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Slackline: um raio-x do novo esporte que ganhou o Brasil


O esporte treina equilíbrio consciência corporal e concentração (foto: Roniel Fonseca)

No final de 1970, andar na corda bamba deixou de ser apenas uma expressão popular ou parte de espetáculos de circo. Virou sinônimo também de esporte: o slackline, mais um filho do montanhismo.

Na época, escaladores que faziam expedições em busca de novas vias no Vale do Yosemite (EUA) esticavam suas fitas de escalada quando o tempo estava muito ruim e caminhavam sobre elas como passatempo. A partir de então, a prática se popularizou como treino de equilíbrio, concentração e consciência corporal.

No Brasil, os primeiros passos foram timidamente dados por volta de 1996, na região sul. Até que em 2008, o slackline caiu nas graças da imprensa como um novo hit de verão, já que grande parte dos praticantes fica no litoral.

“A praia é o melhor lugar para praticar, porque a areia diminui o impacto das quedas”, explica Allan Pinheiro, diretor de marketing da Gibbon Slacklines e atleta profissional. “Mas qualquer lugar que tenha duas árvores já é suficiente.”

A popularidade do esporte ficou clara no ano passado, quando o slack explodiu de vez, ganhando também os parques e ruas de todo o País. Hoje, mais de 5 mil brasileiros arriscam manobras em cima da fita, seja na praça central de uma cidadezinha do interior ou em plena Avenida Paulista, em São Paulo.

Competições. No Brasil, a mais reconhecida é a Copa Nacional de Slackline, que este ano acontece em agosto, no Rio de Janeiro. No exterior se destacam a Slackline WorldCup e o Outdoor Retailer, ambas na Alemanha. Já a mais interessante é a competição mundial online King e a Queen of Slackline, que acontece desde 2009.

Acompanhe na próxima página as técnicas e os estilos do esporte

O slackline é um esporte indicado para pessoas de cinco a 80 anos. Para quem quer começar, é recomendável montar a fita a no máximo 30 centímetros de altura, seguindo, sempre, o manual de instrução do equipamento.

“O slack treina equilíbrio, consciência corporal, velocidade de reação e coordenação motora”, enfatiza Allan. “Além, é claro, de concentração, foco, estímulo à superação de desafios e interação com a natureza”.

Confira as cinco modalidades mais conhecidas:

Trickline. É a mais tradicional. A fita deve ter no mínimo 12 metros de comprimento e ser montada a partir de uma altura de 60 centímetros do chão. É uma modalidade que exige bastante preparo físico e treinamento, já que o praticante deve realizar diferentes tipos de manobras, tanto estáticas como dinâmicas. Veja as fotos na próxima página.

Longline. É o slackline em fitas com mais de 30 metros de comprimento. Nela, condicionamento físico e concentração são fundamentais. Quanto maior a fita, mais bamba e elástica ela fica, exigindo muito mais força muscular e equilíbrio.

Highline. É praticado a uma altura superior a 5 metros. O praticante também deve ter conhecimentos sobre alpinismo e bastante experiência para saber controlar adrenalina, ansiedade e medo de altura. Equipamentos de segurança são importantes, mas alguns atletas adeptos do chamado freesolo os dispensam.

“Respeito e compreendo essa exposição ao risco extremo porque o praticante tem total conhecimento do que pode acontecer. A maioria deles tem um nível de treinamento físico e mental muito alto. É a consciência de cada um que torna o esporte seguro ou não”.

Waterline. Como o nome em inglês indica, esta modalidade é praticada sobre a água. Pode ser em rios, no mar e até em piscinas. Isso a torna uma das mais divertidas, principalmente no verão, já que o atleta pode tentar várias manobras de trickline sem se preocupar com as quedas. Todas serão sempre refrescantes.

Yogaline. Nesta, os movimentos da yôga são realizados em cima da fita de equilíbrio, o que potencializa o trabalho físico e mental que a atividade convencional proporciona.

Acompanhe na próxima página algumas fotos com manobras incríveis

Segundo Allan, as manobras mais desejadas e difíceis para quem quer evoluir na modalidade trickline são: blackflip, frontflip, buttbounce e chestbounce. “Já aqueles que estão começando devem tentar um dropknee, um buddha, um foot plant ou um one foot lever, que são mais fáceis”, recomenda. Veja as fotos abaixo.

Acompanhe na próxima página os principais equipamentos

Chestbounce, de Giovanna Petrucci – Foto: Divulgação Gibbon
Buttbounce, de Gabriel Aglio – Foto: Divulgação Gibbon
Buttbounce, de Arthur Hilario – Foto: Divulgação Gibbon
Backflip, de Carlos Neto – Foto: Divulgação Gibbon
One foot lever, de Caroline Rangel – Foto: Divulgação Gibbon
Buddha Bounce, de Daniel Olho – Foto: Divulgação Gibbon
Drop Nee, de Danielle Nascimento – Foto: Divulgação Gibbon
Backbounce, de Enrico Conti – Foto: Divulgação Gibbon
Knee Bounce, de Alan Queiroz – Foto: Divulgação Gibbon
One Foot Grab Air, de Carlos Neto – Foto: Divulgação Gibbon
Method Grab, de Douglas Macedo – Foto: Divulgação Gibbon

Foi o tempo em que as fitas de escalada eram usadas de improviso. Hoje, há modelos específicos para as modalidades, até com sistema de tensionamento.

Existem as com 25 milímetros de largura, indicadas para highline, e com 50 milímetros, que são mais tradicionais. O comprimento pode ser de 15, 25 ou 30 metros. Todas elas suportam até 2,5 toneladas e quanto mais elasticidade, maior o nível de dificuldade.

Nos Estados Unidos e na Europa, onde o esporte é mais difundido, há ainda equipamentos que auxiliam na montagem e desmontagem, como o Pit Pull. Ele é usado para tensionar a fita por meio de uma engrenagem mecânica.

No Brasil, as marcas mais reconhecidas são Gibbon, SKL, Conquista Montanhismo e Tribbo Slacklines. Os preços dos kits e unidades variam de R$ 70 a R$ 400.

Além de escolher o equipamento ideal, é preciso tomar algumas providências ambientais. “Evite montar o slack em árvores com menos de 30 centímetros de diâmetro, para não machucá-las”, alerta Allan. Proteger o caule com um pano ou outro material também é uma boa forma de prevenir prejuízos.

Acompanhe na próxima página o alguns vídeos com manobras dos “reis e rainhas” do slackline

Organizado pela Gibbon Slacklines, o campeonato virtual acontece desde 2009, sempre no segundo semestre do ano, a partir do mês de setembro.

Funciona assim: toda semana, os atletas patrocinados pela marca postam vídeos de manobras na internet, que a cada rodada vão ficando mais difíceis. Os participantes devem repetir o feito e enviar uma gravação para a Gibbon.

“O objetivo é conquistar novos adeptos para o esporte”, diz Allan. “Como muito conteúdo é produzido e disponível online, milhares de pessoas do mundo inteiro podem assistir e começar a praticar”.

Em 2011, mais de 400 pessoas participaram, entre homens e mulheres. Os candidatos são eliminados na medida em que não mandam os vídeos. O vencedor ou vencedora ganha o título de rei (king) ou rainha (queen) do Slackline.

Muitos talentos foram descobertos assim, como o último campeão, Jaan Roose, da Estônia, e o brasileiro Carlos Neto, que ficou em segundo lugar em 2011. Veja a performance dos craques:

Jaan Roose

Carlos Neto

Chamada do primeiro round de 2011:

Este texto foi escrito por: Ana Ferrareze