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Minha aventura: Um dia de Outdoor


João e Marcel retornando das cachoeiras ainda com energias (foto: Arquivo Pessoal/ Mauricio Marengoni)

Neste fim de semana, sexta e sábado, dias 09 e 10 de Abril, aconteceu em São Pedro, interior de São Paulo, a 1ª etapa do rali de aventura Mitsubishi Outdoor 2010, já em sua 7ª temporada. Eu, com um grupo de amigos, temos participado de algumas destas provas. Fizemos nosso debut no Mitsubishi Outdoor em Novembro de 2007, na cidade de Campinas. Em 2008 participamos de algumas provas em São José dos Campos, Curitiba, Belo Horizonte e Mogi das Cruzes, em 2009 nossa participação foi mínima, estivemos apenas na etapa de abertura em Ribeirão Preto.

Em todas estas provas tivemos uma equipe completa apenas três vezes, mas nunca a mesma equipe, em Curitiba fomos com uma equipe mínima apenas para passear e em Belo Horizonte e Ribeirão Preto tivemos nossas melhores colocações, 8º e 5º respectivamente na classificação geral, com 6 participantes em BH e 5 em Ribeirão Preto. Ainda não experimentamos um pódio.

Este ano conseguimos montar uma equipe com oito integrantes, o que me parece ser o tamanho ideal de equipe para este tipo de prova e resolvemos nos aventurar na região de São Pedro.

A Competição – O Mitsubishi Outdoor é um rally de estratégia e aventura e mistura um pouco de tudo: pilotagem, navegação, pontos de controle (PCs) com tarefas de aventura, obrigatórios, de passagem e com tarefas culturais (chamados de PCs de tarefa), tudo isso misturado com lama, água, terrenos “on” e “off-road”, enfim, muita diversão e adrenalina para quem gosta de um final de semana diferente.

A navegação é feita através de uma carta que mistura um mapa da região com fotos de satélite, cada tarefa possui uma pontuação previamente estabelecida e o objetivo é completar o maior número de tarefas e fazer o maior número de pontos. Existem ainda pontos especiais na carta (dots) onde, se a equipe passa por estes dots, ganha um bônus. O Rally está dividido, desde a temporada 2009, em duas categorias com os nomes de “extreme” (para equipes mais experientes e vencedoras) e “fun” (para equipes iniciantes).

Cada equipe é composta de dois veículos Mitsubishi 4×4, cada veículo com até cinco competidores. O legal de tudo isso ainda é que a inscrição no evento é de 60 quilos de alimentos e 12 objetos de higiene pessoal por equipe e toda esta arrecadação é distribuída para entidades assistenciais locais.

Este ano, pela primeira vez, participamos na categoria Extreme e, posso dizer que, após um ano de ausência neste tipo de rally, foi um tanto quanto extreme demais para nossa equipe. A prova estava, como de costume, muito bem organizada, porém, em minha opinião ocorreram alguns problemas, como o local onde foi feito o evento, Hotel Villa Vitta. Foi uma escolha não muito feliz, o hotel não possuía banheiros para atender aos competidores e, embora a organização tivesse disponibilizado banheiros químicos que podiam ser usados em uma emergência, para se lavar o rosto ou as mãos após a prova ou antes do almoço, era necessária muita paciência pois se esperava de 10 a 30 minutos, dependendo do tamanho da fila no banheiro. Outra coisa que notei foi muita gente nova na equipe da organização para finalizar as inscrições e atuar nos PCs e algumas tarefas levaram mais tempo que o costumeiro (pelo menos em minha opinião).

A prova possuía dois PCs do tipo obrigatório, porém era preciso passar apenas por um deles, cinco PCs de aventura sendo um deles exclusivo para a categoria extreme um outro com pontuação diferenciada para as categorias fun e extreme (obviamente com tarefas um pouco diferentes para cada categoria), um com tarefa diferente mas com a mesma pontuação e outros dois idênticos para as duas categorias, cinco PCs de tarefas, todos compartilhados entre as duas categorias e 11 PCs de passagem, sendo um deles exclusivo para a categoria extreme. Largaram 8 equipes na categoria extreme e 42 equipes na categoria fun.

Nos anos anteriores havia um local de largada onde cada equipe recebia dois jogos de mapas e duas listas de tarefas (um jogo e uma lista de tarefas para cada carro da equipe) e a equipe, então, iniciava um deslocamento até um local onde pegava um passaporte (um caderninho para registrar as tarefas executadas). Durante este deslocamento e enquanto aguardava o tempo de retirada do passaporte a equipe podia estudar os mapas e tarefas para então estabelecer uma estratégia para toda a prova (que tinha duração de 5 horas). Nesta prova, para a categoria fun, continuou tudo do mesmo jeito, mas uma das novidades na categoria extreme é que não houve o tempo de deslocamento, as equipes já receberam o passaporte na largada e tiveram uma hora a mais (ou seja 6 horas) para completar a prova, o estudo das cartas e tarefas e a definição das estratégias passou a fazer parte da prova.

