No último sábado, às 10h, foi dada a largada para o primeiro dia do Iron Biker, em que mais de 800 bikers largaram da cidade histórica de Ouro Preto para percorrer um circuito de 68km no interior mineiro. Este percurso foi considerado o mais difícil realizado até hoje no Iron.
Foi duro, técnico, divertido e um verdadeiro desafio terminar a prova. O Iron começava em direção de Belo Horizonte, pela rodovia dos Incofidentes. Foram 6 km de asfalto até entrar num trecho de estrada de terra vermelha e muito empoeirada, típico do clima mineiro! Passados 15km, o circuito atravessava um trilho de trem, acompanhando-o por 4 km até chegar na primeira trilha. Por ser um caminho estreito, já no início havia um grande congestionamento bikers.
Assim que o tráfego melhorou, as bikes ganharam velocidade na trilha até chegar no km 25, onde começava a subida mais dura do percurso. Sofrível e técnica, ela começava em vegetação de caatinga e terminava num terreno rochoso, no topo de uma incrível montanha. Tinha uma vista maravilhosa, muitos bikers aproveitaram a oportunidade para dar uma descansada (exceto quem estava disputando as primeiras colocações da prova).
Como tudo que sobe, desce, veio um downhill de estrada de terra, rápido e com trechos de muitas pedras soltas. Cheguei a atingir 80 km/h com minha bike. No km 44, o percurso atravessava a cidade de Lavras Novas, iniciando os 24 km restantes. Neste trecho havia muitas subidas curtas e técnicas de 400 a 600 metros de distância e também com downhills muitos técnicos e com terra bem seca. Havia trechos em que era possível escolher até três diferentes trilhas, que terminavam no mesmo lugar, puro espírito FREERIDE!
Tem que ser de ferro
Depois de 3 horas de prova, muitos bikers começaram a ficar sem comida e tiveram que parar para dar um cochilada e recuperar energia. O ponto preferido era no km 55, onde havia um dos últimos postos de reabastecimento de água.
Por volta das 15h, eu já havia pedalado por cinco horas entre os vários bikers do Brasil inteiro. O último reabastecimento foi no km 65, onde muitos bikers acabaram desistindo e outros aproveitaram para
mais uma cochilada rápida. No último quilômetro, o que parecia estar tão perto não estava, pois o percurso acabava numa íngreme subida técnica, rochosa, de 1km. Foi um final sofrível e acabei optando por
empurrar a bike em alguns trechos desta subida.
Na chegada, muitos bikers com câimbras e desidratados deitavam no garmado de Lavras Novas, para um descanso merecido após 68km de pura aventura sobre duas rodas. Não é a toa que esta prova chama Iron Biker, que significa Ciclista de Ferro!
Sentir o primeiro dia do Iron Biker na pele foi uma experiência e tanto. É importante levar ferramentas, câmera de ar, reserva, bomba e muita comida e água, para não passar por aperto na trilha.
Usei para percorrer o percurso entre Ouro Preto e Lavras Novas minha bike Full-Suspension Scott Octane fx2, capacete Giro switch-blade sem queixeira da face, luvas troy Lee designs e um camel back de 2 litros de água com ferramentas, câmera de ar reserva e gel energéticos squeeze.
Último dia
E mais 38 km no segundo dia do Iron Bike, quando fui apenas observador. Desta vez a largada foi na cidade de Honório Bicalho. Logo na largada havia um trecho curto de asfalto, que terminava numa estrada de terra muito veloz. No km 8, o percurso cortava um rio e foi preciso descer da bike para atravessá-lo, criando um enorme congestionamento na entrada da trilha que vinha a seguir.
Depois que a prova teve sua velocidade retomada, o percurso atravessava uma pequena cidade chamada Jardim Petrópolis, seguindo depois por estrada até o rio dos Macacos, que foi um delírio para todos os bikers. Era mais de 1 km atravessando um pequeno rio, com seu leito baixo, permitindo ao biker ganhar uma maior velocidade sobre a água, que acabou refrescando o pé de todos. O percurso também passava em frente do bar do Marcinho, que é muito conhecido pelo mundo das duas rodas. É um ponto de encontro de mountain bikers, motoqueiros e aventureiros em geral.
Nos 10km restantes havia muitas subidas em direção a BH , em que muitos bikers perderem um pouco do fôlego. A chegada foi na frente do bar Krug Bier. Recebida a medalha de participação veio o descanso merecido e umas cervejas entre amigos.
Este texto foi escrito por: Bobby Nogueira
Last modified: outubro 21, 1999