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Diário de Porto – Dia 8: Dois brasileiros já estão fora da seletiva

Redação Webventure/ Vela

Direto de Portimão, em Portugal – O jantar de confraternização na noite de sexta-feira serviu apenas para disfarçar um pouco o nervosismo por mais algumas horas. Sábado de manhã, porém, chegou mais rápido do que nunca e com ele a hora do inevitável: o primeiro dos cortes.

O grupo de 20 iria perder 8 candidatos e continuar por mais uma semana até que os últimos 4 sejam cortados e se conheça, enfim, a tripulação do ABN AMRO 2. Reunidos ao lado do VOR 70 a reunião começou com o céu encoberto e um vento forte e frio. “Senhores” disse Roy Heiner o diretor principal da equipe de Vela do Team ABN Amro e responsável pela seleção, “aqui estamos diante do barco que será de alguns de vocês na próxima regata Volvo Ocean Race, vamos saber agora quais são aqueles que ainda continuam lutando por essa chance. Independente do resultado vocês são todos excelentes velejadores, terei sempre um enorme prazer em tê-los ao meu lado em uma
regata”.

Seqüência de decepções – Em seguida foi chamando os nomes de cada um dos 20 candidatos e anunciando o veredito. Hans e Maurice, membros da comissão julgadora ao ouvirem o nome dos candidatos diziam um frase curta sobre a avaliação feita e revelam se o candidato tinha passado ou não.

Para os brasileiros momentos de angústia no instante em que foram anunciadas as eliminações de Maurício Baptista e Bruno Santos. Decepção estampada nos rostos dos dois como também uma sensação de perda na expressão dos outros 3 (André Mirsky, Edgardo Vieytes e Lucas Brun) que continuam na luta.

Mais do que tudo os 5, no modo de vestir e na atitude, já haviam se tornado uma respeitada e reconhecida ilha de Brasil. Mas a regra do jogo é essa, conhecida de antemão e dura como a própria regata de volta ao mundo.

Ninguém pode, deve ou consegue disfarçar seus sentimentos em um momento
desses e nas reações e atitudes dos 8 dispensados, uma mistura de incredulidade, decepção mas também de determinação. É que nenhum dá mostras que vai se deixar derrotar por uma escolha em uma seleção por mais importante que ela tenha sido.

Todos continuam com a firme intenção de lutar por seus sonhos e pelos planos futuros de suas carreiras dentro da vela. Bruno Santos elogiado por suas qualidades de timoneiro e por seu enorme progresso na língua inglesa, já tem convites na Espanha para velejar e parte para lá neste domingo para conhecer os detalhes.

Maurício Baptista, que tinha ótimas chances como grinder (catraca de regulagem de mastro e velas), volta para o Brasil na próxima terça-feira. Os dois continuam integrando o Projeto ABN Amro para a Vela no Brasil e vão participar também de uma nova ação que
o marketing do banco holandês desenvolveu e que envolve a Volvo Ocean Race.

“É claro que estamos decepcionados” declararam em coro, “mas é a vida, a gente sabia o
que podia acontecer” sem deixar de reconhecer que agora já fazem parte de um novo e seleto grupo de velejadores. E que no Brasil, com esse empurrão extra de atenção que está recebendo e o reconhecimento de toda uma geração de velejadores, a vela pode sonhar sonhos bem mais altos.

Por outro lado, ainda com aquela sensação mista de ganho e perda os 3 escolhidos para continuar. Felizes, aliviados e com as esperanças mais em alta ainda depois dos elogios que receberam de Maurice Paardenkooper na apresentação. “Edgardo você é um ótimo velejador e por isso continua”.

“Lucas. Muito bom, muito rápido, você passou”, “André, você tem capacidade fantástica em ventos fracos, você continua”. Independente de concordar ou não com os motivos da escolha, os 3 estavam empenhados em saber a programação da próxima semana, no final da qual um deles será mandado de volta para casa também.

Maratona de vela – A partir de segunda-feira, então, os 12 remanescentes divididos em 3 grupos de 4 (os brasileiros estão um em cada grupo) vão partir para uma Maratona de vela inédita, sensacional. A bordo do Pindar (que vai navegar ininterruptamente de segunda ao meio-dia até sexta-feira ao meio dia) vão se revezar em diferentes posições e funções (até mesmo skipper e navegador), com a responsabilidade de fazer o barco andar sempre constantemente o mais rápido possível.

Dois dos grupos (8 candidatos) vão completar um percurso em triângulo (demarcado por
pontos de GPS) em aproximadamente 6 horas, após o que o Grupo 1 sai do barco, deixando o comando ao Grupo 2 que já estava com eles a bordo e sendo substituído pelo Grupo 3.

Dessa maneira todos terão a oportunidade de velejar com todos os outros e em diferentes horários do dia. “É uma maneira de simular um pouco as condições da Volvo Ocean Race” disse Roy Heiner e explicou: “são 12 horas a bordo, comandando e tomando decisões sob o olhar da Emma Thompson, do Sèbastien Josse e dos dois julgadores, dormindo e comendo a bordo e tendo apenas 6 horas em terra para descansar. E sempre me velocidade máxima, sem risco para barco e tripulação “

“Sopa no mel” – Foi o comentário de André Mirsky que forma o Grupo 3 com dois australianos (fortíssimos candidatos a serem escolhidos entre os representantes do resto
do mundo) e um holandês naquele que é considerado por todos o Grupo mais forte.

Edgardo Vieytes no Grupo 1 não vê a hora de começar “tenho muita experiência em navegar por períodos longos e à noite, vai ser muito bom”. Lucas Brun também vê o lado positivo de tudo, apesar de integrar o Grupo 2 ao lado de velejadores que durante a primeira semana se sobressaíram menos: “passar o dia todo velejando, isso é sonho, demais” declarou antes de procurar saber com mais detalhes quais os instrumentos à disposição dos navegadores.

Este texto foi escrito por: Carlos Lua, correspondente do Team ABN Amro

Last modified: março 19, 2005

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