Resultado das mudanças – Foi uma experiência interessante, mas acho que a organização deve avaliar melhor esta modificação antes de mantê-la. Se olharmos o resultado final da prova, podemos ver que, na categoria extreme, a quantidade média de pontos/hora de prova foi de 603,3 para o 1º colocado, 564 para o 2º colocado e 501,3 para o 3º colocado. Na categoria fun estes valores são de 551,8 para o 1º colocado, 507 para o 2º colocado e 462,4 para o 3º colocado.

Se levarmos em consideração que as equipes da categoria fun tiveram menos opções em termos de provas (e consequentemente uma estratégia mais restrita) e ainda que algumas tarefas possuíam pontuação maior na categoria extreme, só a equipe que chegou em primeiro lugar merece algum destaque em termos de pontuação média, mas a conclusão neste caso é que a hora adicional não beneficiou as equipes da categoria extreme em termos de pontuação média e que se a categoria extreme tivesse tido apenas 5 horas para completar a prova a classificação geral teria sido bem diferente, apenas o 1º colocado da geral manteria sua posição.

Uma outra coisa que particularmente não me agrada são provas onde o competidor tem que ter sorte, como a tarefa 12, onde era preciso estar em uma determinada região para ouvir uma transmissão de rádio em uma determinada frequência onde eram passadas as coordenadas geográficas do ponto onde estava o PC 12.

A equipe, de posse destas coordenadas, podia então se deslocar ao PC e realizar a tarefa. Se olharmos o resultado da prova da categoria extreme, 4 equipes passaram pela região (fizeram os PCs 7 ou 9), mas apenas duas fizeram o PC 12, a minha equipe foi uma das que passou na região e não completou o PC 12, particularmente tínhamos os dois rádios na mesma frequência mas, por alguma razão, apenas um deles “ouviu” a transmissão por duas vezes, porém, com recepção truncada, conseguimos entender apenas parte das coordenadas geográficas e não tivemos condições de completar a tarefa.

Na categoria fun, 11 equipes estiveram na região (fizeram o PC 9), destas 11 apenas 2 completaram o PC 12, as outras 2 equipes da categoria fun que completaram o PC 12 conseguiram a informação do posicionamento, mas, aparentemente não estiveram na região ou não completaram outros PCs da região, o que parece estranho. Enfim, de 50 equipes participantes apenas seis conseguiram completar esta tarefa, embora 15 tivessem passado pela região, pode ser até que tenham ouvido a transmissão e não quiseram completar o PC 12, mas é uma tarefa que requer sorte em primeiro lugar e depois sim, habilidade para completar a tarefa.

PCs pouco frequentados – Olhando o resultado final ainda, nota-se que o PC 19, exclusivo da categoria extreme foi completado por apenas uma equipe das oito participantes e que o PC 10, que ficava meio isolado, foi completado por apenas oito equipes das 50 participantes, sendo três da extreme e cinco da fun.

Será que estes tipos de PCs que são completados por poucas equipes devem ser mantidos? Ou será que eles devem ser considerados os diferenciais da prova? Note que das equipes que venceram nas duas categorias apenas uma da extreme fez o PC 19 e apenas uma da fun fez o PC 10. Algo para se pensar. Planejar, organizar e montar uma tarefa para quase ninguém executá-la, talvez fosse preciso reavaliar.

Nossa equipe, a Marenga’s Off-Road Team, era composta por duas Pajeros TR4. Na minha Pajero eu era o piloto a Karla a navegadora, e no banco traseiro iam o João Luiz, meu primo, e o Marcel, amigo do João que se tornaram os abridores e fechadores oficiais de porteiras e colchetes desta prova.

Na outra Pajero, a piloto era a Maria Amélia, o Bob foi o navegador, e atrás iam a Denise e o Zanine. Fizemos uma prova tira ferrugem, e como estávamos enferrujados, faltou um monte de coisas, concentração, comunicação, foco, mas não faltou diversão e todos colaboraram.

Começamos fazendo um deslocamento até o PC 7, que era distante e a maior parte era feito por rodovia, para, durante o deslocamento, estudarmos melhor o mapa, as tarefas e definirmos então a estratégia. Quando estávamos nos aproximando do PC 7 vimos que o PC 9 era próximo, tínhamos uma foto dele mas não sua posição, e então decidimos ir procurá-lo, aliás, cabe ressaltar que a região onde estávamos era próxima a um tipo de cânion, com uma vista deslumbrante e um morro com uma pequena torre de pedra que fazia parte da foto que tínhamos em mãos.

