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Diário 6 do comandante Mike Sanderson

Redação Webventure/ Vela

Travessia Transatlântica  dia 6 (foto: Team ABN Amro)
Travessia Transatlântica dia 6 (foto: Team ABN Amro)

Um dos velejadores profissionais da equipe ABN Amro na Volvo Ocean Race, o experiente Mike Sanderson, fala em seu diário de bordo da travessia transatlântica do barco 2 de Portugal até os EUA.

Direto de “algum lugar” do Oceano Atlântico – Outro dia de velejada fenomenal aqui fora. Com certeza a primeira metade da viagem voou! Na noite passada a comparação melhor que eu podia imaginar para o barco era a de um golfinho brincando nas ondas. O ABN Amro voava com o vento de popa e a média foi mais de 25 nós por um belo par de horas… inacreditável velejada!

Normalmente é o timoneiro que precisa ser elogiado pelo resto da tripulação de que está com bom controle do barco. Mas dessa vez aconteceu exatamente o contrário! Eu estava na rda do leme no momento de vento especialmente forte e com a genoa levantada. E a sensação era de controle total …uma perspectiva entusiasmante para o futuro!

No final, no entanto, o vento ficou forte demais quando atingimos os 40 nós! Agora o vento acalmou e já subimos a vela toda outra vez. Os deuses do vento têm brincado conosco nos últimos dias. E recebemos todo pó vento forte no meio da noite, o que torna tudo muito mais dramático.

Um pouco antes de abaixarmos a genoa, ontem à noite, o barco deu uma mergulhada tão forte em uma onda que chegou a dobrar completamente o púlpito de proa (é aquela armação de aço que fica na proa), apenas com a pressão da água! O que é impressionante – e também reconfortante de saber – que ninguém da tripulação estava na proa naquele instante…

Hoje nossa vida a bordo vai mudar substancialmente. Vamos entrar na região da “corrente de Labrador” A temperatura da água vai cair dos 17º graus Celsius até 0 graus! E tudo acontece de um turno para o outro.

Velejar por essa região é bem desolador porque com o frio vem a neblina e a umidade. É essa corrente de Labrador que traz também os icebergs para o Atlântico Norte. Quer dizer que a partir desta noite temos que ficar de olho neles também.

A viagem tem sido fantástica até agora. Quem poderia pensar que seria tão extrema em uma passagem comum como essa de Leste para Oeste no Atlântico! Espero que isso não signifique que vamos ter uma viagem de volta para Portugal mais extrema ainda em algumas semanas…hahaha.

Bem, é por aí, de todos nós a bordo. É trabalho como sempre para aprender o mais possível para a largada em novembro que vai chegar muito, muito depressa… Até breve.

Saudações,
Mike.

Este texto foi escrito por: Mike Sanderson, do Team ABN Amro

Last modified: abril 4, 2005

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