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Waldemar Niclevicz desiste do cume do Annapurna nesta temporada

Redação Webventure/ Montanhismo

Avalanche fotografada por Niclevicz (foto: Waldemar Niclevicz)
Avalanche fotografada por Niclevicz (foto: Waldemar Niclevicz)

O brasileiro Waldemar Niclevicz conta, a seguir, porque está voltando para o Brasil sem ter chegado ao cume do Annapurna.

“Estimados amigos,

Hoje já estávamos indo para o acampamento 3, com a esperança de finalizar com êxito a escalada do Annapurna, mas, como aconteceu na tentativa anterior, fomos surpreendidos pelas avalanches, e muitos voltaram para o acampamento-base.

Logo que chegamos aos 6 mil metros de altitude, por volta das 7 horas da manhã, foi possível comprovar o tamanho absurdo da avalanche que nos havia assustado na noite anterior, ao balançar com força as nossas barracas. Pedaços de gelo, toneladas de neve, exatamente sobre o nosso caminho. E, de repente, um novo estalo, uma nova avalanche. Ficamos paralisados observando aquela força descomunal da natureza, felizmente protegidos por uma grande greta, mas os nervos novamente voltaram a flor da pele.

Ao fundo observávamos o “corredor” por onde teríamos que passar, onde não teríamos nenhuma chance de escapar com vida se uma outra avalanche daquele tamanho desabasse. Praticamente todos os alpinistas que se encontram agora no Annapurna foram ali se agrupando, mas nenhum teve a coragem de continuar avançando, quem não desceu para o acampamento-base, acabou voltando para o acampamento 2.

Infelizmente, a temporada que no início parecia seca e estável, acabou se tornando uma primavera com abundantes nevadas e muito vento, o que aumenta, e muito, o risco de escalar o Annapurna, devido às constantes avalanches. Não existe uma rota segura, até mesmo a alemã (mais segura que a original francesa) possui um trecho onde nos tornamos totalmente vulneráveis as avalanches: o corredor.

É muito fácil compreender porque a maioria dos alpinistas que deseja escalar todos os 14 oito mil deixa o Annapurna por último, e agora compreendo melhor as estatísticas que o apontam como o oito mil mais perigoso, com um índice de fatalidade de 33,51% (quantidade de alpinistas mortos em proporção à quantidade de cumes registrados).

Até que ponto vale arriscar? Transformar uma escalada numa roleta russa? Cada um tem a sua resposta. Para mim essa não é a temporada adequada. Eu estou voltando para o meu amado Brasil.

Namastê!

Waldemar Niclevicz

A Expedição Annapurna tem o apoio da XP Investimentos!”

Este texto foi escrito por: Da Redação

Last modified: maio 2, 2012

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