Perdemos o foco – Voltamos, entramos em algumas propriedades e finalmente perguntamos para uma pessoa local se conhecia aquele lugar, ele nos disse que o local era mais para frente, continuamos então na direção ao PC 7 e acabamos encontrando o PC 9, porém, perdemos o foco e nos perdemos na região, demoramos algum tempo para recompor e encontrar a entrada do PC 7, que era um trecho off-road exigindo uso de tração 4×4. Seguimos pelo trecho, que foi onde ouvimos a transmissão de rádio do PC 12, mas que não conseguimos entender a mensagem.

Saindo do PC 7, seguimos em direção ao PC 4, ficamos na dúvida em dois locais: um sobre a trilha que estávamos passando e outro se devíamos ou não aguardar um nova transmissão do rádio. Decidimos seguir em frente e eu errei o caminho logo em seguida. O Bob chamou a atenção sobre o erro e rapidamente corrigimos e fomos então até o PC 4 que devia ser feito com uma mountain bike (tarefa minha, que havia esquecido em casa a chave Allen para montar a bike – desmontada dentro do porta-malas – que foi montada com uma chave de fenda improvisada) , depois de montada a bike segui pelo caminho indicado, cerca de 3 a 4 km, peguei o carimbo da tarefa no meio e encontrei a equipe do outro lado. Dali seguimos para o PC 1, obrigatório, em Torrinhas, erramos logo na entrada da cidade, mas corrigimos em seguida, pegamos o carimbo no largo da matriz e seguimos então em direção ao PC 11. Um deslocamento longo.

Logo que saímos do asfalto encontramos uma equipe da categoria fun que resolveu parar no meio da estradinha de terra, sem deixar passagem, para conversar sobre a estratégia deles. Reclamamos, mas não adiantou muito, a equipe deslocava em média abaixo da estipulada para o local e com os faróis apagados (o que é contra o regulamento). Chegamos ao PC 11 onde a tarefa era provar um café produzido no local e que ganhou um prêmio de qualidade, e reconhecê-lo no meio de três amostras. Havia muitas equipes aguardando e apenas um monitor, deixamos lá parte da equipe e seguimos para o PC 21, de passagem e próximo ao PC 11. Retornamos ao PC 11 e nosso pessoal ainda estava aguardando e sem previsão para realizar a tarefa.

Resolvemos então deixar o Bob no PC 11, profundo conhecer e apreciador de café, e fomos com os demais para o PC 8. De novo erramos o caminho mas, em seguida, retornamos a estrada e chegamos no PC, a tarefa era simples e rápida, tínhamos que “tocar” uma sequência de notas musicais em garrafas semi preenchidas com água, começamos errando mas o monitor permitiu o reinício.

Como não havia outra equipe na nossa frente, executamos a tarefa e seguimos em direção ao PC 3 onde deveríamos descer um morro e pegar três carimbos no passaporte (um em cada cachoeira do local), a maior cachoeira podia ser avistada do alto e a paisagem na região era de tirar o fôlego. Nesta tarefa contamos com a energia e a juventude de nossos acompanhantes João Luiz e Marcel, que completaram a prova num tempo bem razoável.

De volta ao café – Voltamos ao PC 11 para pegarmos o Bob, de novo, erramos o caminho e perdemos alguns minutos para encontrar a entrada correta. Chegamos ao PC 11 e o Bob já havia completado a tarefa, pegamos nosso carimbo e seguimos em direção aos PCs 2 e 5, novamente encontramos uma equipe da categoria fun na estradinha andando numa média abaixo da estabelecida para o local e que também não abriam passagem, depois de algum tempo a estrada ficou um pouco mais larga e foi possível fazer a ultrapassagem, chegamos no asfalto e resolvemos seguir para Brotas, para o PC 6.

Depois de um longo deslocamento, acabamos perdendo as duas entradas do PC 6 e tivemos que retornar. Voltamos e conseguimos chegar ao PC. A tarefa era descer parte de uma corredeira de bóia-cross, mas o tempo estimado era de 40 minutos para realizarmos a tarefa e, como já estávamos muito próximos do limite de 6 horas da prova, abortamos a tarefa e retornamos aos carros. Seguimos até o parque em Brotas onde deveríamos entregar o passaporte. Chegamos faltando dois minutos e tínhamos que ir a pé para fazer a entrega. Entregamos o passaporte na hora exata. Retornamos então até São Pedro onde tivemos um belo almoço, fizemos um total de 2158 pontos, nossa melhor pontuação até hoje, mas ficamos apenas em 10º lugar na geral. Quem sabe na próxima?

Conclusão – Foi um ótimo final de semana, com a possibilidade de, no domingo, fazer ainda um passeio pela região, que oferece muitas possibilidades. Se você tem um Mitsubishi 4×4 e gosta de se aventurar por aí, está esperando o quê? A próxima etapa será em Uberlândia (MG) no dia 01 de Maio. A gente se encontra por lá.

Maurício Marengoni, professor universitário, para um contato, comentários, críticas ou sugestões, mande um e-mail para: mmarengoni@hotmail.com.

Este texto foi escrito por: Mauricio Marengoni, especial para o Webventure