Foto: Pixabay

Contagem regressiva

Redação Webventure/ Vela

Direto de Portimão, em Portugal – A contagem regressiva não pára. No primeiro dia, na noite daquele da chegada, uma reunião descontraída, uma re-apresentação dos 20 concorrentes, de 7 diferentes países, para a comissão julgadora. Roy Heiner o Diretor de vela do Team ABN Amro resumiu o que espera dos tripulantes em uma frase simples “Sejam vocês mesmos, aproveitem e divirtam-se”.

Faltam 9 dias para a decisão onde 8 serão os escolhidos no que já está sendo referido como o Young Team já que não vai contar com ninguém acima dos 30 anos de idade. Mas não falta tensão nesse duro processo de seleção que começou hoje cedo na ensolarada região de Algarve, no sul de Portugal.

Um desafio maior do que simplesmente a vela de competição, já que exige uma convivência com a adrenalina extra de um outro tipo de meta. Aquela que vai dar uma chance de, ao mesmo tempo, realizar um sonho, viver uma aventura sem precedentes e agarrar com tudo a ocasião de fazer da vela mais do que uma paixão, também uma profissão. E tudo isso nos próximos 15 meses, cortesia do Team ABN Amro, fazendo mais do que o possível também no iatismo.

O palco – O lugar escolhido, Portimão, não poderia ser mais perfeito. Cenário e tempo perfeitos, combinados de forma a dar as melhores oportunidades para que os 20 candidatos possam se revelar sem as incertezas do tempo ruim e das condições extremas que vão estar enfrentando na Volvo Ocean Race. Pode parecer contraditório, mas na verdade é uma tática que ajuda a revelar melhor as qualidades e capacidades de cada um.

Além dos testes físicos obrigatórios, no segundo dia de seletiva eles tiveram uma dedicação total a conhecer melhor o barco que vai introduzi-los na arte de navegar brandes barcos de oceano. O Pindar, um dos barcos da classe Open 60 (usada em regatas solo ou de 2 na tripulação) tem alguns detalhes interessantes como a quilha basculante, que equipa também o barcos de 70 pés da Volvo Ocean Race os ABN Amro I e II.

O Open 60, mesmo sendo um barco que pesa a metade dos VO70 é muito mais pesado e rápido do que qualquer barco que os candidatos já tenham velejado antes. Para comandar esse barco de testes foi chamada a inglesa Emma Richards, uma profissional de vela, experiente em regatas solo de volta ao Mundo, chamada especialmente para avaliar o desempenho dos candidatos.

“Antes de mais nada quero que conheçam o Open 60 e que se sintam em casa. É um barco desconhecido para todos e isso faz parte do teste, ver como enfrentam os novos desafios” concluiu Emma de 31 anos de idade, uma velejadora profissional há 9 anos, uma atividade que deixa de ser exclusivamente masculina cada vez mais intensamente.

Para os 20 pretendentes, divididos em 3 grupos (2 grupos com 7 integrantes e 1 grupo com 6) é uma curva de aprendizagem constante, vindos de diferentes locais, falando línguas diferentes, de origens das mais diversas mas que têm em comum a vela correndo nas veias.

Mais unidos do que nunca, os 5 brasileiros (3 do Rio, André Mirsk, Lucas Brun e Maurício Baptista), um de Vitória (Bruno Santos) e um paulista (Edardo Vieytes) que atualmente mora em Roma, na Itália) na batalha, estão enfrentando os desafios sabendo como é importante aproveitar da melhor maneira a oportunidade que foi dada a eles pelo ABN Amro Real.

“Estou muito orgulhoso eventualmente ter a chance de representar o Brasil em uma regata, já velejei pela Itália e pela Espanha”, disse Edgardo. Já Bruno Santos resumiu “É um privilégio e estou muito, muito agradecido por tudo, aconteça o que acontecer”.

Já Maurício Baptista analisava: “estou louco para voltar ao barco amanhã e por poder ter mais algumas histórias boas para contar para os filhos de pescadores que são meus alunos”, ao lado de Lucas Brun, de todos o que melhor conhecia um Open 60 e mesmo não tendo velejado nele passou o último Carnaval ajudando a desmontar o que chegou rebocado ao Rio depois de ter sofrido uma avaria na quilha enquanto disputava a Vendee Globe.

“Estou mais preocupado em escutar e entender a Comissão Julgadora, tudo o que eles dizem, é bom. Pena que é pouco”. André Mirsk, o quinto selecionável, resumiu toda a experiência em uma frase só: “somente por estar aqui já sou um vencedor”.

Este texto foi escrito por: *Carlos Lua, correspondente do Team ABN Amro

Last modified: março 15, 2005

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