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A arte dos nós

Redação Webventure/ Vela

Clínica de nós do Núcleo Pró Vela (foto: Daniel Costa/ www.webventure.com.br)
Clínica de nós do Núcleo Pró Vela (foto: Daniel Costa/ www.webventure.com.br)

No mundo da navegação, saber fazer um nó corretamente é tão importante quanto conhecer de marés, ventos e barcos. A escolha de qual é o melhor nó para cada operação a bordo e, sobretudo, saber realiza-lo de forma correta podem garantir ou estragar o bom andamento de qualquer saída.

“Existe nó para tudo, mas todos seguem uma razão lógica, cada um tem uma função específica”, explica Ubirajara Proença, diretor Núcleo Pró Vela, velejador há 48 anos. A arte dos nós é tão antiga quanto a própria navegação, e vem se desenvolvendo conforme as escolas de marinheiros evoluem. “Alguns nós que foram desenvolvidos na Escola de Sagres [vanguarda da navegação no século XVI], em Portugal são usados até hoje. Tanto pelo pescador de jangada até na embarcação mais hi-tech do mundo”, diz Proença.

Assim como as bandeiras, os nós fazem parte da linguagem universal da navegação, mas existem divergências quanto à qual nó usar em determinadas situações.

É preciso ajuda de alguém mais experiente para ensinar como fazer os nós específicos para navegação. Algumas publicações já cadastraram cerca de dois mil nós diferentes no mundo todo. “Acho que mais importante que saber para que cada nó serve, é preciso saber em que casos eles não funcionam, pois ajuda a escolher mais facilmente”, explica o velejador, e dá um exemplo: “Se usar um ‘Lais de Guia’ [em forma de laço] para amarrar uma âncora, você a perde, junto com o barco. Porque apesar de ser um nó versátil, ele solta com o balanço do mar.”

Em uma primeira impressão, a técnica assusta pela complexidade e importância. Porém a arte dos nós não é um “bicho de sete cabeças” para quem começa a navegar. “É possível navegar sabendo apenas meia dúzia de nós, e o melhor jeito de aprender é na prática”, diz Proença.

Para ele, os mais importantes são o Lais de Guia de utilização genérica, um dos mais usados , algum nó travador como o Oito, universal e que pode ser desfeito facilmente quando necessário , o nó Direito e o de Escota muito semelhantes, servem para unir dois cabos ou um cabo à um olhal, e também são usados para levantar bandeiras , e os nós de atracação, para estacionar o barco.

O Lais de Guia é um dos mais antigos nós da navegação. Surgiu da adaptação de um nó que servia para segurar a vela hasteada.

O cabo da vela era amarrado a um pedaço de madeira. Para derrubar a vela era preciso apenas puxar a madeira.

Com a evolução da arte da navegação, a madeira foi substituída pela ponta do próprio cabo, e assim foi criado o Lais de Guia, um dos nós mais versáteis em um barco.

Mesmo sendo muito usado, ele tem a tendência de soltar se passar por movimentos repetitivos, como o das ondas.

Por isso não é recomendado para amarrar a âncora, por exemplo. Veja nas fotos os detalhes para fazê-lo.

É um nó de atracação. O “fiel” vem de fidelidade, dada a confiança nesse nó. Serve para amarrar o barco no local da atracação (cunho). É usado em qualquer tipo de embarcação. Como a maioria dos nós, funciona pela soma dos atritos nas voltas do cabo. É importante começar o nó com uma volta no cunho, para poder ter maior controle da embarcação.

Para certificar-se que ele foi realizado corretamente, as duas voltas têm que estar paralelas no cunho. Não é aconselhável dar várias voltas, pois uma delas pode se soltar e desfazer o nó. Quando feito corretamente, é seguro para prender e fácil de soltar quando precisa. Veja nas fotos os detalhes para fazê-lo.

É um nó simples que serve para emendar dois cabos de diâmetro igual. É importante ressaltar essa informação porque se os cabos forem diferentes o nó perde a confiabilidade fato que nunca pode acontecer a bordo. Veja nas fotos os detalhes para fazê-lo.

Variação do Nó direito, serve para unir dois cabos de diâmetros diferentes. Também possibilita maior confiabilidade, pois pode ser duplo. Veja nas fotos os detalhes para fazê-lo.

Nó oito

É um nó parador, para não deixar o cabo correr ao encontrar um obstáculo. É como se aumentasse o calibre do cabo. . Veja nas fotos os detalhes para fazê-lo.

Nó de Frade

Também parador, aumenta o calibre do cabo. Além disso é usado quando é preciso um trabalho manual de força com o cabo, pois ajuda no agarre. Veja nas fotos os detalhes para fazê-lo.

Este texto foi escrito por: Webventure

Last modified: abril 1, 2005

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