Foto: Pixabay

A história dos brasileiros que já conquistaram o Monte Everest

Redação Webventure/ Montanhismo

Waldemar Niclevicz (foto) e Mozart Catão foram os primeiros brasileiros no topo do Everest (foto: Arquivo pessoal / Waldemar Niclevicz)
Waldemar Niclevicz (foto) e Mozart Catão foram os primeiros brasileiros no topo do Everest (foto: Arquivo pessoal / Waldemar Niclevicz)

Passaram-se 42 anos desde a conquista do Everest até que o primeiro brasileiro colocasse os pés no cume da montanha mais alta do mundo, em 1995. De lá para cá, 13 pessoas levando a bandeira verde e amarela já conseguiram tal feito, número que só cresce a cada ano. Na atual temporada, Karina Oliani e Jefferson dos Reis fizeram suas primeiras ascensões, enquanto o montanhista Rodrigo Raineri subiu ao pico pela terceira vez.

Os primeiros brasileiros no topo da montanha foram o escalador paranaense Waldemar Niclevicz e Mozart Catão, o qual veio a falecer em uma avalanche no Aconcágua, em 1998. Fazendo uso de oxigênio suplementar, eles seguiram pela rota norte, chegando ao cume às 11 horas e 22 minutos do dia 14 de maio.

Rotas, acampamentos e detalhes da maior montanha do mundo

Após conquistar o Everest, Karina Oliani relata problemas de segurança na montanha

Apesar desse marco, a história tupiniquim na montanha começou alguns anos antes, em 1991, quando Thomaz Brandolin liderou a primeira expedição inteiramente nacional até a região. Na época, havia limites para a liberação de autorizações de escalada (permit) e os grandes clubes europeus e norte-americanos monopolizavam praticamente todas as vagas.

Para “burlar” essa fila, que possuía anos de espera, a equipe de Brandolin fez uma investida durante o final do outono, entre outubro e novembro, quando o clima é menos favorável, o que impediu o sucesso da expedição. “Chegamos a 7.200m de altitude pela rota norte, mas o vento estava muito forte e não conseguimos subir mais”, contou Thomaz. Niclevicz também esteve na montanha nesse período, mas participou de uma expedição francesa pelo sul, na qual chegou até os 8.504m, sem uso de oxigênio.

No grupo de Brandolin, que contou com oito integrantes, estava presente o casal formado por Helena e Paulo Coelho, os brasileiros que estiveram mais vezes tentando o cume da montanha cerca de oito entre 1991 e 2007 sem nunca ter alcançado o topo. Em 2011, foram apenas para dar suporte a outro escalador, sem o objetivo de ir ao cume. Eles sempre fizeram questão de escalar sem oxigênio suplementar, nem apoio de Sherpas.

“Para ser honesto, eu não sei exatamente quantas vezes eu fui, porque isso não me preocupa, sempre foi muito bom estar lá”, explica Paulo. “A montanha não é para competição, mas para ser prazerosa. Escalar chegando muito alto e voltar vivo é sucesso, o cume é um bônus. Para muitos alpinistas, assim como nós, a procura de recordes não tem sentido, porque parece ser apenas para marketing pessoal e obter mídia, o que para nós é uma bobagem”, completa.

Karina Oliani conquistou a montanha em 2013 e se tornou a brasileira mais nova a conseguir esse feito, com 31 anos. Foto: Reprodução.
Karina Oliani conquistou a montanha em 2013 e se tornou a brasileira mais nova a conseguir esse feito, com 31 anos. Foto: Reprodução.

Ascensões. Depois do pontapé inicial, passaram-se dez anos até que outra expedição do país retornasse ao topo do mundo, novamente com Niclevicz, dessa vez acompanhado por Irivan Burda. A dupla fez uma tentativa mal sucedida em 2002, quando uma avalanche arrastou Irivan nos 8.300 metros de altitude, mas em 2005 eles conseguiram alcançar o objetivo pelo Nepal, no dia 2 de junho, novamente com oxigênio suplementar.

No mesmo ano, Vitor Negrete e Raineri fizeram sua primeira empreitada, sendo que Vitor foi bem sucedido, com o uso de cilindros de oxigênio, enquanto Raineri desistiu porque seus pés começaram a congelar.

Em 2006, a dupla retornou, mas uma fatalidade marcou esse ano. Enquanto Raineri teve novamente congelamento dos pés, Negrete alcançou o cume sem oxigênio no dia 2 de junho, mas faleceu ao retornar para o acampamento 3, a 8.300 metros de altitude, provavelmente por causa de um edema pulmonar ou cerebral. No entanto, sua aluna de escalada em gelo, Ana Boscariolli, foi a primeira mulher brasileira no cume da montanha, alcançando o topo no dia 19 de maio, com oxigênio suplementar.

Os anos seguintes foram de bons resultados para os brasileiros, ainda que todos tenham usado oxigênio suplementar. Em 2008, superando a perda do amigo, Raineri conseguiu sua primeira ascensão, junto com Eduardo Keppke, no dia 27 de maio. Manoel Morgado, que já havia guiado mais de 40 trekkings até a base do Everest, fez sua escalada ao cume no dia 17 de maio de 2010, mesmo dia em que a manauara Cleo Weidlich, radicada nos Estados Unidos, também chegou ao topo. Todos utilizaram a rota sul, pelo Nepal.

A dupla formada por Carlos Santalena e Carlos Canellas chegou ao topo da montanha no dia 7 de maio de 2011, às 9h50 do horário local. Santalena se tornou o brasileiro mais jovem a chegar ao topo do Everest, com 24 anos de idade. No dia 20 do mesmo mês, Raineri fez sua segunda ascensão, quando planejava voar de parapente do cume até o campo base, mas o tempo ruim frustrou seus planos.

Rodrigo Raineri chegou ao topo do mundo pela terceira vez em 2013. Foto: Divulgação.
Rodrigo Raineri chegou ao topo do mundo pela terceira vez em 2013. Foto: Divulgação.

Depois de dois anos, Raineri retornou para tentar novamente a empreitada misturando montanhismo e voo livre. No dia 21 de maio deste ano, ele chegou pela terceira vez ao topo do Monte Everest, mas, segundo ele, as autoridades nepalesas negaram de última hora sua autorização para fazer a decolagem de parapente.

Quatro dias antes, a médica e apresentadora de TV Karina Olinai havia se tornado a brasileira mais nova a conquistar a montanha. No dia 23 o escalador Jefferson dos Reis adicionou mais um nome para o rol de brasileiros que estiveram no cume.

Neste ano, Carlos Canellas também tentou fazer a primeira ascensão brasileira bem sucedida sem o uso de oxigênio suplementar, acompanhado de Carlos Santalena, Joel Kriger e do próprio Raineri. Porém, ele não conseguiu passar dos 8.500m de altitude e desistiu, pois não estava disposto a ir até o topo se não fosse por meios próprios. Até hoje, nenhum brasileiro conseguiu chegar ao cume do Everest e retornar, sem o uso de cilindros de oxigênio.

Este texto foi escrito por: Pedro Sibahi

Last modified: maio 27, 2013

[fbcomments]
Redação Webventure
Redação Webventure