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Nova equipe de corrida de aventura vence o Chauás Translitoral


Tatiana Queiroz na canoagem (foto: Alexandre Carrijo/ Equipe Brasília Multisport)

Formada por Guilherme Pahl, Kenny Sousa, Tatiana Queiroz e Rafael Serejo, a recém formada equipe de corrida de aventura Brasília Multisport venceu sua prova de estreia, a Expedição Chauás Translitoral, que aconteceu de 4 a 6 de setembro, com 300 quilômetros de percurso, entre as cidades de Iguape e Juquiá, no litoral sul de São Paulo.

A prova começou no sábado, às 11h da manhã, com três quilômetros de corrida na areia em uma região de dunas em reserva ecológica na Ilha Comprida, vizinha à colonial cidade de Iguape. Os atletas saíram dosando energia pois teriam muitos quilômetros pela frente lutando contra vento forte, o calor diurno, o frio noturno e longos trechos de canoagem em canoas canadenses, mountain bike sobre asfalto e estradões de terra e corrida em lugares alagados e com muitas plantas espinhosas.

Após a corrida inicial, que levava à primeira das 10 áreas de transição, seguia-se com 8 km de canoagem, 24 km de corrida, 67 km de MTB, 25 km de trekking, 26 km canoagem, 34 km de corrida, 32 km de canoagem e 86 km de MTB para finalizar com mais de 300 km no percurso ideal. Seria um total estimado de 48 horas para os primeiros colocados.

Abrindo vantagem – E equipe Brasília Multisport começou a canoagem no pelotão intermediário e ao seu final já estava na quinta colocação geral e liderava os quartetos atrás de três atletas da categoria Solo e uma de uma Dupla. Ao final da corrida de 24 km a equipe, mesmo com alguns erros na navegação, mantinha a liderança e já abria vantagem de 48 minutos para a Lobo Guará e Competition, respectivamente 2ª e 3ª colocadas naquele momento.

Apesar da primeira perna de bike ter quase metade do trecho em asfalto plano, a velocidade média foi baixa, em torno de 15 km/h, por conta dos fortes ventos de sudoeste que dificultaram muito a vida dos atletas em conjunto com a estrada de areia até o povoado de Pedrinhas, ao sul da Ilha Comprida. Ao completarem o trecho já passava de meia noite e mais de 12 horas de prova.

O desafio agora seria encontrar o caminho certo na madrugada caminhando em uma região sem trilhas marcadas e com muita vegetação fechada e espinhosa.

Essa área de transição seria também o ponto de encontro das equipes após uma longa pernada de trekking e canoagem. As equipes de apoio foram chegando e preparando-se para atender aos atletas em intervalo não inferior à 10 horas. Porém, o trekking foi três horas mais demorado do que o previsto pela equipe Brasília Multisport, por conta das dificuldades com o terreno mas também por conta do fantasma do sono, que começava a dar as caras logo na primeira noite.

Doze horas depois de saírem de Pedrinhas, a equipe retornou visivelmente cansada daquela longa noite em terreno hostil. O tempo total foi de apenas duas horas a mais do que o previsto em função do forte vento a favor e a correnteza da maré enchendo o canal na hora da remada de 20 km até a área da transição. Os atletas foram recebidos com churrasco preparado por um atleta de Minas, que já havia concluído sua prova de menor distância e animava a todos que esperavam por suas equipes.

Mudança de planos – Dado o atraso geral no andamento da prova, os organizadores decidiram mudar o percurso original, encurtando um trekking de 34 km para apenas 13 km, cortando o terceiro trecho de canoagem que seria de 32 km e, em compensação, adicionando mais 30 km no último trecho de moutain bike, que passaria de 86 km para longos 126 km durante toda a noite.

Essa decisão da organização foi comunicada aos atletas em Pedrinhas em sua segunda transição naquele local. Isso mudava totalmente a estratégia planejada, antecipava em sete horas a próxima área de reabastecimento e pedia a tomada de decisões rápidas. A equipe saiu ligeiro da área de transição para continuar aproveitando a correnteza à favor, que duraria só mais uma hora, para concluir os últimos seis quilômetros de canoagem e correr 13 km ainda durante a luz do dia.

De fato, a equipe Brasília Multisport atingiu a meta e chegou à última área de transição nos últimos momentos de claridade, às 19h15 de domingo, com cerca de 32 horas de prova. Faltariam a parti dali mais de 120 km de moutain bike até a linha de chegada.

A expectativa era de que esse trecho seria feito em torno de 12 horas, o que significa que duraria toda a noite e sob muito frio. Por isso a transição foi mais longa do que o normal e incluiu muito arroz com feijão, filé de franco com capelete, coca cola e biscoitos de chocolate.

Os atletas dormiram por 20 minutos (ao todo, os atletas dormiram menos de uma hora em dois dias de prova) antes de seguirem para a longa jornada até Juquiá, linha de chegada dessa grande expedição.

Vitória – Ao final de 13h45 de pedal noturno, a equipe Brasília Multisport venceu sua prova de estreia com o tempo de 45h30 para percorrer os quase 300 km da Expedição Chauás.

A meta principal havia sido atingida: criar sinergia entre os atletas da recém formada equipe rumo ao Ecomotion/ Pro na Bahia, em novembro. A equipe funcionou muito bem junta. Além disso, estrear com vitória em uma prova tão dura quanto o Chauás é certamente um sinal de que a equipe tem potencial para crescer e chegar bem preparada para representar Brasília na etapa brasileira do Circuito Mundial de Corridas de Aventura, daqui há três meses na região da Costa do Descobrimento (BA).

Este texto foi escrito por: Alexandre Carrijo, especial para o Webventure