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Comida light para vencer a prova

Redação Webventure/ Vela

Almoço no ABN Amro 2 (foto: Divulgação/ VOR)
Almoço no ABN Amro 2 (foto: Divulgação/ VOR)

Muita gente sabe que as múmias sobrevivem à decomposição devido à ausência de umidade. Os antigos egípcios embrulhavam o corpo do faraó morto com sal e o desidratavam antes de ser embalsamado. O que é que isso tem a ver com uma regata de volta ao Mundo, você pode estar se perguntando.

A resposta é que não existe lugar para armazenar comida congelada a bordo dos barcos do Team ABN AMRO. Passar longos períodos no mar significa que a tripulação precisa se alimentar de uma fonte de alimentos que possa se conservar mesmo quando a temperatura e a umidade ambiente são altas. E, mais especificamente: esses alimentos devem pesar o menos possível. Tirar a umidade dos alimentos perecíveis foi um achado para os velejadores de longo curso.

Nos primórdios das navegações os marinheiros resolviam o problema comendo peixe e carne secos e salgados além de frutas. Mesmo assim, essas iguarias eram suscetíveis ao mofo e a falta de vegetais e frutas frescas normalmente resultava em casos de escorbuto e outras aflições. Com o passar do tempo os marinheiros passaram a levar frutas cítricas para compensar a falta de Vitamina C, uma solução porém limitada que não cobria todo o espectro de minerais e vitaminas necessários em uma dieta balanceada. Para complicar a situação a tripulação a bordo em barcos de competições de oceano dorme pouco e trabalha praticamente o tempo todo em condições exaustivas de tempo.

Como se não bastasse tem sempre a questão do peso. Em um barco de lazer é possível abarrotar os porões com figos secos, tâmaras, limão, carne seca, bacalhau salgado , milho, arroz e arenque mas isso em uma regata de volta ao Mundo no século XXI, não leva a lugar nenhum na velocidade necessária.

História – Durante o ultimo século enquanto o homem empurrava os limites das explorações uma solução mais sensata foi encontrada. È chamada liofilização e, não é surpresa nenhuma, foi aperfeiçoada no espaço. A NASA e a agência Espacial Soviética durante longo tempo lutaram com o tema do abastecimento de alimentos em longas viagens espaciais. Colocar em órbita um quilo a mais de alimento significava ter que aumentar alguns milhares de litros de combustível nos foguetes. Peso é sempre um assunto sério. Água podia ser reciclada, alimentos não.

Pior ainda, a comida em forma de uma espécie de pasta congelada que eram forçados a comer no início não tinha gosto nenhum. Adotar alimentos liofilizados era um passo natural e em pouco tempo os astronautas estavam apreciando uma enorme variedade de refeições. Usando embalagens especiais com injetores de umidade e colheres adesivas (para contornar o problema da ausência de gravidade) os astronautas podem comer quase como se estivessem na Terra.

A antiga civilização Inca no Peru foi a primeira a descobrir o básico sobre a liofilização dos alimentos. Além de enterrar os seus ancestrais em altas altitudes para garantir a preservação eles também armazenavam batatas e outras colheitas nas montanhas acima de Machu Picchu. As baixas temperaturas na montanha congelavam os alimentos. A água evaporava vagarosamente sob a baixa pressão atmosférica da altitude. O resultado: os alimentos duravam até a colheita seguinte. E uma vez hidratados novamente conservavam surpreendentemente os seus sabores e valores nutritivos.

Liofilização, portanto é a retirada de água dos alimentos congelados, em um processo chamado de sublimação. Isto é, a passagem direta do estado sólido ao gasoso sem passar pelo estado líquido. Essa sublimação ocorre sob vácuo ao mesmo tempo em que o alimento é congelado. Com resultados de preservação quase perfeitos os alimentos liofilizados duram mais tempo que alimentos preservados de outras maneiras, ocupam pouquíssimo espaço e são muito leves. Isso os torna perfeitos para viagens espaciais e regatas oceânicas.

Hoje em dia são inúmeros os fornecedores especializados em alimentos liofilizados para uma vasta gama de consumidores preocupados com o peso. De alpinistas a exploradores dos pólos, espeleologistas, tripulantes de naves espaciais e tripulantes dos ABN AMRO I e ABN AMRO II: todos podem escolher de um grande e variado cardápio de pacotes. Basta acrescentar água e pronto. Seja carne, arroz, macarrão, batata, peixe, vegetais, pratos regionais ou internacionais, desjejum, almoço ou jantar: pode fazer o seu pedido. Até mesmo tem um gosto agradável (a maioria dos tripulantes dos ABN AMRO admitem que o apetite e principalmente a fome ajudam muito).

Este texto foi escrito por: Webventure

Last modified: abril 17, 2005

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Redação Webventure
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