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Diário de Porto 20: A pirâmide da vela

Redação Webventure/ Vela

Confira a galeria de fotos do TEAM ABN AMRO no Rio Boat Show 2005!

Carlos Lua é correspondente do TEAM ABN AMRO e conta a participação da equipe no Rio Boat Show, a maior feira náutica da América Latina, que acontece na Marina da Glória, no Rio de Janeiro.

Direto do Rio de Janeiro – Todos os esportes são estruturados de forma parecida. Uma grande base de entusiasmados e esperançosos participantes nas categorias de base, nos torneios de início e nas fórmulas-escola, que vai sendo testada e depurada. Quanto mais apertado fica o funil esportivo e econômico que leva ao topo, menos são os que sobrevivem à seleção natural. Afinal, lá no topo da pirâmide, nos campeonatos mundiais, nas copas do Mundo, cabem sempre poucos e especiais.

A vela não é diferente – Na base da pirâmide temos a classe Optimist que reúne milhares de participantes de 7 a 15 (idade limite máxima) anos de idade. Daí para frente os caminhos se dividem, as opções se multiplicam e os velejadores e velejadoras seguem invariavelmente a vertente das classes de monotipos olímpicos. Pela certeza de maior projeção internacional e até mesmo a possibilidade de concretizar o sonho do profissionalismo.

Com o crescimento e maior divulgação das regatas de oceano, porém, começa a aparecer essa outra alternativa que pode levar os pretendentes a provas longas como a Sydney-Hobart, Transpac, Jacques Vabre, Vendèe Globe e à maior de todas a Volvo Ocean Race.

Encruzilhada de quatro vias – Como fazer então para aproveitar esse momento especial que a vela brasileira atravessa? Multi-premiada nos Jogos Olímpicos, poli-reconhecida pela comunidade internacional nos monotipos, a vela do Brasil vai abrindo uma nova página ao concretizar um envolvimento inédito na Volvo Ocean Race.

De um lado um barco construído no Brasil, o Brasil1, com 5 brasileiros a bordo e do outro a iniciativa do Team ABN AMRO que inscreve 2 barcos na maior competição de volta ao Mundo e leva em um deles 2 brasileiros, André Mirsky e Lucas Brun. Dois velejadores de famílias tradicionais da vela, mas que nem por isso deixaram de viver a pirâmide de alguma forma.

O Rio Boat Show é um palco onde se vê, escuta e conversa sobre 4 abordagens diferentes que procuram através de formas distintas chamar atenção de um leque maior de consumidores, de interagir com pontos diferentes da pirâmide. A Volvo Ocean Race, que começa em novembro de 2005 e que em março de 2006 agita o Rio durante 21 dias, é uma das grandes responsáveis por esse fenômeno. Vamos analisar rapidamente, a seguir, quais são as quatro novas vertentes detectadas.

Como é bem característico da vela, as quatro soluções se confundem, interpolam e até se complementam já que mesmo acontecendo em locais e momentos bastante distintos da pirâmide têm como finalidade única a própria exaltação da vela. Têm, as quatro seleções analisadas, suas raízes plantadas no conceito dos monotipos e podem se alimentar de diferentes fontes de financiamento para que possam acontecer:

Trindade Veleiro de 4 metros, de baixíssimo custo, criado e lançado em Vitória no início deste ano para ser uma opção nova que dê seqüência à carreira dos velejadores que saem da classe Optimist. Para ter força precisa criar flotilhas por todo o País e mostrar que é uma alternativa interessante para a classe Dingue. Tem tecnologia para isso.

MV 25 Veleiro de 25 pés, produzido pela Maxivela, lançado também em 2005 durante a semana de vela de Rio das Ostras, é uma verdadeira sala de aula no mar. Tem como objetivo de seu criador Eduardo Penido, aumentar consideravelmente o número de alunos de vela e aproximá-los das regatas de oceano com um custo muito interessante. O Projeto Vela de Lars Grael é um dos que acreditam e já investiu no MV 25.

HPE 25 Veleiro de 25 pés produzido pela empresa HPE que pertence a Eduardo Souza Ramos partiu para a tecnologia de ponta. Coloca no mercado uma alternativa para provas regionais tradicionais e para provas de match race em um barco extremo, veloz e altamente técnico. Em resumo, capaz de oferecer um espetáculo de plasticidade da vela para colocar o esporte mais constantemente na berlinda.

8m Retro Veleiro construído em madeira pelo estaleiro Kalmar em Itajaí, Santa Catarina. Com 26 pés de comprimento, mexe com a tradição para criar o seu espaço e trazer a sua contribuição. Os tempos são novos, mas a vela é paixão antiga que ao ter a sua história lembrada e respeitada cria expectativas e ajuda na divulgação e no desenvolvimento da vela como um todo pelo exemplo que traz.

Em resumo mais quatro oportunidades para que velas, ventos e águas, essas quatro Espaçonaves de órbita zero sirvam para embarcar sonhos em diferentes estágios, mas que vão levar um dia a uma Volvo Ocean Race.

Resta agora ver embarcarem nessa onda de oportunidade outras empresas, que como o ABN AMRO saibam ver que para fazer mais do que o possível é necessária uma mistura bem acertada de compromisso, coragem, integridade e respeito.

Este texto foi escrito por: Carlos Lua, correspondente do Team ABN Amro

Last modified: maio 6, 2005

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