Detentora de diversos recordes mundiais e referência na ultramaratona mundial, a atleta Fernanda Maciel uniu corrida e escalada nos Alpes para trazer mais um recorde inédito ao Brasil, escalar duas montanhas icônicas em um único dia. No último dia 20, a mineira, movida a adrenalina, conquistou o cume de duas das principais montanhas da Europa: Grand Paradiso e Matterhorn, localizadas na Itália.
“A chance de eu não conseguir era mais de 80%, e eu não queria passar por uma situação de estar no meio da montanha e travar de medo. Por isso, eu queria cancelar e tentar, talvez, ano que vem, mais preparada emocionalmente. Mas, dois dias antes, ao conversar com o cinegrafista Jordan Manoukian, resolvi tentar. Ele me animou a tentar. A história seria real, a chance do fracasso enorme, mas pelo menos eu tentaria”, comenta a atleta, que não contou com muito tempo de preparação e quase desistiu de encarar o desafio.
+ Seu próximo desafio está aqui!
A ultramaratonista iniciou o seu desafio no Grand Paradiso, montanha com altitude de 4061 metros. Escalando sem corda e em estilo solo, a mineira realizou a rota tradicional, ou seja, o trajeto clássico e mais longo, e conquistou a marca de dois recordes femininos de tempo mais rápido: chegou ao cume em apenas 02h40m, e executou o percurso completo (subida e descida) em 04h03m.
Na sequência, Fernanda partiu para o seu segundo e mais temido desafio do dia: Matterhorn. A atleta, que teve os olhos congelados nesta montanha há três anos e perdeu seu colega em um acidente há um ano, precisou enfrentar seus temores para encarar as más lembranças do local. “Tive que lidar com meu bloqueio emocional, enfrentar o processo de medo e escalar em gelo e rocha durante um longo período de subida, em um terreno totalmente exposto. Ao lado direito, um abismo de mais de 2000m de altura vertical, e, ao lado esquerdo, a mesma coisa. Tinha medo que o medo me bloqueasse. Que frase louca, mas isso era a verdade.”
Apesar disso, a atleta desafiou a montanha de relevo rochoso e gelo exposto pela Lion Ridge, rota com trajeto mais técnico e complexo. Após sete horas de subida, alcançou o topo do cume a 4478 metros de altura, um dia antes de uma avalanche de pedras ter atingido cerca de vinte alpinistas, que precisaram ser resgatados de helicóptero.
“Foi o projeto que tive mais medo até hoje, não pelo desafio físico, que sei que é grande, mas pelo processo emocional antigo que eu vivia. Chorei muito no cume do Matterhorn lembrando de todo o meu passado. Estou muito feliz em ver que consegui dar o meu melhor tendo um tempo rápido no Gran Paradiso, sem corda, e uma subida bem-sucedida no Matterhorn na sequência. Não sou alpinista e ser capaz de ir rápido nessas rotas alpinas é uma loucura para mim”, finaliza.
Last modified: agosto 28, 2020