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Diário de Porto 10: Cada cabeça uma sentença


Pit stop noturno (foto: Richard Unger)

Direto de Portimão, em Portugal – A primavera portuguesa começou com uma temperatura mais amena, um céu mais claro e … menos vento. Má notícia para os grupos que faziam os turnos da meia-noite até o meio-dia dessa terça que viram as distâncias que estavam acostumados a percorrer cair sensivelmente.

Das 64 milhas percorridas em 6 horas, passaram para apenas 28 milhas. Nada que afete a decisão da comissão julgadora, pelo contrário, mais um ponto a ser analisado por eles, exatamente aquele que trata das reações e relações a bordo. Quais serão os escolhidos é sempre motivo de especulação e até mesmo os velejadores já têm os seus preferidos.

Fatos concretos não faltam para ajudar na decisão mas a comissão julgadora é experiente, já participou de muitas regatas de volta ao mundo e quer dar tempo ao temo para poder decidir melhor. Afinal, o barco 2 do Team ABN Amro tem como meta andar entre os primeiros na Volvo Ocean Race e até mesmo vencer uma das etapas.

Potencial para isso existe, falta apenas afiná-lo suficientemente. “Temos tempo até novembro de transformar ótimos velejadores em ótimos velejadores de uma regata de volta ao mundo. O material para isso existe.” Essa foi a explicação de Hans Herrevoets, que passa 6 horas no mar a bordo do Pindar se revezando com Maurice Paardenkooper, que insiste em seu conselho de que tudo a bordo tem que ser feito automaticamente.

Os dois têm uma enorme experiência em regatas de longa duração com Hans tendo feito a sua primeira volta ao mundo quando tinha apenas 22 anos de idade.

Ao mesmo tempo em que são julgados, os brasileiros também usam as suas experiências para julgar os parceiros de vela. “Tem muito cara bom” disse Edgard Vieytes antes de embarcar às 6 da tarde: “é claro já tenho na cabeça aqueles com os quais eu gostaria de velejar. Espero que os julgadores pensem igual”, completou animado o brasileiro, antes de ser entrevistado pela Rádio Eldorado de São Paulo.

Lucas Brun, depois de uma maratona de 12 horas onde estreou até na posição de navegador, pensa parecido: “Tem uns dois ou três que com o passar do tempo fica mais difícil de trabalhar, então é natural que a gente já vá escolhendo”. Ele estava entusiasmado com a sua primeira atuação como navegador: “Até que me dei muito bem, chegamos um pouquinho antes da hora prevista já que o vento começou a aumentar no final da tarde, mas fui bem”, terminou, enquanto comia e se preparava para 5 horas de sono.

André Mirsky por sua vez embarcou com uma tática em mente para colocar em prática no seu turno como navegador, exatamente das 18 às 24 horas. “Analisei bem a meteorologia e vou fazer um pouco diferente daquilo que os outros navegadores têm feito até agora, ou aproveitar o pôr-do-sol e atacar de outra maneira, depois conto”, disse já a bordo do bote de borracha que o levava para o Pindar.

Este texto foi escrito por: Carlos Lua, correspondente do Team ABN Amro