mínimos de mecânica para fazer pequenos reparos de emergência. Quando a compra for efetuada é preciso adquirir uma embarcação em que o motor propicie um fácil acesso às correias, varetas de olho, filtro de combustível e bomba d’água. “Também é necessário que o compartimento do motor tenha uma boa ventilação; uma entrada para o ar circular e um exaustor”, afirma Dottori.

Já com relação à parte elétrica, as dicas do especialista são: “Os fios precisam ser de estanho, pois dão mais segurança e resistência; a fiação tem que estar bem fixada e as baterias bem presas e com ventilação”. Segundo ele, também é necessário ter um detector de monóxido de carbono, assim é possível dormir tranqüilo sem a preocupação de inalar fumaça tóxica do seu barco ou de algum vizinho de porto.

Em se tratando da parte hidráulica algumas recomendações importantes podem ajudar o comprador. “Adquira mangueiras específicas para o tipo de combustível a ser usado; a saída das bombas de água deve estar a pelo menos 30 cm do nível do mar e ser em formato de ‘ganso’. Válvulas não são recomendadas, pois entopem com o sal”.

Finalmente, Dottori fala da perfumaria de um barco, ou seja, a parte relacionada ao conforto. Apesar de parecer algo não tão importante, o nível de conforto pode muitas vezes evitar problemas de segurança.

Ele diz que os móveis devem ter uma atenção especial: “Eles não podem ter ‘cantos vivos’, devem ser arredondados; a geladeira deve ter uma boa trava e, de preferência ser horizontal. Se o fogão for a gás, use mangueiras residenciais e dispositivo corta chamas para evitar explosão”.

Os armários também devem ser uma preocupação, pois devem ser suficientes para guardar os equipamentos de segurança e a bagagem dos ocupantes. “O ideal são armários com porta cabides para as roupas e bem ventilados para os mantimentos”, comenta o especialista.

Quantidade de tripulantes – Ele também alerta para a capacidade de cada barco indicada pelo fabricante, que nem sempre fornece o conforto ideal. “Quanto mais largo, mais duro em relação ao mar, porém mais conforto terá um barco”, alerta Márcio.

Com uma vasta experiência nos mares, ele dá uma recomendação própria: “Em um veleiro de 30 pés ficam bem acomodados um casal com dois filhos pequenos; um de 40 pés cerca de quatro pessoas e um de 50 pés seis pessoas”.

Para finalizar ele passa uma dica que, segundo ele, já foi útil diversas vezes enquanto velejava. “Tenha sempre uma foice a bordo para cortar redes de pesca e uma máscara de mergulho, para uma eventual necessidade de desenroscar algum objeto da quilha”.

Este texto foi escrito por: Alexandre Koda

Last modified: outubro 17, 2006

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