Foto: Pixabay

Giro de casal a pé pela América do Sul

Percorrer as doze capitais da América do Sul a pé, em menor tempo possível para entrar no Guinness (livro de recordes), promovendo a preservação do meio ambiente e chamando a atenção dos governos para estimular a prática de esportes ao ar livre.

Estes são os objetivos da expedição Sudamerica Giro que o casal venezuelano Gerardo Escalona e Dorcas Gómez está realizando desde o início de setembro de 2000. Ao todo, serão 30.000 km de trekking ao longo de estradas que ligam as principais cidades do continente, em três anos de viagem.

“Há quatro anos eu vi em uma revista internacional sobre pessoas que vão caminhando de Nova Iorque a São Francisco (EUA). Eu já pensava em percorrer os Andes e escrevi para o Guinness book. Eles me disseram que isto não era um recorde e propuseram que eu visitasse as doze capitais da América do Sul. Ninguém nunca havia feito e me pareceu interessante”, explicou Gerardo.

Ele, instrutor de escalada, e Dorcas, atleta, se conheceram em uma academia. Depois de algum tempo, começaram a praticar o montanhismo juntos e não mais se separaram. “Saímos de Venezuela como namorados e nos casamos com dois meses de estrada, na fronteira com o Brasil”, completou Dorcas.

A aventura ainda está no início. Até agora, eles caminharam 8.000 km, saindo de Caracas, passando por Ciudad Guayana e Santa Elena de Uairén, na Venezuela, Boa Vista, no Brasil, Lethem e Georgetown, na Guiana, Paramaribo, no Suriname, Cayena, na Guiana Francesa, até retornarem ao Brasil. Dessa vez, entraram por Belém do Pará, desceram para Palmas (TO), Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, chegando a São Paulo na semana passada.

“Em todo o tempo nós andamos e dormimos nas estradas, postos de gasolina, postos da Polícia Federal. As pessoas lêem sobre nós nos jornais e nos convidam para dormir em suas casas”, contou o venezuelano. Natural de Caracas, Gerardo, 26 anos, elogia a receptividado do povo brasileiro. “Entre Georgetown e Paramaribo, como há muitos negros, há também muito racismo com os brancos. Sentimos um pouco, mas sentimos. Depois na Guiana Francesa, os franceses são muito fechados e burocráticos, mas quando entramos no Brasil foi um alívio total. As pessoas são muito amáveis, abertas e receptivas”.

Já a andina Dorcas, 25 anos, de Sán Cristóbal, descreveu as belezas do país que guardará para sempre na memória. “Quando chegamos ao Amapá e vimos o Rio Amazonas, o maior rio do mundo, foi incrível. Também em Carolina (MA) tem o Santuário da Pedra Caída que é muito bonito para esportes de aventura”.

Perigo – No caminho entre Georgetown e Boa Vista, o casal enfrentou uma região selvagem, sem quase contato humano. Segundo eles, foi o momento mais perigoso da viagem nos últimos sete meses. Foram 200 km em três noite, cruzando a zona de reclamação (área pertencente à Guiana e reclamada pela Venezuela).

“De Georgetown a Boa Vista é como se estivéssemos na selva. Foi muito difícil. Há malária, jaguares, cobras, tudo que possa imaginar. Tínhamos que levar explosivos para espantar os animais e dormimos na barraca com fogo, bem rodeado por pedras para não se espalhar, acesso a noite inteira”, detalhou Gerardo.

Gerardo e Dorcas ainda devem ficar no Brasil por mais um mês, quando deixarão Curitiba para seguir em direção à Assunción, no Paraguai. O caminho de volta a Venezuela, passa por Montividéo, capital do Uruguai, Buenos Aires, na Argentina, La Paz, na Bolívia, Lima, no Peru, Quito, no Equador, e Bogotá, na Colômbia. “Faremos também os picos mais altos desses países”, finalizou Gerardo.

A expedição pode ser acompanhada pelo site www.geocities.com/sudamericagiro e tem o patrocínio da Sony e do governo venezuelano, no Brasil, da Tribo dos Pés, Casa de Pedra e By – Roupas esportivas.

Este texto foi escrito por: André Pascowitch

Last modified: maio 29, 2001

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