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Diário 8 do comandante Mike Sanderson

Redação Webventure/ Vela

Um dos velejadores profissionais da equipe ABN Amro na Volvo Ocean Race, o experiente Mike Sanderson, fala em seu diário de bordo da travessia transatlântica do barco 2 de Portugal até os EUA.

Direto de “algum lugar” do Oceano Atlântico – Vamos todos aqui na nossa batida, tranqüilos. As condições são de vento moderado para permitir os testes durante boa parte das horas de claridade. Infelizmente as noites têm sido muito frias e sem vento, isso significa que o nosso progresso em direção às asas de frango apimentadas diminuiu muito!!!

Entre a tripulação estamos aprendendo mais uns sobre os outros e continuando a planejar o que iremos fazer e em que direção devemos seguir. Essa parte tem sido perfeita.

Na verdade a travessia toda tem sido incrível! Tivemos sorte mesmo de ter na viagem de ida o que esperávamos encontrar na volta. Ventos de popa e de proa. Por esse aspecto apenas já podemos considerar um Sucesso com S maiúsculo.

A vida a bordo é boa o barco está finalmente começando a secar um pouco o que é muito bom. Com toda aquela velejada de ventos fortes uma coisa é certo, é difícil manter a água do lado de fora. Hoje também nenhum sinal de disputa de barras de chocolate o que é bom… Acho que o Surrupiador Fantasma de Chocolate pode ter exagerado, sei que vocês me entendem, um pouco nas comemorações do aniversário…

De qualquer maneira pelo menos agora com o vento mais fraco a Equipe de Terra vai poder chegar a Newport antes do que nós isso é um bônus… Construindo o barco que construíram nossa Equipe de Terra fez um ótimo trabalho. Isso permitiu que velejássemos “mais que o possível” o que se traduz em “o tanto que velejamos ter sido mais benéfico”

Assim que chegar, vamos direto para o restaurante ainda vestindo nossas roupas de frio e nossas botas! É isso ai, agora que a novidade das 3 refeições liofilizadas por dia já ficou para trás. Com certeza em Newport não vou comer nada que se pareça com espaguete à bolonhesa, Galinha Agridoce ou Carne Cozida… Como já comentei com vocês ainda bem que essa não é uma travessia de 30 dias.

Finalmente estamos tendo um período de navegação em mar mais calmo, porque até aqui foi uma viagem bem rápida mas em uma estrada bem “esburacada”, por algum motivo tivemos um mar bem revolto até aqui. Parece agora que tudo acalmou e voltamos ao normal.

Um dos grandes obstáculos que temos que evitar ao nos aproximarmos da costa por esse ângulo é a Corrente do Golfo, o maior rio do Mundo. Que, por acaso, tem como leito o Oceano Atlântico. Em alguns lugares a sua velocidade chega a ser de até 4 nós. A bordo podemos ter indicações muito precisas de onde está passando a Corrente do Golfo então ocupamos uma boa parte do tempo garantindo que só fiquemos à sua margem.

Existem alguns redemoinhos que “escapam” da Corrente do Golfo e que também são mapeados. Mesmo navegando na direção que estamos, podemos utilizá-los desde que o lado certo seja escolhido para receber uma ajudazinha da corrente. É um trabalho permanente garantir que o barco não caia em uma corrente realmente forte que diminua a velocidade.

Faltam apenas 650 milhas para chegar o que é sempre uma referência bem forte para a tripulação. No Hemisfério Norte podemos ser comparados à regata Fastnet, já nós do Hemisfério Sul temos como comparação a regata Sidney-Hobart… A distância, portanto, não é muito grande mas, tal qual nas duas regatas ainda temos uma série de obstáculos de tempo para driblar.

Entro em contato de novo amanhã. Até lá.

Saudações,
Mike.

Este texto foi escrito por: Mike Sanderson, do Team ABN Amro

Last modified: abril 6, 2005

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